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Em entrevista ao UOL, Leão não vê polêmica no título de 1987

Ramon Andrade
Ramon Andrade
Publicado em 10/11/2010 às 15:09

Um dos mais polêmicos técnicos do País, Emerson Leão concedeu entrevista à reportagem do UOL Esporte esta semana. Na conversa, o treinador falou sobre mágoas e inimigos e se revelou chateado com o futebol.

“Tenho 47 anos no mundo da bola. Pensei em parar agora. Mas quero parar quando completar 50 anos de trabalho. É um número bom”, contou. Leão quer voltar a treinar em 2011 e já  foi sondado para isso.


Confira abaixo alguns trechos da entrevista. Para a matéria completa, inclusive com vídeos, clique aqui.


UOL Esporte: Como você está vendo o futebol nos dias de hoje?

Leão: Estou chateado. Nessas quatro ou cinco décadas, o futebol piorou em vez de melhorar, retrocedeu em vez de evoluir. Hoje, os jogadores, em vez de serem atletas profissionais, são ‘superstars’. Acham que podem fazer tudo. Perderam o compromisso, e isso me chateia como treinador. Os jogadores também passaram a ter donos. Não são mais só empresários. Mas o tempo da escravidão acabou....


UOL Esporte: Como é seu relacionamento com o Santos?

Leão: Trabalhei três vezes no Santos. Conheço bem, por dentro e por fora. Conheço as pessoas e o que envolve o time do Santos. É melhor ficar quieto.


UOL Esporte: Você acha que existe muita intromissão de torcedores no comando dos times de futebol?

Leão: Intromissão não pode existir. Pelo menos, não existe na minha cabeça. Um diretor do clube, por exemplo, sempre acha que entende de futebol. Ele dá uma opinião, e você mostra o que é certo e o que é errado. Até aí, tudo bem. Todo mundo pode conversar sobre futebol, mas não interferir na escalação. Agora, um torcedor não pode intimar você e dizer quem deve ou não ser escalado. Nem meu pai me intimava! Meu pai me aconselhava. Mas intimar, jamais! Hoje os valores estão invertidos, não é? Hoje, o cachorro foge do gato. Hoje, ser honesto é qualidade. Eu fui criado entendendo que isso era uma obrigação. É como dizia De Gaulle (Charles De Gaulle, ex-estadista e político francês), ‘o Brasil não é um país sério’...


UOL Esporte: Não foram poucas as brigas entre você e jornalistas. Você não se considera uma pessoa impaciente demais em algumas oportunidades?

Leão: Quando eu era menino, cansei de apanhar na rua porque não fugia. Você não pode só bater e contar vantagem. E as derrotas? É precisa falar sobre elas também. Mas você vai evoluindo, envelhecendo, ficando mais experiente. Hoje, não fujo da briga, mas evito. Antigamente, quando falavam que tinha uma briga no meio da rua, eu passava no meio dela. Agora, caso alguém diga que “tem uma briga por lá”, eu mudo meu caminho. Quando era jogador, fui obrigado brigar com um senhor quando eu defendia o Palmeiras. No primeiro movimento, ele caiu no chão. Lembro da imagem. Ele mereceu, mas não precisava ser daquela maneira. Eu era mais forte do que ele. Depois disso, enquanto não achei o cara para pedir desculpas, não sosseguei. Achei o cara, pedi desculpas e ele disse: “Sou palmeirense, tenho um imenso prazer em conhecê-lo. Não tinha nada que ter feito aquela graça com você. Você estava errado, mas eu fui pior ainda.” O que o brasileiro não entende, e a policia nos estádios ainda não entendeu, é que é preciso recriminar não só a agressão física como a verbal.


UOL Esporte: Depois de defender o Sport como jogador, você se aposentou e assumiu o time como treinador. Logo de cara, foi campeão brasileiro em 1987, ano do polêmico conflito com o Clube dos 13 e o título do Flamengo.

Leão: Não tem polêmica nenhuma, e sim regulamento. Campeão do Módulo Amarelo deveria jogar contra o campeão do Módulo Vermelho [na verdade, o nome do módulo era Verde]. Campeão do Amarelo foi o Sport. O Flamengo foi campeão do Vermelho. Era para ter o cruzamento dos módulos. O outro não quis cruzar. O Sport ganhou, foi campeão. Quer chorar, chora o que quiser. Perdedor tem direito de reclamar, não tem problema nenhum. A estrelinha do título está na camisa do Sport. Para minha nova carreira, aquilo foi um misto de alegria, medo, pois eu não sabia ser treinador. Naquele ano, eu joguei em um domingo, e na segunda-feira virei treinador. Não sabia o que fazer. Tinha experiência, mas passar a ser comandante dos seus companheiros é complicado. Eu dei sorte.

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