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Opinião: Falcão, um 'mimo' que Martorelli se deu

Ramon Andrade
Ramon Andrade
Publicado em 21/09/2015 às 9:41

Foto: Reprodução do Twitter Foto: Reprodução do Twitter

Não foi à toa que a alta cúpula rubro-negra se deu ao trabalho de tomar um avião e anunciar o novo técnico no Rio de Janeiro, em pleno Maracanã: havia o sentimento entre os dirigentes que o nome de Falcão causaria um impacto não só na torcida leonina, mas em todos os torcedores do país e que a imprensa nacional - quiçá também a internacional - teceria loas pelo feito homérico.

E o Maracanã, pela seu simbolismo, parecia ser o local ideal para isso.

Mas não foi bem assim.

Não houve furor, bocas abertas de espanto ou salva de palmas. Pelo contrário, o nome de Falcão foi recebido com frieza - para não dizer desdém - dos jornalistas de outros estados, com desconfiança pela imprensa local, deliberadamente alijada do processo e - mais importante e preocupante de tudo - com temor e descrédito pela torcida do Sport.

O nome de Falcão é a confirmação que não havia um "projeto" em desenvolvimento no Sport. Havia outros indícios disso, como a falta de rumo na temporada e as constantes mudanças de prioridade, ora Sul-Americana, ora Copa do Brasil, ora Brasileiro para, em seguida, voltar a ser a Sul-Americana. O anúncio do novo treinador foi só a confirmação definitiva.

Afinal, Falcão é a antítese de Eduardo Baptista. E se havia um "projeto" em curso com o ex-treinador, um ano e nove meses mantido no cargo, às vezes a duras penas devido a críticas e pressões da torcida e da imprensa, não há nenhum argumento defensável que una em metodologia de trabalho o antigo treinador com o seu sucessor. Ou não havia um "projeto" ou ele está sendo reconstruído, do zero.

Nada contra Falcão, que fique bem claro.

Falcão é uma lenda em Roma e tem seu nome gravado na história do futebol. Fez parte da melhor Seleção Brasileira da história, que por uma dessas ironias da vida, não ganhou nada. O gol que fez contra a Itália, a celebração passional de um gentleman da bola, as artérias pulando do pescoço dele, é uma cena que até hoje emociona quem, assim como o cronista aqui, acompanhou a partida na Copa de 1982, e, ainda criança, caiu em prantos após o apito final e a eliminação ante Paolo Rossi e Cia.

Foi também um comentarista dos bons, coerente e fino em suas análises, sem que isso queira dizer que não fosse incisivo e crítico.

Mas como treinador, não sinto nenhum prazer em dizer isso, ficou aquém, mas muito aquém das outras tarefas que desempenhou no futebol. Começou como técnico da Seleção Brasileira, quase três décadas atrás, com a missão de levar uma das tantas "renovações" do futebol brasileiro e o que se viu foi talvez um dos piores momentos de nosso futebol, com o Brasil não só perdendo para gato e cachorro, mas constantemente goleado. Tanto que não resistiu a um ano no cargo. Posteriormente, dirigindo clubes, foi menos um treinador e mais uma "grife".

Grife que o presidente do Sport parece ter sido seduzido por ela. A minha impressão é que Falcão não é, nem faz parte de um projeto, mas um "mimo" que Martorelli está dando para si mesmo. A possibilidade de conviver com uma companhia tão distinta quanto ele, um cavalheiro viajado e que possa conversar de futebol de igual para igual com o dirigente, quem sabe intercalando expressões em francês ou em italiano, sem que Martorelli precise baixar o nível como constantemente faz com os demais, principalmente com modestos e ignaros jornalistas.

De preferência, acompanhado de um prato à base de carne de caça e um vinho de uma boa safra da Toscana, como na foto que circulou pelas redes sociais e que o sempre tão correto e cortês Martorelli, num perdoável deslize de caráter, jurou que era mentira para depois se desmentir publicamente, em rede nacional de rádio e TV.

Pode dar certo? Claro que pode. Afinal, Falcão tem bagagem para isso e o Sport é um clube estruturado.

Para nós, da imprensa, a presença de Falcão deve ser celebrada do ponto de vista da audiência, visibilidade e volume de pautas. Assim como seria Vanderlei Luxemburgo ou Joel Santana. Mas para o Sport e para a sua agora ressabiada torcida, no atual cenário no Brasileiro e com a Sul-Americana a pleno vapor, não se pode ter certeza se os resultados esperados virão.

A médio prazo, também, é uma incógnita. Até porque pela brevidade de seus trabalhos como treinador, Falcão nunca viveu um "médio prazo".

Boa sorte ao Rei de Roma e aos seus novos súditos.

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