A triste hora de dizer adeus para Carol Pessoa de Melo

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Mirella Martins

Publicado em 11/06/2021 às 8:45
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Um coração e um emoji fofo. Assim foi a última mensagem que Ana Carolina Pessoa de Mello deixou no meu celular. Ela era uma figura humana sensacional. Sempre alegre, animada, com sorriso no rosto. Trazia luz a qualquer ambiente. Era luz.

Era...

A publicitária morreu, nesta quinta, depois de nove anos, lutando contra um câncer de mama que virou metástase em várias parte do corpo. Difícil de acreditar. Mais ainda escrever. Fui reler nossas mensagens, ouvir nossos áudios... Sabe, Carol, eu ri novamente das nossas presepadas, revi vídeos, tive que concordar com algumas coisas e, sim, aprendi - como sempre - várias lições.

Carol foi uma lição de vida. Vivia o hoje. Tinha noção de toda a sua doença, mas nunca deixou se esmorecer por ela. Não se queixava. Transformou a dor em luta. E ajudou tanta gente. Conhecidos e anônimos. Para mim, um orgulho. Orgulho de luta.

Se você não teve o privilégio de ter a conhecida, te apresento. Carol era um ser diferenciado. Daquele que "enche a casa". Era uma unanimidade, querida por todos. Desde adolescente, sempre foi comunicativa, expansiva, mulherão.

Carol Pessoa de Melo. Foto Ashley/JC Imagem

Veio o diagnóstico. Tão nova. Tão cedo. Surgiu, então, uma leoa. A cada diagnóstico de metástase ou recidiva do câncer, protocolo na mão, sorriso no rosto e a segurança de que iria vencer mais uma. "Mi, faz parte. Vou ficar boa de novo". Vocês não têm ideia de quantas vezes, escutei e tive a certeza que de seria SIM verdade, mesmo sabendo das nossa limitações humanas. Não somos eternos.

Nunca. Nunquinha a ouvir reclamar ou questionar: "Por quê eu?"

De repente, virou influenciadora. "Blogueirinha", como brincávamos. No seu perfil do Insta, com quase 28 mil seguidores, compartilhava seu dia a dia entre quimios, cirurgias, dias de sol, make, auto-estima... Seu lema era “INfluenciando o BEM e o BOM”. Exatamente assim...

Era altruísta. Parava toda a sua agenda para se dedicar ao Outubro Rosa. Fazia palestras, dava testemunhos. Participava de tudo. Ela mesmo descobriu seu caroço fazendo o toque. Sempre dizia isso. Participava com maestria, alto astral e empatia. Sempre linda, charmosa e com uma narrativa de cura e superação.

https://www.facebook.com/watch/live/?v=2086068414747521&ref=watch_permalink

Por mais que conhecesse sua história, chorei algumas vezes com/ por ela. Chorei não pelo diagnóstico, mas por vergonha. Vergonha de ter me aperreado sem sentido. Vergonha pelo desespero sem motivo. Chorei com vergonha. Ponto. Vergonha de ter achado ruim ou questionado algo dentro da minha vida tão perfeita e privilegiada, enquanto não enxergar as imperfeições perfeitas do viver.

Para Carol, ter câncer foi um parênteses. Ela descobriu seu propósito, entendeu sua missão de vida: ajudar a tantas outras vítimas do câncer a lutar, a ter garra, a passar por essa jornada com sorriso no rosto, leveza, mesmo em dias mais difíceis.

Para mim, Carol não morreu. Pessoas como ela, não morrem ou, pelo menos, não deveria. Jamais. Foi um até logo. Se fechar os olhos, consigo até imaginar a cena triunfante: você chegando no céu. Fazendo barulho. Levando e sendo energia.

Vai com Deus. Sentiremos sua falta!

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