"Não vou ficar mendigando", diz Fafá de Belém sobre dificuldade que artistas mais velhos têm de conseguir patrocínio para live

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 31/07/2020 às 17:37
Fafá de Belém - Foto reprodução
Fafá de Belém - Foto reprodução

Fafá de Belém concedeu uma entrevista ótima ao jornal O Globo, às vésperas de completar 64 anos, no dia 9 de agosto, e comemorando 45 anos de carreira. Fafá contou que a celebração será com uma live direto do Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal (a transmissão será a partir das 17h30, pelo horário de Brasília, com ingressos a 5 euros em www.cliveon.pt). E, embora seja esse um convite robusto, a cantora não deixou de expor a dificuldade de, mesmo uma artista com quatro décadas e meia de carreira - e repertório para cantar por horas -, conseguir patrocínio para uma live-show em seu País.

Em junho, Fafá de Belém fez a primeira e única live-show, até então. "Todo mundo adorava o projeto [da live], mas ninguém fechava. Então, chamei minha filha e disse: 'Não oferece para mais ninguém. A Kaiapó [sua empresa de produção de shows] banca. Eu não tenho 45 anos de história para ficar passando chapéu'. Não vou ficar mendigando patrocínio. Quase sempre, o pessoal de marketing das agências é muito jovem, com foco específico. E nós, artistas mais velhos, não fazemos parte desse universo. É como se não existíssemos. Você vê uma repetição nas lives, com uma fórmula XPTO, mas quem está cantando para a gente? Quem está falando da memória da música brasileira?"

Fafá de Belém contou, no entanto, que, após anunciar a live, recebeu telefonema de um dos diretores do Magazine Luiza, interessado em apoiar o projeto.

"[Ele] perguntou: 'Como é que a gente não está na live da Fafá?'. Aí ficou muito claro que existe um embarreiramento - e em um momento em que a gente fala de empoderamento feminino, que a mulher pode ter qualquer idade. Mas você vê que isso não está no departamento de marketing das empresas. É uma balela. É o marketing do departamento de marketing para se inserir no contexto. Na prática, não acontece. Depois do Magalu, veio a MDS, que é uma seguradora portuguesa. A partir daí, tudo começou a andar, e então eu fiz questão de falar desse assunto. Principalmente porque nós temos público e estamos em casa trancados. Mas fazemos parte dos invisíveis."

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