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A luta dos trabalhadores migrantes a 4 anos da Copa do Mundo do Catar

Maria Lua Ribeiro
Maria Lua Ribeiro
Publicado em 22/11/2018 às 10:24
"Cometi um erro ao vir aqui", disse Ojor, 22 anos, originário do Nepal. Foto: Reprodução/YouTube Supreme Committee for Delivery Legacy
"Cometi um erro ao vir aqui", disse Ojor, 22 anos, originário do Nepal. Foto: Reprodução/YouTube Supreme Committee for Delivery Legacy

AFP

Os pedreiros Ojor e Raju fazem uma pausa para a hora do almoço. Ambos estão sentados na calçada de um belo edifício que ajudaram a construir em Doha, conversando para reviverem a experiência no Catar a quatro anos do início da Copa do Mundo no país.

"Cometi um erro ao vir aqui", diz Ojor, 22 anos, originário do Nepal. "Pedi tanto dinheiro emprestado ao banco (para gastos de contratação) que não me resta nada", completa.

Raju, um bangladeshiano de 39 anos, concorda. Os dois recebem o salário mínimo mensal de 750 riais catarenses, aproximadamente 780 reais. "Nunca voltarei", diz com um sorriso enquanto menciona o final de seu contrato dentro de uns meses.

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Crítica e reforma

Foto: Reprodução/YouTube Supreme Committee for Delivery Legacy

Desde que o ex-presidente da Fifa Sepp Blatter anunciou o Catar como sede da Copa do Mundo de 2022, o país está debaixo da lupa. As condições do grande número de trabalhadores, muitos da Ásia, chama particularmente a atenção.

Essa mão de obra inflou a população do Catar, que passou de 1,63 milhões para 2,74 milhões de pessoas, desde o anúncio feito por Blatter em 2 de dezembro de 2010.

Sindicatos, defensores dos direitos humanos e a Organização Internacional do Trabalho das Nações Unidas (OIT) se associaram para questionar o sistema de contratação do Catar. Conhecido como "Kafala", o apadrinhamento põe os trabalhadores estrangeiros à mercê dos empregadores.

Enquanto isso, iniciou-se uma disputa internacional sobre o número de mortos nas obras de construção da Copa do Mundo, estimados em mais de 1.200. O número foi negado firmemente pelo Comitê Organizador do mundial.

Doha se viu obrigado a reformar o salário mínimo e a projeção salarial, assim como eliminar de maneira parcial o visto de saída, que obrigava os trabalhadores a pedirem autorização a seus chefes para deixar o país.

Espera-se que mais de 12.000 trabalhadores empregados nas obras da Copa recebam um reembolso de 52 milhões de riales, por terem sido obrigados a pagarem taxas de contratação ilegais para chegarem ao Catar, disse o Comitê Organizador. Nesta semana, a OIT parabenizou as reformas introduzidas pelo Catar.

Miragem

Foto: Reprodução/YouTube Supreme Committee for Delivery Legacy

Com data marcada para começar no dia 21 de novembro de 2022, a Copa do Mundo é vista como uma miragem para os pedreiros e seus colegas.

"Esperava que a Copa do Mundo me assegurasse uma boa segurança e emprego", explica Mukesh, um nepalês de 23 anos. "Mas nos disseram que daqui até 2021 não restará ninguém", acrescenta.

Apesar das 10 horas de trabalho por dia e três riales por cada hora extra, Mukesh não se arrepende de estar no Golfo.

"Em casa não fazemos nada, aqui ganhamos dinheiro", diz este fã de Cristiano Ronaldo que sonha em ver o português em 2022. "Mas não acho que os trabalhadores possam ver os jogos", acrescenta sorridente.

São poucos os trabalhadores que não ouviram falar das campanhas internacionais que lutam por seus direitos. Ainda assim, queixam-se de continuarem sendo mal pagos, com atraso e do custo de vida.

Um deles é Prince, segurança nigeriano de 31 anos. "Quero economizar para ir para os Estados Unidos", diz. "Não gosto da vida que tenho aqui, faço a mesma coisa todos os dias. É difícil, não tem festas nem muito mais. Não temos direito de fazer nada aqui", lamenta-se. Já Arnold, um filipino que vive no Catar desde 2009, avalia que "nove anos são suficientes".

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