Emicida discorda de Luciano Huck em programa e critica elite brasileira: "Essas pessoas só têm dinheiro"
Emicida já deu provas de que é um dos artistas mais socialmente engajados, com falas que não são opiniões, mas são análises. No "Papo de Segunda" (GNT) desta terça-feira (8), do qual é um dos apresentadores/debatedores, o rapper contrapôs fala de Luciano Huck, convidado da semana, quando falavam sobre desigualdade e redistribuição de renda. Huck, como se sabe, flertava disputar a Presidência da República.
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O capitalismo e as exceções
Luciano Huck afirmou desconhecer "qualquer sistema que tenha tirado mais gente da pobreza do que o capitalismo". Emicida usou a própria história e colocou-se como uma exceção: "Não houve um cadastro que eu assinasse e dissesse que escolhi esse sistema econômico [o capitalismo] e queria participar. Nasci dentro dele e tive que me debruçar. E, infelizmente, para cada Emicida que chegou até aqui, quantos vão para a vala?".
De forma alegórica, o rapper contou como se sente quando é apontado como alguém que nasceu na pobreza, conseguiu sair dela e é tido como exemplo de superação. "'Ah, mas você é um cara bem-sucedido, nasceu num barraco de madeira e hoje tá confortável'. A imagem que me vem na cabeça é: você no penhasco contemplando uma imagem e alguém te empurra. Você se quebra todo, se agarra num cipó, se salva depois de tempos e com uma perna quebrada, perdeu a memória, uma série de desgraças, mas você consegue botar a mão no penhasco de novo. Aí a pessoa que te empurrou diz: 'tá vendo, fiz isso para mostrar seu potencial'", refletiu o rapper, que há alguns anos revolucionou o São Paulo Fashion Week ao colocar na passarela só pessoas pretas.
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A elite brasileira ou a burguesia
O apresentador Luciano Huck defendeu que "o Brasil precisa, finalmente, trazer o 1% da elite brasileira que sempre foi acusada em inação, quanto ao combate à desigualdade social, a se comprometer com parte da população". "Não é só para a consciência, é bom pro bolso", defendeu o apresentador
Emicida criticou o uso da palavra elite e defendeu o uso da palavra burguesia: "Eu me recuso a chamar de elite, porque elite é o que a gente tem de melhor numa categoria, essas pessoas só têm dinheiro".
O rapper também se colocou incrédulo quanto à proposta de mobilização da elite para distribuição de renda apresentada por Luciano Huck, que recentemente fez críticas ao governo de Bolsonaro. "Tenho minhas dúvidas quando escuto Luciano falar desse convite ao 1% e da predisposição desse 1% participar da redistribuição de riqueza, porque não faltaram conjunturas melhores para que esse 1% participasse da discussão e tomasse as rédeas", rebateu Emicida.
Assista a trecho do programa: