Por Wladmir Paulino
@wladmir_paulino
Claro que Jair organizou a saída de jogo do Sport, Gabriel chegou mais na área, Matheus Gonçalves deu mais velocidade e Milton Mendes injetou uma dose cavalar de confiança. Mas está mais do que claro que a reação do elenco no Brasileirão passa diretamente pela péssima relação com a diretoria de futebol que deixou o clube no mesmo dia em que o técnico Eduardo Baptista pediu demissão. E a entrevista do meia Michel Bastos ao deixar o campo na vitória sobre o Ceará, nesta segunda-feira (5) é o ponto final desta história.
As relações de trabalho no futebol são bastante sensíveis pela inversão de poderes que a Lei Pelé trouxe no final dos anos 1990. De submisso às vontades dos clubes, os atletas passaram a senhores do próprio destino com a extinção passe. Imposições de comportamentos e atitudes, cobranças exacerbadas, ameaças, gritos e palavrões não são mais tolerados.
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Num passado bem recente, uma crítica dura do então técnico Vanderlei Luxemburgo no vestiário, seguida de uma ameaça pública na entrevista após a goleada sofrida para o Grêmio no Brasileirão de 2017 puseram um fim na relação técnico-jogadores, que culminaram numa queda vertiginosa do time na classificação, que, por muito pouco não custou o rebaixamento. O Sport só se salvou após uma sequência de três vitórias nas três últimas rodadas que garantiram a permanência.
Embora Michel não tenha sido tão explícito na sua argumentação a respeito do ambiente ruim na época das vacas magras, o pouco que falou foi suficente para bom entendedor, até porque descarta de pronto a tese de que os salários atrasados, chegando aos três meses, não entraram em campo.
Em retrospectiva, quem dá o caminho das pedras é o técnico Nelsinho Baptista, em sua incendiária entrevista coletiva de despedida ao citar um clima de 'terrorismo' no ambiente de treinamento:
"Um dia querem tirar o fisioterapeuta, outro querem tirar o analista, o auxiliar... Eles só trazem problemas para a gente dentro do CT. Nós que temos de buscar soluções. Tiraram Aritana, a psicóloga. E a culpa foi minha. Eu não tenho culpa de nada. Foi feito terrorismo em cima de Tacão, de fisioterapeuta, do DM, para tirarem daqui", disse o ex-treinador.