Isolamento social mais rígido pode intensificar efeitos da quarentena, alerta psicóloga

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 15/05/2020 às 17:06
A psicóloga Mariana Guerra tem atendido online durante o isolamento social - Foto: Divulgação
A psicóloga Mariana Guerra tem atendido online durante o isolamento social - Foto: Divulgação

Com o isolamento social rígido em vigência no Recife, em Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe e São Lourenço da Mata, a partir deste sábado (16), a psicóloga Mariana Guerra reflete sobre como poderemos reagir a essa fase mais dura da quarentena, devido à pandemia do novo coronavírus. "Por ser uma forma mais restritiva de confinamento, pode provocar a intensificação de alguns efeitos próprios da quarentena."

"Diante das incertezas, as pessoas se angustiam e, nesse momento, vemos a angústia se manifestar em diferentes registros. A pandemia trouxe uma nova realidade, que exige de nós um trabalho de luto de nossa antiga vida. É preciso elaborar o que perdemos ao mesmo tempo em que o isolamento exige lidarmos com nós mesmos - não a partir do que há de mais agradável em nós, mas a partir do que há de mais angustiante. Para lidar com a angústia, recorremos àquilo que nos satisfaz, e que com frequência tende ao excesso, como o celular, a bebida, a informação. É preciso estar atento a isso", analisa a psicóloga.

Mariana Guerra faz outro alerta importante, ao colocar que o ódio com a excessiva convivência com si mesmo pode ser direcionado ao outro em forma de hostilidade, desentendimentos e até violência em casa. Ela conclui: "A restrição mais severa da circulação de pessoas provocada pelo isolamento social mais rígido produz a visão de uma cidade vazia, que remete a um vazio próprio do sujeito, angustiante e que aponta para a necessidade de encontrar novos investimentos. É um momento de reinvenção, em que a aposta no desejo é cada vez mais necessária. O trabalho pode ter função importante de manter o laço social ativo".

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