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Um século de Central, o orgulho de Caruaru

Karoline Albuquerque
Karoline Albuquerque
Publicado em 15/06/2019 às 7:24
Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
Para os torcedores alvirrubros os bilhetes são no valor de R$ 50, custando R$ 25 meia entrada. - FOTO: Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem

Por Leonardo Vasconcelos, da editoria de esportes do Jornal do CommercioNeste sábado (15), data em que o Central completa 100 anos, o JC traz no terceiro dia da série "Paixão Centenária" a história e os jogos marcantes da Patativa.

“Nasceste em Caruaru / Sobre um belo céu de anil / Pensando em Pernambuco / Enaltecendo o Brasil”. A íntima ligação do Central com a Capital do Agreste está marcada no hino do clube, composto por José Florêncio Neto, o professor Machadinho, em 1968. Na letra também se encontra a referência ao céu do município do interior do Estado, onde a Patativa começou a levantar as asas no dia 15 de junho de 1919 e hoje completa um século de um voo de glórias e alegrias. A ave deu ao clube as cores alvinegras e ele deu a ela a honra de virar um símbolo.

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Apesar da referência ao ar, foi no chão que o clube nasceu e ganhou seu nome. Mais precisamente nos trilhos que cortavam a cidade fazendo a ligação do litoral com o Sertão pernambucano. “Os rachas eram disputados ali na estação ferroviária central então por isso é que o time recebeu o nome de Central. E nas muitas árvores do local tinham muitas patativas que acabaram virando o mascote”, explicou Zenóbio Ribeiro, que escreveu o livro “Meu Central, meu orgulho, minha paixão”. Foi por volta das 13h daquele domingo 15 de junho de 1919, após um almoço ocorrido na Sociedade Musical Comercial Caruaruense, que nascia o Central Sport Club. E hoje, no dia em que completa cem anos, enfrenta a Jacuipense, às 16h, pelo primeiro jogo da segunda fase da Série D, no Lacerdão.

O maior estádio particular do interior do Nordeste inicialmente nasceu como um terreno isolado apenas por uma cerca pertencente ao comendador José Víctor de Albuquerque e ficou conhecido como “Central Park”, após a fundação do clube. As primeiras arquibancadas começaram a ser construídas apenas no início da década de 1960, quando o espaço ganhou o nome de Estádio Pedro Víctor de Albuquerque, popularmente conhecido como PV, numa homenagem póstuma ao irmão do comendador que doou o terreno que viria a ser o Alçapão da Patativa.

Com uma ajuda considerável do então presidente Luíz José de Lacerda, a atual estrutura da praça esportiva ganhou forma no final da década de 1970. A inauguração foi no dia 19 de outubro de 1980, com a vitória do Central por 3x1 em cima da Seleção da Nigéria em um amistoso. O atacante Gil Mineiro foi o autor do primeiro gol do estádio após a ampliação. A mudança oficial de nome ocorreu no dia 26 de julho de 1999, depois de uma assembleia em que de forma unânime os conselheiros decidiram homenagear o presidente benemérito do clube.

Aos 94 anos, lúcido e consciente da sua contribuição, seu Luis Lacerda é a história viva do Central. “Eu frequento esse estádio desde que cheguei aqui em Caruaru, ainda moço. De cara, gostei do Central e comecei a ajudar o clube. Mais tarde, quando dirigente, ajudei para que a ampliação do estádio saísse do papel. Isso no final dos anos 1970. Tive a ajuda do então secretário do Governo do Estado, que era engenheiro. Quando as obras terminaram, resolveram colocar o meu nome no estádio”, disse o empresário, em entrevista ao repórter Filipe Faris, do JC, em abril do ano passado, antes da final do Estadual contra o Náutico.

O estádio já foi palco de várias glórias alvinegras como a vitória para o Flamengo em 1986. No mesmo ano, o clube reivindica o título da Série B. As taças são justamente a maior lacuna para os torcedores alvinegros. Entre os poucos títulos conquistados estão a Série A2 do Pernambucano em 1999, a Copa Governador Jarbas Vasconcelos em 2002 e a Copa Pernambuco em 2011. A sala de troféus pode não estar cheia, mas o coração dos torcedores continua cheio de orgulho pela Patativa do Agreste.

O POLÊMICO TÍTULO NÃO RECONHECIDO

Um título comemorado, mas ainda não atestado. “Campeão Brasileiro Série B - 1986”. Este é o enunciado de letras gigantes (do tamanho do orgulho da torcida) gravado na cobertura da arquibancada do Lacerdão. Embora 33 anos depois a Patativa continue reivindicando a conquista, ela nunca foi reconhecida oficialmente pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

A Segunda Divisão na época era chamada de Taça de Prata e naquele ano foi substituída pelo Torneio Paralelo. O certame foi disputado por 36 times, que foram divididos em quatro grupos e se enfrentaram em turno único. No final cada grupo teve um vencedor: Central, Treze, Criciúma e Internacional de Limeira. A CBF então garantiu aos quatro a promoção para a Primeira Divisão sem realizar uma fase final. A entidade já se posicionou sobre o assunto explicando que a fórmula adotada naquele ano não previa a definição de um campeão e que os clubes deveriam citar a conquista de 1986 apenas como “classificação à Série A”.

