A geração que cresceu acompanhando o Sport a partir dos anos 1990 talvez estranhe algumas informações e declarações que virão a seguir. Antes de 1987, o Leão já era competitivo em Pernambuco, mas o equilíbrio com os rivais Náutico e Santa Cruz era infinitamente maior. Depois de conquistar o Brasileiro de 1987, o clube deu um salto qualitativo e quantitativo nunca antes visto no Estado. O nome do clube nacionalizou-se, a marca ficou mais forte e o patrimônio também aumentou.
Para começo de conversa, no intervalo de 30 anos depois de ser campeão brasileiro, o clube da Ilha do Retiro conquistou 22 títulos no futebol profissional, incluindo mais dois nacionais e três regionais. No estado foram 17 taças, com direito a dois pentacampeonatos (1996/2000 e 2006/2010). Para se ter uma ideia da força ganha pelo Sport, entre 1905 e 1987 foram 25 faixas de campeão, um período de 82 anos.
Presidente do clube na conquista, Homero Lacerda não tem dúvida de que o impulso que faltava para os rubro-negros subirem de patamar foi a Taça das Bolinhas conquistada no dia 7 de fevereiro de 1988. “Podemos dizer que a história do Sport se divide entre antes e depois do Brasileiro de 1987. Isso aqui era fundo de quintal. E o Sport se impôs”, disse o atual presidente do Conselho Deliberativo, referindo-se à visão que o futebol do eixo sul-sudeste tinha do Nordeste.
O técnico daquela conquista, Emerson Leão, tem a mesma opinião do ex-presidente. “Pra mim, o Sport se classifica antes e depois do título do Brasileiro de 1987. Teve uma queda ou outra pra Segunda Divisão, mas sempre voltou se rearrumando, com uma condição financeira melhor.”
ASCENSÃO
No Pernambucano de 1988, o Sport voltou a conquistar o título, que não ficava na Ilha desde 1982. No Brasileiro daquele mesmo ano, um desempenho elogiado. terminou em quinto lugar na primeira fase. Foi eliminado pelo Bahia com dois empates - 1x1 na Ilha e 0x0 na Fonte Nova - por ter uma campanha inferior. Mais tarde, o Tricolor de Aço conquistaria o Brasileiro.
Em 1989, o Sport foi rebaixado pela primeira vez, já que o sistema de acesso e descenso começou no ano anterior. Mesmo assim ainda conseguiria disputar a final da primeira Copa do Brasil - perdeu para o Grêmio. Mas conseguiu a recuperação no ano seguinte com seu segundo título nacional: com uma vitória sobre o Atlético do Paraná, em Curitiba; e um 0x0 na Ilha, o Leão conquistou a Série B de 1990.
Em 1991, o clube voltou à primeira divisão para disputar a principal competição nacional nada menos do que 11 vezes seguidas, feito até agora não igualado por outro time do Nordeste. Nesse intervalo o Sport foi comandado, durante seis anos, por Wanderson Lacerda, que completaria a década como diretor de futebol. E ele é a voz dissonante sobre a importância de 1987.
“É bem verdade que o Sport se tornou mais conhecido depois do Brasileiro, mas o crescimento veio depois da estrutura que montamos a partir de 1991, pois ainda haviam muitos débitos. Estruturamos e demos uma atenção especial às divisões de base. Já haviam se passado quatro anos e a memória do futebol é muito curta”.
Durante toda década de 1990, o Sport perdeu apenas três estaduais, além de ganhar a Copa do Nordeste de 1994. Em brasileiros, a melhor campanha veio na Copa João Havelange de 2000, quando terminou em quinto lugar geral. A entrada no Clube dos 13 em 1997 colocou o Leão numa posição privilegiada na hora de fazer seus contratos de televisionamento, fato que perdura até hoje, mesmo com a implosão daquele grupo.
