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Náutico paga cerca de R$ 300 mil em dívida que poderia rebaixar o clube à Série D

Fernando Castro
Fernando Castro
Publicado em 24/03/2019 às 10:30
Foto: Léo Motta/JC Imagem
Foto: Léo Motta/JC Imagem

A desastrosa temporada de 2013 ainda traz duras consequências ao Náutico. O time alvirrubro desembolsou cerca de R$ 300 mil para quitar parte de uma dívida com o atacante uruguaio Juan Manoel Olivera, que jogou no clube naquele ano. O atual vice-presidente de futebol, Diógenes Braga, viajou até São Paulo para negociar com o empresário do jogador, que havia entrado com uma ação na Fifa. A dívida poderia causar o rebaixamento do Náutico para a Série D do Campeonato Brasileiro.

A direção do Náutico entrou com um acordo com o empresário do atleta e desembolsou duas parcelas: de U$ 50 mil e U$ 25 mil. O montante total da dívida gira em torno de R$ 1.150.000 (um milhão cento e cinquenta mil), além de honorários e reajustes. O restante do pagamento será feito em cima de percentuais de futuros negócios que o clube realize. A Fifa aceitou o acordo entre o clube e o jogador, retirando a acusação e evitando punições ao Náutico.

DÍVIDA E NEGOCIAÇÕES

A dívida do Náutico com o atacante uruguaio Olivera é referente a temporada de 2013, durante a gestão do então presidente Paulo Wanderley, quando o clube foi rebaixado para a Série B devendo quatro meses de salários. No início do ano seguinte, a gestão do presidente Glauber Vasconcelos fez um acordo de 18 parcelas com o empresário do atleta, que não foi cumprido.

Sem o pagamento, o jogador resolveu entrar com uma ação judicial na Fifa para exigir os seus direitos, além da rescisão trabalhista e uma reparação por danos morais. No final de 2015, o empresário de Olivera acusou o Náutico de falsificar a assinatura do jogador, em documento apresentado a entidade máxima do futebol.

PUSKÁS

A maior lembrança do torcedor alvirrubro do atacante Olivera é o golaço marcado em cima do rival Sport, na Sul-Americana de 2013. O gol foi indicado e chegou a disputar o Prêmio Puskás, dado ao mais bonito da temporada. Naquela oportunidade, o Náutico foi eliminado nos pênaltis com o uruguaio desperdiçando uma das penalidades.

DEPOIMENTO NA ÍNTEGRA

Após a vitória contra o Altos, neste sábado (23), pela Copa do Nordeste, nos Aflitos, além da tradicional entrevista com o técnico Márcio Goiano sobre o jogo, o vice-presidente de futebol do Náutico, Diógenes Braga, também concedeu entrevista coletiva aos jornalistas. O dirigente alvirrubro esclareceu toda a negociação que teve nas últimas duas semanas com o empresário de Olivera. Confira o depoimento de Diógenes na íntegra:

A gente buscou e conseguimos o contato do empresário do atleta. Eu fui pessoalmente a São Paulo, tivemos um dia inteiro de reunião, fora todas as conversas que vinham sendo tratadas com o jurídico do clube com os advogados do atleta. Fiz ver para o empresário juntamente com o atleta, que rebaixar o Náutico para a Série D, poderia trazer uma vingança pessoal ao atleta, mas não traria nada de concreto para ele na carreira. Hoje o Náutico é um clube que, pelo que tem proposto, no sentido de resgate à imagem do clube de buscar fazer as coisas certas, apesar de todas as dificuldades, tem feito com que muita gente tenha abraçado o clube. O Náutico tem sido abraçado por empresários, pelos clubes, por atletas, por todos, há um movimento no futebol brasileiro de apoio ao Náutico, a gente sente isso e fiz ver para o empresário que se acontecesse algo dessa natureza seria muito ruim para ele profissionalmente e ele compreendeu e falou que não queria que isso acontecesse, que queria que o problema fosse resolvido.

Claro que foi uma negociação difícil, um valor muito alto, em torno de R$ 1.150.000, mais honorários, reajustes, um valor realmente alto. Nessa negociação foi colocado para ele o que o clube passava, eu pessoalmente passei para ele que o Náutico precisa resolver problema e que iria cumprir, desde que acerte dentro da nossa possibilidade e ele foi compreensível. Tive uma conversa por telefone com o atleta, expliquei bastante sobre o clube, sobre a gestão. O atleta chegou a me dizer que lamentava precisar ser duro com pessoas erradas do clube, mas que depois de tanto tempo ele não poderia ser complacente e eu pedi para que ele confiasse e desse mais uma chance ao clube, conseguimos evoluir, acertar um acordo. Esse acordo foi feito, fizemos um pagamento, não foi um pagamento baixo.

Normalmente a gente não fala de números, mas eu vou falar até para a torcida entender a dificuldade que a gente passa, porque as vezes se pede contratação. Fizemos um pagamento ao atleta de 50 mil dólares e tem mais um pagamento de 25 mil dólares em um prazo curto para cumprir, o restante do acordo vai ser feito em cima de negócios futuros que o clube realize e tenha percentuais. Eu passei para o empresário o seguinte: nós não temos dinheiro, o que nós temos são ativos, então vamos negociar algo que nós conseguimos cumprir inicialmente de ativos que dê a segurança do recebimento. O empresário atuou como um mediador entre o Náutico e o atleta e conseguimos chegar a bons termos. Ontem (sexta-feira) a Fifa remeteu um parecer encerrando o caso, aceitando o acordo e retirando a punição que tinha no julgamento.

Então a gente vai seguir, as coisas estão acontecendo, que a torcida entenda nossa dificuldade, que venha a campo, se associe. A dificuldade de colocar dinheiro dentro do clube é muito grande, mas a facilidade com que se chegam situações que coloque para fora dinheiro do clube é maior ainda, então a gente precisa realmente ter um aporte financeiro para que a gente possa seguir. Eu tenho convicção que esse grupo, pela qualidade e valentia, se a gente conseguir cumprir com eles até o final do ano, esse grupo vai nos colocar na Série B. E para cumprir é preciso que a receita entre, porque chegar numa situação dessas e pegar R$ 300 mil é difícil.

Particularmente eu perdi meu carnaval, porque o julgamento na Fifa aconteceu na segunda-feira de carnaval, eu consegui contato com o empresário na sexta-feira pré-carnaval, e evidentemente que toda a tensão me tirou o descanso. Eu posso dizer que essas duas últimas semanas foram as mais difíceis da gestão, se eu e o presidente têm dormido em média 4h por noite tem sido muito, mas estamos evoluindo. Não podemos pensar que o clube é só o time dentro de campo, que temos que contratar, a gente espera que a torcida entenda, chegue junto, apoie, porque muita coisa precisa ser sanada para que o clube cresça e a gente coloque onde merece estar.

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