Por Álvaro Filho, editor do Blog do Torcedor
Mal o novo Conselho Deliberativo do Náutico tomou posse e já se viu envolto numa polêmica, a da redução da contribuição mensal dos conselheiros de 50% para 20% de um salário mínimo, uma queda de R$ 440 para R$ 176.
A versão oficial é de que se trata de uma forma de reduzir a inadimplência dos conselheiros, hoje além de 50%, para perto de um número mais razoável, cerca de 10%.
A notícia da redução virou polêmica pois ficou a impressão - que não deixa de ser verdade - que os conselheiros estavam legislando em causa própria. E se é possível diminuir a contribuição dos conselheiros, por que não também dos sócios?
Ou como lembrou um bem-humorado alvirrubro na internet, se é para democratizar, reduz também o preço da canja de galinha do Bar do Americano.
Apesar das críticas e da galhofa, a medida tem seu valor não só pela alta inadimplência, mas porque o conselheiro que não paga, não participa, o que acaba reduzindo o espectro de pessoas que "pensam" o presente e o futuro do clube. E de um conselho com quase duas centenas de membros, apenas 50 ou menos terminam tendo voz.
Ser conselheiro não é só importante pela contribuição, é bom lembrar, mas pela capacidade de contribuir até de forma mais valiosa, seja ampliando o network da casa ou oferecendo expertise em áreas emergentes e importantes, como tecnologia da informação, comércio eletrônico, marketing, audiovisual, etc.
Áreas de profissionais ainda em formação e que terminam impedidos de contribuir com seu talento porque no atual estágio da carreira ainda seja difícil tirar do orçamento R$ 440 por mês.
Um dos grandes problemas do Conselho do Náutico era justamente se fechar em si mesmo, em forma de uma confraria ou casta, que se perpetuava hereditariamente de acordo com o sobrenome do conselheiro, sem promover a circulação de ideias.
Um erro, pois uma "casa" que se apequena acaba também promovendo a redução do próprio clube.
Aos sócios, a "Black Friday" do Conselho talvez contagie o novo presidente em relação ao valor das mensalidades. Ou melhor ainda, amoleça o coração de Americano, para a alegria de quem não vive sem uma canja de galinha.
