Nem toda licença maternidade dura apenas quatro meses. Para a lateral-esquerda Tamires foram quatro anos longe dos gramados. Hoje, ela se prepara para disputar mais uma Copa do Mundo com a seleção brasileira. A história dela, porém, passa por uma gravidez não planejada, que a afastou do futebol e A fez pensar que seu grande sonho tinha descarrilado.
A mineira engravidou aos 21 anos de idade, quatro anos depois de começar a namorar com o jogador de futebol César, atualmente seu marido. A gestação foi um susto. Três dias seguidos de lágrimas e comentários dolorosos. “Ouvi de pessoas ‘o futebol para você acabou, agora você só vai ser mãe’. Ali, para mim, meu sonho tinha acabado realmente. Eu não tinha maturidade de saber lidar com toda situação”, lembra a lateral de 31 anos.
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Quando Bernardo nasceu, Tamires passou a acompanhar César. Até que ele recebeu uma proposta em São Paulo. O ano era 2013 e, com o espaço melhor para o futebol feminino paulista, ela aproveitou a oportunidade. Entrou em contato com uma amiga e conseguiu uma chance no Centro Olímpico. Dois meses depois, uma excelente notícia. “Tive a oportunidade de ser convocada para a seleção brasileira para jogar o Torneio da Suíça. E não parei mais”, conta Tamires.
Apesar de ver seu sonho voltar aos trilhos, a lateral levou consigo preocupações. Ela nunca havia passado tanto tempo longe de Bernardo. Mas saber que ele estava bem acalmou a titular da seleção.
O garoto às vezes fica triste com as viagens da mãe, que desde 2015 defende o dinamarquês Fortuna Hjorring. “Ele sempre pergunta ‘quantos dias você fica? Você tem que ir mesmo?’”, relata.
Apesar do coração apertado, Tamires tem uma certeza. “Futuramente ele vai olhar isso com orgulho. Essa ausência que hoje me faz deixar um pouquinho de vazio nos dias dele, não é pensando somente em mim, na seleção, mas também no futuro para o Bernardo”, completa.
O Brasil estreia na Copa do Mundo França 2019, domingo, às 10h30, diante da Jamaica, no Stade des Alpes, em Grenoble, pelo Grupo C, a seleção nacional também vai enfrentar Austrália e Itália.
MÃES
Além de Tamires, uma outra mãe nesta Copa do Mundo é a zagueira sul-coreana Hwang Bo-ram, 31. Ela deu à luz a uma menina há 14 meses e voltou a jogar no campeonato de seu país em dezembro de 2018. Em abril, foi convocada pela seleção e integrou a lista para o Mundial em maio.
A zagueira sentiu dificuldades no retorno aos treinos após o parto. Começou com pilates e gradualmente aumentou a carga de exercícios, até retornar aos gramados de vez. “Eu preciso dar o bom exemplo, não quero ouvir as pessoas dizerem ‘ela teve um bebê’, ou ‘ela é velha demais para jogar agora’”, disse.
Em uma situação diferente, a jogadora argentina Lorena Benítez foi mãe a um mês da Copa. Sua noiva, Verónica, deu à luz os gêmeos Renata e Ezequiel. A previsão inicial era que as crianças nascessem durante o Mundial, tudo porque as duas fizeram as contas erradas. Mas os bebês se adiantaram e a mãe jogadora pode conhecer os filhos antes de embarcar para a França.
