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Intensidade sem descanso no futebol pernambucano

Karoline Albuquerque
Karoline Albuquerque
Publicado em 28/01/2018 às 7:48
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Foto: Diego Nigro/JC Imagem

Por Luana Ponsoni, da editoria de esportes do Jornal do Commercio - Cansaço é uma das palavras mais repetidas pelos técnicos de Náutico e Santa Cruz, quando se referem aos seus jogadores, neste início de temporada. Não à toa. Alternados entre Copa do Nordeste e Campeonato Pernambucano, os times chegaram a fazer três partidas em menos de uma semana. Frequência que fere o intervalo de 66 horas fixado pela CBF em acordo na Justiça com a Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf). Essa margem de descanso, inclusive, costuma superar a de outras modalidades. Não que haja privilégios aos jogadores de futebol. A razão é científica. Estudos identificaram que o esporte extrapola a relação entre intensidade, duração e esforço muscular, utilizada pelos especialistas para medir o desgaste físico.

Em uma partida, o jogador pode percorrer até 12km. Essa distância é favorecida pelas dimensões de 105m de comprimento por 68m de largura de um campo padrão Fifa. Além do percurso maior que o disponível em esportes como o tênis, por exemplo, a característica da modalidade exige que o atleta dê inúmeros tiros (corridas em alta velocidade) durante quase duas horas. Essa atividade confere ao futebol uma intensidade que pode não ser observada em outras modalidades. Para se ter uma ideia, após um jogo, o atleta pode perder até 3kg.

Foram justamente essas particularidades que fizeram a Fifa determinar 72 horas como o tempo de intervalo entre as partidas. No Brasil, essa margem foi reduzida depois de um acordo feito entre Fenapaf e CBF no Tribunal Regional do Trabalho de Campinas (SP), no ano passado. “Por estarem havendo essas anomalias de colocarem jogador para atuar dia sim, dia não, em 2013, a Fenapaf entrou com uma ação para regular isso. Fundamentamos a nossa posição com pareceres de fisiologistas. Eles atestam que deve haver o mínimo de 72 horas, não são nem 66. Todavia, para que houvesse uma conciliação, a Fenapaf, com a anuência do Ministério Público do Trabalho da 5ª Região, entendeu que poderíamos avançar com as 66 horas. Entendemos que seja um avanço para a categoria, para a saúde dos atletas, para um melhoramento do espetáculo e suas consequências”, declarou o presidente da Fenapaf, Felipe Augusto.

Essa redução do tempo entre as partidas, porém, segue contrariando muitos fisiologistas e profissionais de educação física. “Eu recomendaria assim como Fifa: 72 horas, pelo menos. Justamente em razão dessa relação da intensidade que há no futebol. Não que, necessariamente, em 72 horas possa haver outra partida. Se isso não puder ser respeitado, que, no máximo, aconteçam até três jogos por semana. Mais que isso é extremamente sacrificante aos jogadores”, comentou a mestre em Educação Física pela UFMG e professora de fisiologia, Roberta La Guardia. “No esporte em alto rendimento, o conceito de saúde é muito discutido entre os autores, em razão do desgaste. Não só da musculatura, como das articulações, já que eles trabalham sempre no limite”, completou.

A partir da próxima quarta-feira, Náutico e Santa Cruz passam a disputar também a Copa do Brasil. Com um terceiro evento no cronograma, o calendário dos dois times vai ficar ainda mais complicado. “A Fenapaf ia entrar com uma ação contra os clubes pelo descumprimento do intervalo de 66 horas. Mas conseguimos um acordo, já que foi só naquela semana (entre 16 e 21 deste mês). Conversamos com os atletas e com os clubes que poderiam se prejudicar se não jogassem. Então, o sindicato iria acabar indo contra a vontade dos jogadores. Mas estamos atentos e acompanhando. Se os jogadores reclamarem, vamos representá-los”, afirmou o presidente Sindicato dos Atletas Profissionais de Futebol do Estado de Pernambuco, Ramon Ramos.

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