Cantora Maria Clara conta que vai processar empresária Luciana Hazin; Bruna Hazin defende a mãe

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 28/08/2020 às 19:22
Maria Clara com Luciana Hazin e Bruna Hazin em tempos de harmonia - Foto: reprodução
Maria Clara com Luciana Hazin e Bruna Hazin em tempos de harmonia - Foto: reprodução

A cantora e compositora pernambucana Maria Clara publicou, nesta sexta-feira (28), um vídeo explicando porque esteve ausente do Instagram - a postagem anterior da artista foi no dia 19 deste mês. Segundo Maria Clara, foram nove dias distante das redes sociais. Ela conta que, após manifestar à sua empresária a decisão de encerrar o contrato de gerenciamento de carreira, acordou com todas as redes e também o e-mail pessoal deslogados. "Eu criei essa conta [do Instagram] em 2013, construí ela do zero, e uma pessoa que chegou há dois anos na minha vida [me] tomou um trabalho de muitos anos", diz, no vídeo.

Embora não cite o nome, Luciana Hazin é a pessoa que empresariava Maria Clara, num trabalho junto com a filha, Bruna Hazin, namorada do cantor Jonas Esticado. Mãe e filha comandam a empresa 1B Music.

No vídeo de quase quatro minutos, Maria Clara fala: "Tudo isso aconteceu porque eu cheguei para ter uma conversa amigável com essa pessoa, falando que eu não estava satisfeita com a gestão; não estava satisfeita com a forma com que eu estava sendo tratada; estava sendo tóxico pra mim, me fazendo mal, e tudo parecendo maravilhas. Rede social engana e maquia uma realidade que não existe; às vezes, a gente é obrigado a mostrar uma realidade que não existe, rede social engana muito. Eu nunca agi de má-fé com essa pessoa, eu conversei amigavelmente, e fui apunhalada pelas costas". [No final do post, leia a transcrição do vídeo na íntegra]

Em outro momento, Maria Clara diz: "A única coisa que eu queria dessa pessoa era uma boa gestão da minha carreira, e eu não tive. Enfim, a nossa conversa agora vai ser na Justiça". Ela informa, que contratou uma equipe de advogados para cuidar do caso, e avisa: "Se, por um acaso, eu sumir do Instagram novamente, vocês sabem porque foi".

Já nos Stories, postou: "Muito lobo em pele de cordeiro. Ainda bem que enxerguei isso".

Defesa

Luciana Hazin não comentou o vídeo divulgado por Maria Clara, mas repostou um dos stories publicados pela filha, Bruna Hazin, em que foi marcada por outra pessoa. Numa sequência de vídeos, Bruna conta que era amiga da cantora e a apresentou à mãe; até que, há dois anos, estando a artista insatisfeita com seu antigo empresário, as duas a teriam ajudado a se desligar do contrato e fundado uma empresa, a 1B Music, para gerenciamento de carreiras, sendo a cantora tanto a motivação para o novo negócio quanto a primeira cliente.

"Quando ela falou 'não quero mais', minha mãe falou 'tudo bem, só que precisamos resolver e esclarecer algumas coisas, questões contratuais'. Minha mãe é uma mulher muito certa, então é tudo ali: papel, documento...", fala Bruna Hazin, afirmando que o imbróglio entre elas e a artista tem a ver com quebra de contrato. Ela diz, ainda, que foi feito um investimento grande, ainda sem retorno financeiro, e promete apresentar provas.

Sobre o Instagram, Bruna Hazin explicou o seguinte: "Quando ela assinou esse contrato, sabia que o Instagram dela era um contato profissional. Quando ela chega [e diz] 'olha, não quero mais, estou saindo', minha mãe falou 'tudo bem, agora você precisa vir aqui pra gente resolver as coisas, tanto para demitir as pessoas, e a gente acertar tudo'. Disso tudo tem print. Não dava para o Instagram ficar lá sem a gente ter o controle do que estava sendo feito. E quando você investe o dinheiro, você primeiro precisa tirar aquele investimento. Então, tudo o que rentabiliza alguma coisa precisa ser direcionado para aquele investimento". [No final do post, leia a transcrição dos stories na íntegra]

"Eu não quero amor de mãe de uma pessoa como essa"

Pelo que Maria Clara e Bruna Hazin falam em seus vídeos, a relação entre a artista e as empresárias tinha as fronteiras borradas entre o profissional e o pessoal. "A pessoa que falava que me tinha como filha. Eu sinto muito, mas eu não quero amor de mãe de uma pessoa como essa. Eu prefiro amor de mãe da minha mãe, que me criou, que cuidou de mim sozinha durante a minha vida toda e que me ensinou a ter princípios", conta Maria Clara, num dos trechos do vídeo, se referindo a Luciana.

