Jacaré confessa que chorava no camarim porque só davam atenção a Carla Perez: "Ela não tem culpa de nada, é culpa do sistema"

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 24/11/2020 às 18:02
Edson Cardoso, o Jacaré - Foto: reprodução
Edson Cardoso, o Jacaré - Foto: reprodução

Famoso nos anos 90 como Jacaré, dançarino e coreógrafo do É o Tchan, Edson Cardoso, que hoje vive no Canadá, onde trabalha como policial, confessou, em entrevista ao Extra, que, na época em que dançava no grupo baiano, chorava no camarim, porque a mídia só dava atenção a Carla Perez, a dançarina de maior sucesso do É o Tchan.

Sendo Carla Perez mulher e a única loira imersa entre integrantes negros - o próprio Jacaré, além de Débora Brasil, a outra dançarina da primeira formação, e os vocalistas Beto Jamaica e Compadre Washington -, a predileção por ela também pode relevar sobre o machismo e o racismo sistêmicos no Brasil.

"Um dos primeiros momentos foi quando aparecemos em rede nacional, e na TV todo mundo foi só em cima da Carla Perez. Não aparecia a gente, pois só queriam mostrar a Carla. Ela, claro, não tem culpa de nada, é culpa do sistema, da sociedade, que queria mostrar sempre a mulher. Éramos quatro negros, eu, Beto [Jamaica] e Compadre Washington, e chamavam sempre a mulher loura, e não a Débora [Brasil, a primeira 'morena' do Tchan]. E todo o grupo ficava triste, muito triste. Poxa, a gente batalhou tanto, ensaiava, criava, e os caras fazem isso, jogava só para uma pessoa. Eu chorava no camarim", contou Jacaré.

"Teve momento de ir para programa de televisão e eu não querer fazer aquilo. Chorava no camarim. Velho, só queria dançar. 'Não quero que as pessoas olhem para o meu órgão genital, para a minha bunda, minha barriga... Quero que vejam o movimento inteiro, a coreografia que eu passei horas tentando criar."

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