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"Vontade de sair correndo", diz Lucas Lyra ao comemorar título do Náutico

Karoline Albuquerque
Karoline Albuquerque
Publicado em 10/04/2018 às 8:41
Lucas Lyra voltou a soltar o grito de campeão. Foto: Filipe Farias/Especial para o JC
Lucas Lyra voltou a soltar o grito de campeão. Foto: Filipe Farias/Especial para o JC

Foram 13 anos, 11 meses e 20 dias de espera até que o grito de campeão desentalasse das gargantas alvirrubras. Uma delas em especial. Lucas Lyra, torcedor do Náutico, enfrenta há 5 anos e 53 dias as consequências de um ato covarde ao ser alvejado por um tiro na nuca em frente aos Aflitos. No último domingo (8), o rapaz comemorou o renascimento do seu time de coração. Um título merecido para ele que chegou a ser desenganado pelos médicos com apenas 1% de chance de sobreviver.

Prestes a completar 25 anos, o alvirrubro não se conteve ao ver o Timbu erguer a taça. "Assisti com muita emoção. Foi ótimo. Comemorei deitado ainda, mas com uma vontade de sair correndo. Lembro de 2004, eu estava em casa. Saímos pela vila comemorando, pulando, gritando", contou Lucas. Na opinião do torcedor, o Náutico chegou à decisão com moral e isso o mantém com boas expectativas para o time no decorrer da temporada, agora nas disputas da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro da Série C.

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Por sua vez, o garoto ainda enfrenta muitas dores. Em maio passará por uma ressonância para investigar os motivos das fortes dores abdominais que sente. Lucas também teve uma perda severa de audição por causa dos medicamentos fortes que tomou ao ser internado em 2017. A família Lyra enfrenta dificuldades relacionadas ao tratamento, entre elas a de conseguir autorização para o tratamento odontológico dele e a fisioterapia motora que precisa fazer.

"Porque Lucas foi para a AACD, mas desde Outubro que tentamos marcar a consulta dele lá, e só consegui marcar semana passada para maio. Nossa vontade é que ele vá para clínica Pepita Duran, que é referência aqui no Recife em reabilitação motora. Mas, sabemos que será uma briga bem desgastante com a empresa Pedrosa para liberação deste tratamento", explicou Mirela Lyra, irmã de Lucas.

O processo se arrasta. De acordo com Mirela, a família espera desde o dia 30 de novembro a pauta do julgamento e vai seguidas vezes ao fórum, sem conseguir falar com o juiz. Eles são seguidamente informados que precisam aguardar, pois a prioridade é para réus que estão presos. "Isso é o que não entendemos. Porque José Carlos Feitosa Barreto (segurança da empresa de ônibus Pedrosa) é réu confesso, tem as filmagens da câmera SDS (Secretaria de Defesa Social), tem todas provas cabíveis para que ele seja logo julgado. Inclusive, foi deferido que ele vai a júri popular", lembrou a irmã.

A defesa do réu recorreu em todas as instâncias, mas todas deferiram o júri popular. A família não entende, e nem aceita, a demora para a marcação do julgamento. A sensação de abandono é grande e ansiedade pela data só aumenta. Lucas Lyra conta os dias desde que sofreu a tentativa de homicídio. Para ele, são dias de injustiça.

"Dizem que a justiça é um direito de todos, mas neste caso, não é isso que estamos vendo e vivendo. O que as autoridades deveriam entender é que a injustiça incentiva a violência. Dia 16 de Abril, dia que Lucas completa 25 anos, completaremos 5 anos e 3 meses de injustiça", completou Mirela.

Enquanto aguarda e conta os dias, o torcedor volta parte de sua atenção ao time e tem um recado para o técnico Roberto Fernandes e os atletas alvirrubros, a quem se refere como heróis. "Não joguem só sentindo um coração em cada um, saibam que carregam dentro de si os corações de toda nação alvirrubra", disse. E que, assim como o Náutico teve sua redenção após 14 anos de espera, Lucas Lyra tenha sua justiça, mas sem ter que esperar por tanto tempo.

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