Bruna Hazin relata que Maria Clara morava na casa delas e era tratada como membro da família. "Durante esses dois anos, Maria Clara morou na nossa casa como filha. Era a forma com que ela se intitulava, que a minha mãe a intitulava, e que eu a considerava - uma irmã. Ela estava dentro da nossa casa, dormia no quarto de hóspedes, tinha motorista. Por um tempo, até psicólogo ela frequentava, porque a gente queria que ela ficasse sempre bem. Todo mundo que convivia com a gente sabia, sim, e via a nossa relação. Era uma relação maravilhosa, éramos nós três pra tudo. Maria Clara tinha festa surpresa de aniversário, viajava com a gente, quando ia andar de barco em qualquer lugar... A gente sempre abraçou a família dela, a vida dela, as escolhas dela. Ela sempre teve muita autonomia, mesmo sendo uma pessoa bem difícil algumas vezes."

"Eu estou aqui injuriada, porque ela [Maria Clara] chegou até minha mãe através de mim, nós eramos amigas", diz Bruna Hazin.

Leia as transcrições dos vídeos:

Maria Clara

"Eu vim aqui falar sobre um assunto um pouco constrangedor, que eu não queria trazer a público, mas eu fui obrigada, porque eu estou há nove dias sumida do Instagram, e tem muita gente cogitando várias possibilidades. Vou explicar a vocês o que aconteceu para eu sumir: eu estou há nove dias deslogada do meu Instagram, acordei deslogada. Essa conta eu criei em 2013 e a minha empresária tomou ela de mim. Tomou minha conta de todas as plataformas, acordei deslogada do meu e-mail pessoal. Eu criei essa conta em 2013, construí ela do zero, e uma pessoa que chegou há dois anos na minha vida tomou um trabalho de muitos anos. Isso aqui é a única coisa que eu tenho. A única coisa que eu tenho na minha voda é o meu dom e as pessoas que me amam e que gostam de mim, e isso aqui [o Instagram] é a maior forma de eu me comunicar com essas pessoas. Tudo isso aconteceu porque eu cheguei para ter uma conversa amigável com essa pessoa, falando que eu não estava satisfeita com a gestão; não estava satisfeita com a forma com que eu estava sendo tratada; estava sendo tóxico pra mim, me fazendo mal, e tudo parecendo maravilhas. Rede social engana e maquia uma realidade que não existe. Às vezes, a gente é obrigado a mostrar uma realidade que não existe. Rede social engana muito. Eu nunca agi de má-fé com essa pessoa, eu conversei amigavelmente, e eu fui apunhalada pelas costas. A pessoa que me disse que nunca ia me prejudicar, que nunca iria me fazer mal, se algum dia eu tivesse vontade de me desligar. A pessoa que falava que me tinha como filha. Eu sinto muito, mas eu não quero amor de mãe de uma pessoa como essa. Eu prefiro amor de mãe da minha mãe, que me criou, que cuidou de mim sozinha durante a minha vida toda, que me ensinou a ter princípios. A mesma Maria Clara que saiu do interior [da cidade de Ferreiros, PE], com 16 anos de idade, para correr atrás de um sonho, é a mesma de hoje. A única coisa que eu queria dessa pessoa era uma boa gestão da minha carreira, e eu não tive. Enfim, a nossa conversa agora vai ser na Justiça. E eu estou vindo a público porque preciso preparar o meu público para isso; preparar para até, possivelmente, eu perder novamente o meu Instagram. Sei que é uma briga entre davi e golias - uma pessoa que saiu de casa com 16 anos para correr atrás de um sonho e que está se decepcionando com o empresário. Eu tenho direito de sair de um ambiente que está sendo tóxico pra mim. Eu tentei ter uma conversa amigável, resolver tudo da melhor forma possível, mas eu acordei com meu Instagram e todas as minhas redes sociais tomadas de mim, enquanto eu dormia. Quando eu acordei estava sem nada. Eu sei que todo mundo pensou que eu estava com depressão, com algum problema, mas graças a Deus eu estou bem, apesar de eu estar muito abalada emocionalmente com tudo isso que está acontecendo. É um pressão muito grande, eu senti muita falta de estar conversando com vocês, mas eu estou aqui por vocês, e eu vou entrar nessa briga pela minha família, pelas pessoas que me amam, pelos meus amigos que me apoiaram muito todos esses dias - foram dias difíceis -. mas eu vou ganhar essa briga, em nome de Jesus e com a ajuda de vocês. Muito obrigada a todo mundo que se preocupou com o meu sumiço. Eu estou com uma equipe de advogados muito competentes. A equipe vai cuidar de tudo isso e façam uma oração por mim a partir de agora. Obrigada por terem me ouvido até o final, mas eu precisa explicar tudo o que aconteceu. Peço orações por mim, por toda a minha família e todo mundo que está do meu lado nessa briga que agora vai ser um pouco longa e desgastante. Se, por um acaso, eu sumir do Instagram novamente, vocês sabem porque foi. Um beijo, fiquem com Deus."

