Repórter da Globo responde padre que o chamou de "Viadinho" durante missa

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Ana Anjos

Publicado em 16/06/2021 às 17:35
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Durante uma missa na Paróquia de Tapurah, no Mato Grosso, um padre da 'Pastoral da Família' chamado Paulo Antônio Müller, fez ataques homofóbicos aos repórteres Pedro Figueiredo e Erick Ranielli, ambos da TV Globo.

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As ofensas foram feitas após um vídeo de 2020, no qual Ranielli se declarou amorosamente ao seu marido, voltou a circular nas redes sociais no mês de junho.

O discurso do padre começou chamando o relacionamento dos jornalistas como "ridículo". Em seguida diz que o namoro não é como foi apresentado pela Globo, e chamou de forma pejorativa os dois de "viados".

Na sequência, o pároco citou o livro Gênesis da Bíblia: "Deus criou o homem e a mulher. Isso que é casamento". Depois ele diz para chamar a "união de dois viados e de duas lésbicas" por qualquer outro nome sem ser casamento. "Isso é falta de respeito para com Deus. Isso é sacrilégio, é blasfêmia. Casamento é coisa bonita e digna. O sentimento do amor é entre homem e mulher", reforçou Paulo. Assista:

A homofobia cometida pelo padre teve muita repercussão na web. Um dos internautas escreveu que por mais que o Papa tente mudar o olhar das pessoas em relação à igreja, alguns destilam ódio em nome da religião.

Após muitos usuários da web enviar o vídeo para os repórteres, na manhã desta quarta-feira (16) Pedro Figueiredo se manifestou. Em uma publicação, ele desabafou e questionou quem nunca sonhou em receber declaração de amor na TV e disse em seguida que teve essa sorte. O jornalista ainda relatou que naquele dia Erick era o único LGBT do grupo, contudo foi algo espontâneo, sincero e "um canhão de afeto". Veja a declaração e a resposta de Pedro:

Já o posicionamento de Paulo ou a Paróquia de Tapurah não existiu. Contudo, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso divulgou uma nota à imprensa. No trecho diz que o Ministério Público Estadual, por meio do Centro de Apoio Operacional de Defesa dos Direitos Humanos e Diversidades, repudia qualquer tipo de discurso de ódio.

"Reitera que as declarações efetuadas pelo padre extrapolam a liberdade religiosa e que podem até mesmo resultar na popositura de medidas extrajudiciais, de ação civil pública por dano moral coletivo causado à sociedade, bem como ação penal, por eventual crime cometido", afirma a instituição.

É importante saber que a LGBTfobia, desde junho de 2019, é prevista por lei como crime no Brasil. A prática ou incitação à discriminação ou preconceito em razão da orientação sexual é punida com 1 a 3 anos de prisão, além da multa. Portanto, se houver ampla divulgação da ação homofóbica em meios de comunicação, a pena pode chegar a cinco anos.

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