Como no velho frevo, ouvi dizer que o Náutico ganhou do Boa Esporte jogando mal.
E eu pergunto: e daí?
A Série B não é palco para grandes apresentações, deixa isso com a Champions League.
A Série B é um purgatório que se deve viver com tudo que um purgatório tem a oferecer, do desconforto passageiro ao sofrimento físico, para que se expie devidamente todos os pecados.
Aliás, jogar feio é quase um esquema de jogo na Série B, diria que é uma obrigação, uma saída viável para conquistar vitórias e a redenção de subir para a Primeira Divisão.
Até por que a Série B é uma competição que premia a força, a virilidade e a disposição para se driblar o adversário e os buracos dos gramados e das rodovias que levam a estádios mal iluminados e sem glamour.
Na Série B não há com licença, nem por favor. O cara entra na cara do gol sem bater.
A Série B não tem saia, drible da vaca, banho e outras frescuras. É ombro no ombro, puxão de camisa, dedo no olho que do pescoço para baixo é canela.
É cuspir no chão e dar duvida se o adversário passar daquele ponto, como nas peladas esquecidas da infância.
E nem adianta falar de fair play na Série B que ninguém fala inglês.
A Série B é menos chuteira e mais kichute. É Bruce Lee, é Chuck Norris.
Foi isso que o Náutico mostrou na distante Varginha, contra um time que a única coisa boa que tinha era o nome.
O Timbu foi forte. Acreditou na vitória além até do último minuto. E acabou sendo premiado por jogar feio.
Como se pede na Série B. Como tem que ser.