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Cristina Lyra e o filho derrubando prognósticos negativos

Karoline Albuquerque
Karoline Albuquerque
Publicado em 09/05/2015 às 10:41

EspecialMaes-Barrinha

PRÓLOGO

Ponha-se no lugar de uma mãe que acaba de saber que seu filho há pouco fora baleado. Na cabeça. As primeiras informações dos médicos são: 24 horas de vida e um por cento de chance. Foi a maior prova que o amor e a tenacidade de Cristina Lyra tiveram. Passaram com louvor. Neste domingo (10) ela passará o terceiro Dia das Mães na sua casa dos últimos três anos: o quarto do Hospital Português onde seu filho, Lucas Lyra, se recupera do tiro que levou no dia 16 de fevereiro de 2013 em frente ao Náutico, que enfrentara o Central, pelo Campeonato Pernambucano daquele ano. Com simplicidade, coragem e certeza ela diz: "Sou uma mãe muito feliz. Tenho muito amor dos meus filhos e sou grata por estar aqui todos os dias".

Como as primeiras notícias eram as piores possíveis ela também se preparou para o pior. Mas a seu modo, desconcertantemente altruísta. "Ainda que ele tivesse que ir embora agradeci pelos 19 anos (idade do filho no dia do incidente) em que pude ser mãe dele", lembrou a professora de artes. O 1% de chance que ouviu de médicos foi substituído por uma voz que ela garante ter ouvido dizer que ainda não era a hora. "Os outros 99% eram de Deus, tive muita confiança".

Os primeiros três meses foram os mais complicados porque as visitas eram limitadas a 40 minutos por dia. E por tão pouco tempo é claro que a prioridade era a mãe.

familia_lucaslyra_RB_770 Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

UM POR TODOS E TODOS POR UM

Era tudo muito diferente antes daquele 16 de fevereiro. Cuidando sozinha dos três herdeiros, Cristina era daquelas mães que encontraram a dose certa de misturar disciplina com amor: ao mesmo tempo em que abraçava e repetia 'Eu te amo' a Lucas e os irmãos Joel, estudante de Direito e Mirella, os orientava a dividir as tarefas domésticas, coisa que todos aceitavam naturalmente. "Fui e pai e mãe deles", afirma.

Desde que tudo mudou raras são as vezes que ela vai à antiga residência, a casa de número 410, na Travessa Francisco Lacerda, bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife. Fixou morada ao lado do filho e não passa mais de três horas longe dele. "Só saio quando precisa resolver alguma coisa e ele já fica perguntando quando vai voltar, se vai demorar muito..." Para casa volta tão pouco que lembrou apenas de uma situação, quando precisou pegar o título de eleitor e votar. Sentiu-se em outro lugar, um vazio.

"Não entro em casa. A sensação é de vazio porque minha família completa não está ali." A morte da mãe, avó de Lucas, que morava muito perto deles, em janeiro, aumentou ainda mais a distância do antigo lar. "Sinto muita tristeza".

A alegria mudou-se para o quarto onde Lucas se recupera. É lá que os quatro se encontram e externam o sentimento por palavras e atitudes. Igualzinho como faziam no cenário anterior. "Nossa relação sempre foi muito próxima, intensa. E continua assim. A única coisa que mudou foi o local".

A casa ficou aos cuidados da filha Mirella, sete anos mais velha que Lucas. Dia sim, dia não, dorme no hospital com a mãe e o irmão. Virou uma espécie de 'segunda mãe' de Lucas. "Sempre fomos muito unidos". Em alguns momentos também faz o papel de confidente. "Tem coisas que conversamos que ela (Cristina) não sabe, sim. Às vezes tiramos dúvidas um do outro sobre alguma coisa. Também damos conselhos um para o outro".

EPÍLOGO

Com a mesma fibra que encara sua nova condição Cristina olha para a frente e vê um futuro promissor. Os planos traçados até o 16 de fevereiro de 2013 não acabaram. Sofreram apenas um adiamento. "Lucas iria fazer vestibular naquele ano e daqui a algum tempo ele vai fazer, sim. Daqui a algum tempo vou fazer minha especialização em arteterapia. Não tem nada cancelado. É apenas uma espera."

Os progressos de Lucas só aumentam. Do 1% ele já avançou a mexer o lado esquerdo do corpo, o mais afetado - o direito já fora recuperado antes. "Me sinto cada dia melhor". E manda o recado para a maior protetora. "Minha mãe é uma mulher que Deus abençoou. Tenho muito orgulho dela ser minha mãe".

Lucas seria transferido no final de fevereiro para o Hospital Sarah Kubitschek, em Fortaleza, referência na reabilitação de pacientes com problemas locomotores. Não foi concretizada por conta de uma danificação no sétimo nervo, problema resolvido com uma cauterização. Dores na região do abdômen também estão passando por uma investigação. Quando a causa for combatida ele poderá viajar.

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