Na semana em que Nicette Bruno faria 88 anos, Beth Goulart diz que sentiu que partir "era uma escolha dela" e não julga parente que infectou a atriz

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ROMERO RAFAEL

Publicado em 10/01/2021 às 16:22
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Nicette Bruno teria completado 88 anos, se viva, na última quinta-feira, 7 de janeiro de 2021. A atriz, que faleceu no dia 20 de dezembro, vítima da covid-19, foi infectada em novembro por parente que a visitou, depois de uma rígida quarentena. A atriz Beth Goulart, filha de Nicette, concedeu entrevista ao Extra falando sobre a partida da mãe e também sobre o contágio pelo familiar.

De família espírita, Beth Goulart já havia declarado em entrevista que, adaptando o espetáculo "Perdas e ganhos" para Nicette Bruno estrear, sobre a morte de um grande amor, ela pressentiu que a peça não sairia antes da partida de seu pai, o ator Paulo Goulart, que faleceu em 2014. Agora, quando a mãe estava internada na UTI, Beth disse que teve intuição.

"Durante as orações pra mamãe, no início, eu falava: 'Que Deus permita que a senhora tenha saúde, que possa retornar pra nós'. Mas, em algum momento, eu comecei a sentir que era uma escolha dela. Então, comecei a dizer: 'Estamos abertos pro que a senhora quiser. Se preferir voltar, estamos aqui de braços abertos para ajudá-la em tudo, mas, se optar por seguir o caminho espiritual, vamos entender e aceitar", disse Beth Goulart.

Perguntada pela reportagem se teve receio de que Nicette Bruno escolhesse ficar por medo de que os filhos sofressem, Beth Goulart respondeu: "Sim, porque às vezes a pessoa pensa: 'eu tenho que voltar porque eles ainda precisam de mim'… Ninguém está preparado para se despedir da mãe, né? A dor é que nem a de um parto. Um parto ao contrário. Não tem parto sem dor. A dor existe. Faz parte. A gente vai viver isso durante pelo menos o primeiro ano de luto. Mas vamos nos alimentar sempre com lembranças positivas".

Já sobre o parente que infectou Nicette Bruno - que acendeu o debate sobre o cuidado com as visitas familiares nas festas de fim de ano -, Beth Goulart disse não culpar e ter compaixão pelo sofrimento da pessoa em ter causado o que não queria:

"Ninguém fez isso por querer. A gente sabe que, cada vez mais, temos que ter consciência de evitar determinadas coisas que possam levar ao contágio. Talvez essa pessoa não tenha tido o devido cuidado. Mas não dá para julgar o outro. Tem um poder superior, que sabe o porquê de tudo. E nós temos que ter uma certa compaixão também por essa pessoa. Não deve estar sendo fácil pra ela. Então, é alguém que precisa da nossa oração."

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