"Eu tive muito medo de ser abandonado", revela Hugo Bonemer sobre quando contou à família que é gay  

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 28/06/2020 às 13:40
Hugo Bonemer - Foto: reprodução
Hugo Bonemer - Foto: reprodução

Neste 28 de junho, Dia do Orgulho LGBTQIA+, o ator Hugo Bonemer deu um forte depoimento ao Gshow sobre o seu processo de se assumir gay para a família. Ele fala do medo de ser rejeitado; sentimento experimentado pela maioria das pessoas LGBT. A quem vive essa encruzilhada, Bonemer recomenda que, ainda que oculte, não invente história; seja verdadeiro.

"Eu tive muito medo de ser abandonado. Esperei ser independente financeiramente para contar e aconselho isso a todos que acreditam que poderiam sofrer abuso psicológico no sentido financeiro. Meu conselho é: não crie expectativas nos outros que não vá cumprir. Oculte se sentir medo, mas não invente histórias que você precise desmentir depois. Cada escolha será definitiva para a construção de uma relação verdadeira, seja ela feliz ou não."

Familiares cortaram relação

Hugo Bonemer contou, ainda, que parte da sua família cortou relação quando ele se assumiu gay:

"Senti que algumas relações ficaram mais claras. Tiveram pessoas na minha família lá no Paraná que decidiram cortar os laços, e eu fiquei muito feliz com a decisão deles. A vida é melhor com qualidade do que quantidade."

Sobre os traumas que uma pessoa LGBT adquire durante a vida, ele incentiva que faça terapia para tratá-los:

"Eu faço terapia há 10 anos e continuo encontrando em mim lembranças antigas a superar, e recomendo a todos. Existem opções gratuitas em universidades."

Dia do Orgulho LGBTQIA+

Em 1969, a homossexualidade era considerada crime com pena que podia chegar à prisão perpétua em quase todos os estados norte-americanos. Lésbicas, gays bissexuais e travestis eram alvos constante de extorsão e espancamento por parte dos policiais.

No dia 28 de junho daquele ano, a polícia da cidade de Nova Iorque fez uma batida no bar Stonewall Inn para violentar pessoas LGBT, como de costume. Mas, pela primeira vez, encontrou grande resistência. Uma multidão encurralou os policiais dentro do bar e um grande confronto teve início, chegando a durar dias. Esse tornou-se um marco de resistência na luta por direitos da comunidade LGBTQIA+.

No ano seguinte, dez mil pessoal se reuniram na porta do bar e marcharam naquela que ficou conhecida como a primeira Parada da Diversidade e do Orgulho LGBTQIA+.

A sigla

Em LGBTQIA+ (sigla atualizada numa evolução das antigas GLS, GLBT e LGBT) estão contempladas as pessoas que, por orientação sexual ou identidade de gênero, identificam-se como lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros; queer, intersexuais (pessoas não-binárias) e assexuais.

O diretor João Jardim já falou, didaticamente, sobre a diferença entre orientação sexual e identidade de gênero, quando em 2016 lançou uma série sobre o assunto, "Liberdade de Gênero", no GNT. "Um dos maiores desafios é mostrar que a orientação sexual das pessoas, com quem elas transam – homem, mulher ou os dois –, não tem nada a ver com o gênero. Gênero é como as pessoas querem se expressar no mundo: se como homem, mulher ou nenhum dos dois", explicou.

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