Bruna Hazin

"Há mais ou menos dois anos, eu e minha mãe abrimos uma empresa chamada 1B Music, que seria para agenciar as carreiras de artistas. Começamos isso depois da procura da cantora Maria Clara para que a gente entrasse no projeto, porque ela tinha um empresário, mas não estava feliz. Ela afirmava ter uma relação abusiva, fomos com ela, resolvemos tudo em Justiça e OK. Durante esses dois anos, Maria Clara morou na nossa casa como filha. Era a forma com que que ela se intitulava, que minha mãe a intitulava, que eu a considerava - uma irmã. Ela estava dentro da nossa casa, dormia no quarto de hóspedes, tinha motorista. Por um tempo, até psicólogo ela frequentava, porque a gente queria que ela ficasse sempre bem. Todo mundo que convivia com a gente sabia, sim, e via a nossa relação. Era uma relação maravilhosa, éramos nós três pra tudo. Maria Clara tinha festa surpresa de aniversário, viajava com a gente, quando ia andar de barco em qualquer lugar... A gente sempre abraçou a família dela, a vida dela, as escolhas dela. Ela sempre teve muita autonomia, mesmo sendo uma pessoa bem difícil algumas vezes, e eu sempre estive ali no meio ajudando. A minha mãe entrou nesse ramo, e eu, por conta da Maria Clara. A minha mãe saiu de casa aos 19 anos como caminhoneira, trabalhou a vida inteira, e o nosso sustento não tem nada a ver com música. Foi feito investimentos muito grandes e, a partir do momento em que ela [Maria Clara] falou 'não quero mais', falamos que tudo bem, mesmo achando bem chato da parte [dela]. Mas, quando ela falou 'não quero mais', minha mãe falou 'tudo bem, só que precisamos resolver e esclarecer algumas coisas, questões contratuais'. Minha mãe é uma mulher muito certa, então é tudo ali: papel, documento... [...] As pessoas tomam algumas atitudes nas vidas delas que a gente, mesmo achando absurdas, não tem o que fazer. A gente não o direito de chegar e falar sobre as escolhas do outro ou criticá-las. Porém, a única coisa que estou tentando justificar é que, não, minha mãe não tem nada de abusiva. Maria clara era uma filha, e muitas vezes a própria sabia muito bem o que fazer pra pegar minha mãe pelo coração - minha mãe é muito 'coraçãozão' - e, talvez, tenha sido por isso que chegou onde chegou. Eu estou aqui injuriada, porque Maria Clara chegou até minha mãe através de mim, nós eramos amigas. Maria Clara sempre esteve ali do meu lado, e eu sempre fiz de tudo por ela. Maria Clara chegar para falar que minha mãe é abusiva, depois de a minha mãe ter feito tanto, por talvez minha mãe não concordar com algumas situações, alguns posicionamentos, dela, profissionais, que podiam prejudicar a imagem dela, de alguma forma... porque era a única coisa que a gente chegava, conversava e pedia calma; falava 'Maria, repensa, cuidado com as coisas que você fala'. Maria é uma pessoa muita impulsiva, muito de 'ninguém manda em mim', e a gente estava investindo dinheiro ali, minha gente. Era dinheiro! 'Ah, só pensa em dinheiro?' Não, mas era toda a nossa dedicação para aquele projeto. A gente - mais do qualquer pessoa - torcia para que desse certo, tanto por ela, por amar a ela, de verdade, quanto pela dedicação. Nunca foi nosso ganha-pão, sabe?

Ela [sua mãe, Luciana Hazin] não tomou o Instagram. Foi o seguinte: quando começamos com Maria Clara, tudo veio num contrato, certinho. Quando a gente fecha o contrato, está tudo muito explícito, ali, tudo muito bem resolvido. Tudo com Maria Clara era muito transparente, tudo que a gente fazia ela sabia, e quando ela assinou esse contrato, sabia que agora o Instagram dela era um contato profissional. Quando ela chega [e diz] 'olha, não quero mais, estou saindo', minha mãe falou 'tudo bem, agora você precisa vir aqui pra gente resolver as coisas, tanto para demitir as pessoas e a gente acertar tudo'. Disso tudo tem print. Não dava para o Instagram ficar lá sem a gente ter o controle do que estava sendo feito. E quando você investe o dinheiro, você primeiro precisa tirar aquele investimento. Então, tudo o que rentabiliza alguma coisa precisa ser direcionado para quele investimento. [Na] pandemia Maria Clara continuava recebendo o dinheiro dela certinho. Beneficiada de uma forma diferente, porque a gente não tinha capital de 1B Music para pagar os funcionários, [o dinheiro] era da minha mãe, das vendas de cerveja que não tem nada a ver com banda, e mesmo assim sempre pagando certinho, tendo muito compromisso."

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