Angelines Fernández, a Bruxa do 71 do Chaves, lutou contra a ditadura na Espanha

Anneliese Pires
Anneliese Pires
Publicado em 02/07/2020 às 16:33
bruxa FOTO:

Quem é fã do seriado Chaves com certeza conhece bem a atriz Angelines Fernández. Ela fazia o papel da Dona Clotilde, a Bruxa do 71, que encrencava com todo mundo na vila. Mas antes de se tornar artista, ela fez parte do movimento que lutou contra a ditadura na Espanha.

De acordo com informações do Uol, a filha da atriz, Paloma Fernández, já mencionou em algumas entrevistas o papel da mãe na Guerra Civil Espanhola e na Ditadura Franquista, na década de 1930. Em entrevista ao portal oficial de Chaves, Paloma disse que Angelines participou do movimento revolucionário republicano e dos Maquis, grupo de oposição a Francisco Franco. Porém, a vida política obrigou a atriz a deixar a Espanha. "Quando atuava na guerrilha espanhola, minha mãe era classificada como antifranquista, então ela precisou deixar a terra natal, considerando que sua vida ficaria cada vez mais difícil", disse a filha. 

Angelines, então mudou-se para Cuba seguindo os mesmos passos dos militantes que fugiam do fuzilamento ou da prisão, em 1947. Pouco tempo depois, a atriz foi para o México, onde ficou eternizada pela personagem do Chaves e também onde viveu o resto da vida até sua morte, em 1994, aos 71 anos.

Apesar de ser conhecida pela personagem cômica, Angelines teve uma longa trajetória como atriz de produções dramáticas. No entanto, foi a Bruxa do 71 que marcou a carreira da artista. "Ela comentava comigo que se sentia triste porque ninguém queria ficar perto dela, porque tinham medo. Depois se acostumou e não se incomodava mais em ser chamada de bruxa”, disse Paloma. 

Para a Rocío González Naranjo, professora e pesquisadora pela Universidade de Huelva e administradora no Facebook da comunidade "El día que supe que era feminista", a história de Angelines precisa ser lembrada. "Embora Chaves também seja amplamente visto na Espanha e Angelines seja muito amada, sua história, infelizmente, foi silenciada [...] Ela e todas as mulheres antifascistas inspiraram muitas outras. E continuamos lutando não apenas pelo reconhecimento delas nos livros de história, mas também por igualdade salarial e contra os vários tipos de violência que podemos sofrer”, disse a pesquisadora em entrevista ao Universa.

Últimas notícias