O homem que poderia levantar a reivindicada taça de campeão da Série B de 1986 ainda sonha com isto. O ex-zagueiro Gilvan dos Santos, conhecido como Timbó, era o capitão daquele time e não esconde a mágoa com o polêmico título. “O ruim é que ele nunca foi reconhecido. Ser campeão e não poder levantar uma taça te deixa assim meio chateado. Se fosse reconhecido ia querer sim dar uma volta olímpica simbólica aqui”, disse Timbó, imaginando a glória do ato.

O ÉPICO DIA EM QUE A PATATIVA BICOU O URUBU

Vinte e dois de outubro de 1986. A data, inesquecível para qualquer centralino, ficou conhecida como “o dia em que a Patativa bicou o Urubu”. A maior façanha do alvinegro marcou o calendário e a vida daqueles quase 25 mil torcedores que se espremeram no então Estádio Pedro Víctor de Albuquerque para ver a épica vitória por 2x1 do time de Caruaru contra o poderoso Flamengo.

Mesmo desfalcado de sua principal estrela, Zico, que ficou no Rio de Janeiro recuperando-se de uma lesão, o rubro-negro foi até Caruaru com sua nova geração de craques com nomes como Aldair, Jorginho, Zinho e Bebeto. Na ausência do Galinho, quem brilhou foi o meia Zico, do Central, mas a glória ficou com o atacante Ronaldo, que teve a honra de assinalar os dois gols da vitória alvinegra, um em cada tempo de jogo. Acuado, o Flamengo só descontou nos acréscimos, aos 48 minutos, com o atacante Vinícius.

Entre as várias histórias pitorescas deste dia histórico está a da loucura feita pelo aposentado Ernando Laureano de Carvalho, 73 anos, para assistir à partida. “Como não havia mais ingressos, o estádio estava lotado e eu não queria perder a partida, acabei escalando uma das arquibancadas do estádio. O esforço foi válido, pois jamais esquecerei daquela vitória e a festa feita pela torcida nas arquibancadas”, recordou o senhor, que naquele dia virou alpinista para presenciar o dia em que a Patativa bicou o urubu.

PATATIVA PLANEJA VOAR MAIS ALTO NO FUTURO

O Central chega ao seu centenário não só homenageando o passado, mas também de olho no futuro. Ao menos este é o objetivo da atual presidência do clube. Comandando o clube no biênio 2018/2019, o empresário Clóvis Lucena revela os planos para voos maiores da Patativa.

“Nosso primeiro objetivo é tirar o Central da Série D do Brasileiro. Um clube do tamanho e importância dele não pode ficar nesta divisão. Precisamos conseguir o acesso para ter um calendário de jogos o ano inteiro e assim conseguir mais receita para fazer as mudanças que planejamos para o clube”, afirmou Clovis.

De acordo com o presidente, algumas das propostas de mudanças já serão apresentadas, hoje, no dia do aniversário alvinegro. “Estamos há oito meses elaborando com arquitetos melhorias na área da parte externa e interna do estádio. Queremos um Central diferente, de cara nova. Também estamos estudando o início da construção do nosso centro de treinamento, o terreno já temos”, disse.

Para marcar o centenário do clube, a diretoria alvinegra preparou uma série de atividades. A partir das 7h30, no Lacerdão, vai ter hasteamento da bandeira, hino nacional e 100 tiros de bacamarteiros. Às 8h está programada para o Teatro Difusora (localizado em frente ao estádio) um café da manhã com homenagens a ex-jogadores, ex-presidentes, autoridades, patrocinadores e colaboradores. Depois vai haver declamação de cordel em homenagem à Patativa e corte de bolo comemorativo.

CENTRAL RECEBE JACUIPENSE PARA COMPLETAR A FESTA

Passado à parte, a torcida alvinegra está interessada no presente e ganhou um. A partida de ida da Patativa contra a Jacuipense, a primeira da 2ª fase da Série D do Brasileiro, estava inicialmente marcada para amanhã, mas a pedido da diretoria alvinegra por conta do aniversário do clube, a CBF mudou a data para hoje, às 16h, no Lacerdão. A partida da volta será na próxima quinta-feira, na Bahia.

“Primeiros temos que parabenizar este grande clube que temos a honra de fazer parte hoje. É uma grande responsabilidade e queremos dar esse presente para a torcida. Vamos tentar fazer uma boa apresentação diante de um adversário difícil e batalhar para passar de fase”, afirmou o treinador Celso Teixeira. A Jacuipense se classificou como primeiro lugar no Grupo A7, com cinco vitórias e apenas uma derrota.

O único desfalque da Patativa deve ser o meia Fábio Neves, que ainda se recupera de um estiramento no joelho direito. Assim o time que deve entrar em campo será: França; Leanderson Polegar, Rafael Araújo, Bruno Oliveira e Alex Barros; Duda, Fernando Pires, Paulinho Mossoró e Diego Palhinha; Joelson e Leandro Costa. A esperança de gols é o atacante Joelson que é o artilheiro do time na Série D, com quatro tentos. “A gente sabe que é o ano do centenário do clube, o torcedor, claro, tem uma exigência maior”, finalizou Celso. Também hoje, às 20h, o Salgueiro recebe o Flu de Feira no Cornélio de Barros.

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