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[Opinião] Crise no Santa Cruz é fruto de um modelo de gestão e não de pessoas

Karoline Albuquerque
Karoline Albuquerque
Publicado em 10/11/2017 às 14:17
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Foto: Guga Matos/JC Imagem

Por Wladmir Paulino

@wladmir_paulino

Personalizar crises é algo em que o brasileiro é especialista. E no futebol isso ganha dimensões estratosféricas. Mas o que acontece no Santa Cruz é emblemático e didático: é algo muito maior do que um nome. Está na cultura do clube, que vem antes de muita gente que reclama de A ou B no Twitter. A forma com que o clube se desenvolveu ao longo da história é bonita, remete ao suor de gente anônima que construiu um gigante com as próprias mãos. Que deve ser respeitada e reverenciada, mas em pleno século XXI não cabe mais. O Santa precisa olhar para o futuro sob risco de ver crises como a atual se repetirem a cada década até que o clube não as suporte mais.

O modelo é ter dinheiro para contratar o time por X, mas apostar em 3X e depois correr para pagar sabe-se lá como. Bilheteria de jogo? Não enche bolsos há muito tempo. Colocar urnas esperando doações na entrada para o estádio? Menos ainda. Precisar o momento em que isso começou é difícil, mas não é impossível entender que isso se repete há muito tempo. Sem conseguir correr atrás para pagar depois a dívida se avoluma e quando, num determinado momento, tudo dá certo como deu em 1999, 2005 e 2015 não se consegue manter.

Por que?

Por que o 'correr para pagar depois' lá atrás chega. E sempre chega no raro momento de bonança. E com oxigênio a mais comprometido o time não conseguiu se segurar na elite no ano seguinte aos acessos à Série A. O ano de 2000 é a exceção simplesmente porque a Copa João Havelange não previa descenso. Mesmo assim, o Santa Cruz fez campanha para cair, confirmando-a no ano seguinte.

E quando caiu, a torcida reclamou. E o dirigente montou um time que não conseguiria pagar. E atrasou salários, até conseguir acertar um elenco alguns pares de anos depois. E subir com as receitas já comprometidas. E no fim do ano cair. Como caiu no ano passado e como está bem perto de cair de novo agora. Quem viu o filme de dez anos atrás deve ter pesadelos todas as noites, pois sabem onde o Santa foi parar.

Não é preciso fazer muito esforço de memória para entender o que NÃO pode ser mais feito. E, como foi dito lá em cima não foi por incompetência de fulano ou beltrano. É assim que o Santa Cruz foi conduzido em quase metade de sua história. Arejar as ideias, entrar no novo milênio não vai gourmetizar o clube nem manchar sua história. Muito pelo contrário: vai fortalecê-lo e valorizar ainda mais cada gota de suar derramada para construí-lo.

Porque, como disse o próprio Grafite, "voltar da Série D para a C uma vez pode ser fácil, mas duas, três, é difícil".

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