Abril Marrom conscientiza sobre saúde dos olhos e doenças que podem levar à cegueira

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Cadastrado por

Fabíola Blah

Publicado em 29/04/2021 às 8:09
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No Recife, o ICONE - Instituto de Cirurgia Ocular do Nordeste é centro de referência para acompanhamento completo da saúde da visão

A cada 5 segundos, uma pessoa se torna cega no mundo, de acordo com o Relatório Mundial de Deficiências e com o Vision 2020, ambos estudos conduzidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A OMS também aponta que, se mais ações efetivas de prevenção e tratamento fossem realizadas, 80% dos casos de cegueira poderiam ser evitados. É nesse contexto que reside a importância do Abril Marrom, campanha de conscientização a respeito das doenças que podem levar à cegueira.

“Considero que o glaucoma é o exemplo mais importante nessa prevenção, pois trata-se de uma doença que vai evoluindo lentamente, de forma assintomática, e pode chegar silenciosamente aos estágios finais, onde pouca coisa pode ser feita, deixando o paciente cego, de modo irreversível”, pontua o cirurgião e oftalmologista Álvaro Dantas, do Instituto de Cirurgia Ocular do Nordeste (ICONE), espaço em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, que é referência para tudo que diz respeito à saúde ocular. 

O glaucoma é o aumento da pressão ocular, que vai danificando lentamente as fibras do nervo óptico. Esse dano é irreversível e o paciente só percebe a perda da função visual quando mais de 90% do nervo óptico já foi destruído. “No caso do glaucoma, se a pessoa tiver o raciocínio que tem com a maioria das doenças, procurando o médico somente quando dói ou quando sente algo, não vai haver o diagnóstico precoce. Não vai ser possível detectar a alta da pressão nem a escavação mais profunda do nervo. Sem diagnóstico não há tratamento, por isso é importante a consulta periódica ao oftalmologista, mesmo que tudo esteja aparentemente perfeito”, destaca o especialista.

Além do glaucoma, as retinopatias diabética e hipertensiva e a degeneração macular relacionada à idade são outras causas comuns de cegueira irreversível. No caso dessas retinopatias, manter o quadro de diabetes e de pressão alta sob controle é fundamental para ter um bom resultado também no que se refere à saúde dos olhos. Álvaro Dantas detalha: “O diabético é um paciente que deve ser examinado anualmente; se já apresentar alguma alteração, de seis em seis meses ou até menos. O que a gente percebe no olho é um reflexo do que deve estar acontecendo em todo o organismo. É um sinal de alerta, inclusive para que ele saiba que, tratando de verdade do diabetes, pode haver tempo para evitar sequelas severas. O diabetes ataca o coração, o cérebro, os rins, a função sexual e o exame de fundo de olho é um bom parâmetro para saber o quanto a doença está avançando naquele organismo. Diagnosticar a retinopatia diabética é um ponto importante para evitar cegueira, e também para evitar todas as doenças severas, como infarto, AVC e nefropatias”.

Se a prevenção é o primeiro passo, quando é que se deve procurar o oftalmologista? Sempre, segundo Dantas. “A visão deve ser avaliada sempre e cada época da vida tem sua importância. De uma maneira geral, podemos dizer que o teste do olhinho é fundamental nos recém-nascidos, para descartar glaucoma e tumores. Uma nova consulta, mais completa, deve ocorrer quando a criança está sendo alfabetizada. Depois disso, periodicamente a cada 2 ou 3 anos, se não houver nenhuma queixa específica. Tem gente que vai pela primeira vez ao oftalmologista aos 40 anos. Isso é, do ponto de vista médico, um absurdo, porque essa pessoa contou exclusivamente com a sorte. Poderia ter uma doença que não foi diagnosticada e acabar pagando um preço alto por isso. É fundamental que a gente desassocie o exame de óculos do exame ocular”, reitera.

ICONE é o único hospital da América do Sul a contar com um microscópio digital OCT, com tomografia intra-operatória. Equipamento está à disposição desde dezembro de 2020 | Foto: Jailton Jr/JC360

Pioneirismo tecnológico

Mas quando a prevenção não é suficiente e a doença se instala, o acompanhamento do oftalmologista se torna ainda mais importante, para conduzir o paciente pelo processo que envolve o diagnóstico preciso e a estratégia de tratamento mais adequada. Neste caso, o ICONE oferece uma gama completa de possibilidades aos pacientes, graças à qualidade de seus profissionais e ao destacado pioneirismo tecnológico, marca da instituição.

Desde dezembro de 2020, por exemplo, está em operação no ICONE o Artevo 800, um microscópio digital equipado com OCT (tomografia de coerência ocular) intraoperatório, único equipamento desse tipo disponível em um hospital da América do Sul. “A gente muda o conceito cirúrgico através da tecnologia que foi incorporada ao microscópio. Além de iluminar e aumentar o tamanho das imagens, o microscópio digital com OCT me permite ligar o tomógrafo durante o ato operatório e examinar o interior do tecido ocular”, explica Álvaro Dantas. Ele especifica ainda mais: “Se tenho uma dúvida durante a cirurgia, consigo examinar aquele tecido com o tomógrafo e tomar decisões baseadas em informações precisas. Essa informação, que eu não teria de outra forma, me proporciona condições de atuar na hora da cirurgia de modo a alterar completamente o resultado. O efeito disso é segurança, precisão e menores riscos de complicações pós-operatórias”. 

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O microscópio digital Artevo 800 com OCT pode ser usado em diversos tipos de cirurgias, como retina, catarata, glaucoma e correções refrativas - possibilidade de um melhor tratamento para algumas das doenças que são alvo do Abril Marrom. No caso da catarata, maior causa de cegueira reversível e cirurgia mais realizada no ser humano, o equipamento pode ser útil em diversas situações adversas e inesperadas e, corriqueiramente, proporciona a realização de uma varredura ocular no final do procedimento para confirmação da aspiração total da catarata, descartando a presença de fragmentos ocultos não aspirados, prevenindo assim o risco de trazer o paciente ao bloco cirúrgico novamente. “É uma tecnologia de uso crescente na oftalmologia, ainda estamos descobrindo todas as suas finalidades. Quanto mais usarmos, mais vamos descobrir situações onde o OCT foi fundamental”, ressalta Álvaro Dantas. 

A despeito de oferecer tecnologia de ponta e toda a estrutura necessária para os tratamentos cirúrgicos, o oftalmologista frisa a importância da prevenção e o valor que campanhas como o Abril Marrom carregam. Para ele, dentro dessa conjuntura, um grupo de pacientes merece atenção especial: os idosos. “Pela própria fragilidade do organismo, eles são pessoas que reclamam pouco e facilmente se acostumam com a piora visual que inexoravelmente acontece pela catarata, comum a todos que envelhecem, comprometendo a qualidade e o interesse pela vida. A família deve levar seus idosos ao oftalmologista no mínimo anualmente. Enxergar bem nessa fase de vida é uma das coisas mais fundamentais. A baixa visual causa desânimo, infelicidade e perda da vontade de viver. Quando são operados e melhoram sua visão, recuperam também o entusiasmo pela vida. Algo que certamente repercute na sua maior longevidade, com mais felicidade e qualidade de vida”, acredita o especialista.

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