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Posse de bola deu o tetracampeonato ao Brasil há 23 anos

Karoline Albuquerque
Karoline Albuquerque
Publicado em 17/07/2017 às 15:43
Seleção campeã da Copa de 1994 visitar o Recife logo após a conquista. Foto: CBF.
Seleção campeã da Copa de 1994 visitar o Recife logo após a conquista. Foto: CBF.

Como já se foram 23 anos - completados hoje - que Roberto Baggio mandou a cobrança nas nuvens, podemos afirmar com toda certeza: aquela seleção brasileira de 1994, que conquistou o tetracampeonato nos Estados Unidos antecipou em mais de dez anos o conceito que consagraria a seleção espanhola. Sim, o princípio de jogo daquele time era a posse de bola. Não empolgava porque não havia Xavi, Iniesta ou David Villa. Mas fez do Brasil um time sólido na defesa e se não teve um ataque avassalador tinha um gênio - Romário - e um excelente coadjuvante - Bebeto. Bastou.

A caminhada do Brasil para chegar à copa foi uma das mais tortuosas da história da Canarinha. Para começo de conversa foi nela que os então tricampeões mundiais perderam pela primeira vez no qualificatório. Nos quase 4.000 metros de altitutde de La Paz, caíram por 2x0 para a Bolívia. Romário ainda era persona non grata na comissão técnica. As críticas aumentaram e a cabeça do então técnico Carlos Alberto Parreira era pedida numa bandeja de prata por quase toda torcida e boa parte da imprensa.

O caminho das vitórias foi definitivamente retomado - aliás, a grande arrancada definitiva - no Recife. A revanche contra a Bolívia aconteceu no Arruda depois de duas vitórias e um empate sob vaias e os gritos de "Olê, olê, olê! Telê! Telê!". O técnico do São Paulo, melhor time do Brasil na época, era o preferido de 99% da torcida. No aeroporto, a recepção já foi diferente. Ainda escaldado pelas hostilidades em Rio e São Paulo, Parreira quis fechar o treino. O zagueiro Ricardo Rocha o convenceu do contrário. E uma multidão incentivou a seleção.

Pouco antes de entrar em campo, o mesmo Ricardo Rocha deu a ideia do gesto que ficaria eternizado naquela campanha. Os jogadores entraram em campo de mãos dadas e repetiriam esse roteiro até o 17 de julho do ano seguinte. Tudo conspirou a favor e com 25 minutos, o Brasil já vencia por 3x0, gols de Raí, Muller e Bebeto. Branco e Ricardo Gomes fecharam a conta em 5x0 no primeiro tempo. Nem precisava da segunda etapa. Bebeto ainda faria mais um. Os 6x0 colocavam o Brasil ainda que vacilante, nos trilhos novamente. Faltava só Romário. E ele chegou com ares de salvador para o último compromisso, contra o Uruguai, no Maracanã. Em tarde de Garrincha, o Baixinho infernizou a Celeste do primeiro ao último minuto. Marcou os gols da vitória por 2x0 e o Brasil estava na Copa. Ao final, prometeu que o tetra viria.

A CAMPANHA

O Brasil pegou um grupo relativamente fácil: Rússia, Camarões e a eterna freguesa Suécia. Na estreia, 2x0 nos russos com gols de Romário e Raí. Um futebol seguro, sem brilho, mas eficiente. Depois, Camarões, cuja última lembrança era o futebol alegre, com cara de Brasil, da copa anterior. Mas nem Camarões nem Brasil eram os mesmos. Um jogo bem controlado e os 3x0 sem sustos. No terceiro jogo, precisando apenas empatar, o futebol de posse de bola mostrou sua cara. A partida contra a Suécia seria em estádio coberto, em Detroit. O Brasil tocava a bola para lá e para cá sem encontrar espaço. Quando os suecos acharam um, colocaram para dentro. Foi preciso Romário arrancar pelo meio da defesa e deixar tudo igual. E assim terminaria 1x1.

Nas oitavas de final, caiu no colo dos brasileiros o time da casa, que de futebol ainda sabia pouco. O problema era a data emblemática da partida: 4 de julho, o dia da Independência dos EUA. Novamente no seu tique-taque, o Brasil não deixava o adversário jogar. Mas não conseguia encontrar uma brecha. Até que Romário voltou à intermediária e arrancou pelo meio. Bebeto entrava pela direita e bateu de primeira, fraco. Mas o suficiente para a bola entrar no canto direito de Meola. O problema naquele jogo foi perder o lateral-esquerdo Leonardo, expulso após uma violenta cotovelada em Tab Ramos.

QUARTAS

Nas quartas de final, a Holanda. Aquela mesma que 20 anos antes destruíra o Brasil na Copa da Alemanha. O toque de bola canarinho, desta vez, estava um pouco mais veloz. E assim, Romário e Bebeto fizeram 2x0. Mas o time entrou em parafuso depois dos 2x0 e Bergkamp empatou dois minutos depois. Aos 31, Winter empatou e a sombra da Laranja Mecânica voltou a pairar. Foi preciso um jogador desacreditado, que fazia sua estreia no Mundial, resolver a parada. Numa cobrança de falta perfeita, Branco fez 3x2 aos 35. E o Brasil voltava à semifinal.

O último obstáculo antes da decisão era a Suécia. E um jogo que poderia ter sido facilmente um 4x0 ganhou ares de drama a cada oportunidade perdida. Até mesmo o quase infalível Romário perdeu cara a cara com Ravelli. Os suceos sequer viam a bola, tamanha foi a posse dos brasileiros. Foi preciso um quê de fábula para a muralha cair. O jogador mais baixo do time (Romário, de 1,68) usou a única arma do adversário - a bola alta - para vencê-lo. Aos 35, Jorginho mandou na medida para o camisa 11 cabecear forte, para o chão e mandar o Brasil à final.

DECISÃO

O mundo do futebol conheceria seu primeiro tetracampeão no dia 17 de julho de 1994. De um lado o Brasil com 1958, 1962 e 1970. Do outro, a Itália com 1934, 1938 e 1982. Para os italianos a chance de vingar a goleada de 1970, quando os canarinhos se tornaram o primeiro tri. No jogo de gato e rato, novamente o Brasil dominou as ações mas encontrou uma defesa sólida, capitaneada por Franco Baresi, que fizera uma cirurgia após a primeira rodada e estava de volta apenas para a final.

Era um time com a bola tentando achar uma brecha e outro sem dar brecha esperando um vacilo que não vinha. Esse jogo de xadrez arrastou-se até prorrogação sem muitas emoções, salvo um erro de Pagliuca que a trave salvou e uma finalização de Romário para fora, quase encostado no segundo pau. Pela primeira vez uma copa seria decidida nos pênaltis. Baresi abriu a série mandando por cima. Márcio Santos teve a chance de largar na frente mas bateu mal e Pagliuca defendeu. Romário, Albertini, Branco e Evani deixaram tudo em 2x2. Massaro foi para a cobrança e Taffarel defendeu. Dunga não desperdiçou e deixou o Brasil na frente. Baggio cobraria o último para a Itália. Se fizesse, Bebeto ainda poderia dar o tetra. Mas nem precisou, o italiano, que disputava com Romário o título de melhor jogador da Copa, mandou por cima do travessão. Na comemoração, os jogadores homenagearam o piloto Ayrton Senna, morto em maio, e que lutava pelo tetracampeonato de Fórumula 1.

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