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Ampliação da Copa do Catar para 48 seleções pode aumentar tensões regionais

Karoline Albuquerque
Karoline Albuquerque
Publicado em 19/03/2019 às 17:35
Foto: Divulgação
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Da AFP - O projeto do presidente da Fifa Gianni Infantino de ampliar para 48 seleções a Copa do Mundo do Catar-2022, o que obrigaria países vizinhos a receber alguns jogos, poderia provocar um aumento nas tensões diplomáticas na região, alertam analistas. O Catar, escolhido inicialmente para sediar a competição com 32 seleções, não tem capacidade estrutural para receber 48 equipes.

As partidas suplementares poderiam ser disputadas no Kuwait ou em Omã, dois países que não se envolveram na crise do Golfo, iniciada em 2017 entre Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito, de um lado, e Catar do outro.

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Longe de tornar uma região politicamente turbulenta em mais harmoniosa, a proposta da Fifa poderia abrir ainda mais as feridas e colocar Kuwait e Omã em uma posição ainda mais delicada em relação ao bloqueio na região liderado pela Arábia Saudita, peso pesado no Oriente Médio.

Cinco potenciais candidatos

"Há um risco muito real que a ampliação da Copa do Mundo ao Kuwait ou Omã deixem esses dois países mais vulneráveis e que sofram a mesma pressão regional que o Catar tem sofrido desde 2017", afirmou Kristian Coates Ulrichsen, pesquisador da Universidade de Rice, em Houston.

"A ideia de uma Copa do Mundo que inclua o Kuwait e Omã, mas não a Arábia Saudita ou os Emirados Árabes, poderia supor uma amargura considerável em Riad e Abu Dhabi", completou.

Para passar de 64 jogos (no formato com 32 seleções) a 80 (com 48 seleções), seria necessário organizar algumas partidas fora do Catar, em um país vizinho. "Nenhum país é favorito, cinco podem se manifestar: Bahrein, Kuwait, Arábia Saudita, Omã e Emirados", adiantou uma fonte próxima à Fifa.

Devido à crise política, parece complicado neste momento que Arábia Saudita, Emirados e Bahrein possam organizar em conjunto com o Catar um grande evento.

Em junho de 2017, o Catar foi alvo de um embargo diplomático e econômico por parte de Riad e seus principais aliados na região, que acusam Doha de apoiar grupos islamistas radicais e criticam sua aproximação com o Irã, grande rival da Arábia Saudita.

O Catar negou as acusações de apoio a grupos extremistas e acusou os adversários de querer reduzir o país a um Estado vassalo. Kuwait e Estados Unidos tentaram mediar as conversas entre as duas partes, mas sem sucesso.

Andreas Krieg, do King's College de Londres e que atuou como conselheiro do governo catariano, reconhece que Kuwait e Omã "têm problemas com a Arábia Saudita e com os Emirados".

As tensões entre Kuwait e Arábia Saudita vêm da repartição das áreas petrolíferas entre os dois países, enquanto que Omã foi criticado por supostamente ter deixado passar por seu território carregamentos de armas iranianas enviados a iemenitas contrários a Riad.

Dois blocos de três países

"O projeto da Fifa de ampliar a outro país a Copa do Mundo reforçará o sentimento de que o Golfo está dividido em dois blocos de três países cada", considerou Krieg.

A Fifa apresentou na semana passada em Miami um estudo de viabilidade que recomendava ampliar o número de seleções em 2022.

"Chegamos à conclusão de que é possível passar de 32 para 48 seleções se algumas condições forem cumpridas", declarou Infantino. A decisão final sobre o assunto será tomada em junho, em Paris. A Uefa já afirmou considerar que a expansão "não é realista".

A ampliação se traduziria em 16 partidas a mais disputadas nos mesmos 28 dias do torneio. Especialistas se perguntam se os estádios e as infraestruturas de Kuwait e Omã responderiam positivamente aos rigorosos critérios da Fifa.

Com todas as perguntas é pouco provável que a Copa do Mundo seja a panaceia política, afirmou James Dorsey, pesquisador da Rajaratnam School of International Studies de Singapura e autor de 'The Turbulent World of Middle East Soccer' ('O Turbulento Mundo do Futebol no Oriente Médio', em tradução livre).

"A crise do Golfo não se resolverá jogando futebol", alertou.

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