Repórter da Globo responde padre que o chamou de "Viadinho" durante missa
Durante uma missa na Paróquia de Tapurah, no Mato Grosso, um padre da 'Pastoral da Família' chamado Paulo Antônio Müller, fez ataques homofóbicos aos repórteres Pedro Figueiredo e Erick Ranielli, ambos da TV Globo.
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As ofensas foram feitas após um vídeo de 2020, no qual Ranielli se declarou amorosamente ao seu marido, voltou a circular nas redes sociais no mês de junho.
O discurso do padre começou chamando o relacionamento dos jornalistas como "ridículo". Em seguida diz que o namoro não é como foi apresentado pela Globo, e chamou de forma pejorativa os dois de "viados".
Na sequência, o pároco citou o livro Gênesis da Bíblia: "Deus criou o homem e a mulher. Isso que é casamento". Depois ele diz para chamar a "união de dois viados e de duas lésbicas" por qualquer outro nome sem ser casamento. "Isso é falta de respeito para com Deus. Isso é sacrilégio, é blasfêmia. Casamento é coisa bonita e digna. O sentimento do amor é entre homem e mulher", reforçou Paulo. Assista:
A homofobia cometida pelo padre teve muita repercussão na web. Um dos internautas escreveu que por mais que o Papa tente mudar o olhar das pessoas em relação à igreja, alguns destilam ódio em nome da religião.
Após muitos usuários da web enviar o vídeo para os repórteres, na manhã desta quarta-feira (16) Pedro Figueiredo se manifestou. Em uma publicação, ele desabafou e questionou quem nunca sonhou em receber declaração de amor na TV e disse em seguida que teve essa sorte. O jornalista ainda relatou que naquele dia Erick era o único LGBT do grupo, contudo foi algo espontâneo, sincero e "um canhão de afeto". Veja a declaração e a resposta de Pedro:
Já o posicionamento de Paulo ou a Paróquia de Tapurah não existiu. Contudo, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso divulgou uma nota à imprensa. No trecho diz que o Ministério Público Estadual, por meio do Centro de Apoio Operacional de Defesa dos Direitos Humanos e Diversidades, repudia qualquer tipo de discurso de ódio.
"Reitera que as declarações efetuadas pelo padre extrapolam a liberdade religiosa e que podem até mesmo resultar na popositura de medidas extrajudiciais, de ação civil pública por dano moral coletivo causado à sociedade, bem como ação penal, por eventual crime cometido", afirma a instituição.
É importante saber que a LGBTfobia, desde junho de 2019, é prevista por lei como crime no Brasil. A prática ou incitação à discriminação ou preconceito em razão da orientação sexual é punida com 1 a 3 anos de prisão, além da multa. Portanto, se houver ampla divulgação da ação homofóbica em meios de comunicação, a pena pode chegar a cinco anos.