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Glórias no Sport, gols decisivos e fim de carreira precoce: Irani relembra passado

Ramon Andrade
Ramon Andrade
Publicado em 23/03/2013 às 10:47


Irani segura com carinho a camisa que mais defendeu na carreira. Foto: Rômulo Alcoforado

A casa espaçosa mas modesta, encravada numa das ruas de areia do bairro da Várzea, dá poucas indicações das glórias passadas. O corpanzil que agora Irani tem de levar consigo a toda parte também não depõe a seu favor. Para um observador pouco treinado - e sem dispor de informação prévia- é difícil detectar que aquele homem simpático de 37 anos, com visível sobrepeso, foi um jogador profissional. De títulos. De conquistas. De sucesso. O ex-atacante do Sport teve tudo isso. Sua carreira foi construída na Ilha do Retiro, onde atuou de 93 a 2001. Houve uma saída no período, em 97, quando rodou por Internacional (RS) e Guarani (SP), apenas para voltar ao Recife no ano seguinte. Ele foi um dos expoentes de uma geração de ouro que todo torcedor rubro-negro adora não conseguir esquecer.

O lugar onde mora com a mãe - "Para não deixá-la sozinha, depois que Deus levou meu pai"- não chega a ser um santuário do Sport. Quando o visitante entra pelo grande portão por onde passam os carros, vê, quase imediatamente, um pôster com antigas fotos de Irani, sobre fundo vermelho e preto, encimadas pela inscrição: "Sou Sport". Não há muito mais que isso. O que quase ninguém sabe é que o preto da imagem poderia ser substituído pelo branco. Porque Irani quase despontou no Náutico. "Eu comecei a jogar lá. O problema é que, em três meses, ninguém tinha nem me pedido a identidade. Depois de um trein, eu voltei de carona com um amigo que morava por aqui e sempre me chamava para o Sport. Quem estava dirigindo era um diretor do Leão, e eu nem sabia. Quando cheguei em casa, eles me ofereceram um contrato e uma ajuad de custo. No começo, eu não queria ir. Já tinha feito amigos no Náutico. Mas acabei aceitando".

Não dá para imaginar como seria sua carreira com o Náutico. Ele poderia ter conseguido título e sucessos. Mas o terreno das previsões é pantanoso. Atendo-se à realidade, é justo dizer que a decisão pelo Sport foi acertada. Ele lembra com carinho da equipe - multicampeã local. "Minha carreira começou a despontar em 94, quando a gente foi campeão da Copa do Nordeste. Aquele time da gente era muito bom. Nós já entrávamos na partida com confiança, sabendo o que fazer para vencer. Era duro derrotar a gente", lembra.

Irani nem precisa consultar seu acervo de recordações para decretar qual foi seu melhor momento com o Sport. A resposta vem fácil, como se na ponta da língua. "Foi 1998. Na final do Pernambucano, a gente venceu o Porto por 2 x 0 com dois gols meus, numa Ilha lotada. Foi um dos melhores momentos da minha carreira". A informação dele é interessante - mas incompleta. A bem da verdade, o estádio não estava lotado. Estava superlotado. Numa época em que conforto e segurança ainda não haviam tornado-se obsessões, exatos 56.875 rubro-negros tiveram de se espremer para ver os tentos decisivos do ex-jogador. Literalmente. Muitos deles só puderam assistir aos lances de lado.

A carreira dele, contudo, não teve apenas passagens felizes. Houve momentos de tristeza e dor. Um deles especialmente definitivo - que fez Irani encerrar a carreira com precoces 27 anos. "Eu tive lesões nos dois joelhos. Não conseguia mais jogar. Muita gente falava que eu deveria continuar, que eu poderia até enganar alguns clubes, mas eu não queria isso. E, por isso, acabei encerrando a carreira". A decisão não foi fácil. Nunca é. "Foi um desafio. Todo jogador passa por isso. Pensei: 'O que é que eu vou fazer agora?'", indagou-se.

As dúvidas sobre o futuro não o impediram de pendurar as chuteiras. No primeiro momento, Irani decidiu dar um tempo, curtir a família. Mas ele não conseguira acumular dinheiro suficiente para garantir um futuro confortável sem esforço. Em pouco tempo, teve de voltar ao batente. Sem qualificação profissional, uma vez que, como todo atleta, foi obrigado a abandonar os estudos para se dedicar integralmente à bola, fez de tudo um pouco. Até marmita teve de entregar. De Kombi. Hoje, não trabalha mais. Vive com os rendimentos de três alugueis de imóveis que possui na cidade. "Graças a Deus, meus pais sempre me ajudaram, desde novo, e eu nunca passei dificuldade. Mas o padrão é outro. Não posso mais comprar as coisas que comprava na época de jogador, claro. Nem fazer o que eu fazia", diz.

A condição financeira não é a mesma, mas o bom humor permanece. Questionado sobre um possível retorno ao meio do futebol, ele pensa em reeditar uma antiga e exitosa parceira. "Quem sabe, se Leonardo virar treinador, ele não me chama para ser assistente...", diverte-se. Poderia até não dar certo, mas que as boas lembranças alegrariam milhares de torcedores pernambucanos, não há a mais remota dúvida.

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