Três mulheres acusam ex-BBB Felipe Prior de estupro e tentativa de estupro

Samantha Oliveira
Samantha Oliveira
Publicado em 03/04/2020 às 12:21
Felipe Prior é arquiteto e participa do BBB20 (Foto: Reprodução/Internet/TV Globo)
Felipe Prior é arquiteto e participa do BBB20 (Foto: Reprodução/Internet/TV Globo)

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Em reportagem exclusiva da Marie Clarie, o passado de Felipe Prior, eliminado na última terça (31) do BBB20, veio à tona. Isso porque o arquiteto faz parte de uma investigação criminal, onde é acusado em dois casos distintos por estupro.

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Usando nomes fictícios, o portal contou a história de Themis, uma mulher que atualmente tem 27 anos. Ela contou que em agosto de 2014 acontecia a InterFAU; uma espécie de jogos universitários envolvendo o curso de Arquitetura e Urbanismo em São Paulo.

Na época, Felipe Prior, estudante da Universidade Presbiteriana Mackenzie, ofereceu carona a ela e outra amiga. Themis conta que estava "bastante alterada" por ter consumido bastante bebida alcoólica. Ela alega que depois dele ter deixado a amiga em casa, Prior estacionou o carro e desligou o motor.

Tentando beijá-la, Prior começou a passar a mão pelo corpo da jovem então com 21 anos. Themis descreve que foi levada para o banco de trás do veículo. Lá, o ex-BBB tentou tirar a roupa dela, além de deixar o órgão genital para fora. Mesmo sem conseguir resistir à violência, a mulher deixou claro várias vezes que não queria fazer sexo.

"Para de ser fresca, no fundo você quer, não é hora de se fazer de difícil", rebateu Felipe Prior. Assim, aconteceu o estupro. Themis conta que a violência foi tanta que o lábio vaginal esquerdo sofreu uma laceração. No momento do estupro, ela começou a sangrar e chorar, o que fez o então estudante parar. Ele ainda a ofereceu para levá-la ao hospital, mas ela disse que queria ir para casa.

Caso

A descrição de Themis faz parte do depoimento concedido às advogadas, também pertencente à notícia-crime. As profissionais protocolaram a investigação em março deste ano, no Departamento de Inquéritos do Fórum Central Criminal.

Na madrugada do mesmo dia do estupro, Themis foi com a mãe para o hospital. No documento do depoimento, consta uma descrição do ferimento. "Um corte de cerca de três dedos de comprimento na região genital; profundo o suficiente para chegar até o músculo". Tanto a mãe quanto outras três médicas não foram informadas do ocorrido.

"Ele é um cara impulsivo, agressivo"

Em entrevista à Marie Claire, Themis conta que o que o arquiteto mostrou no reality "não chega perto do que é na vida real". Ela descreve que escondeu a violência por seis anos, além de ter atrasado a faculdade em dois.

"Tranquei todas as matérias do curso porque vê-lo todos dias era torturante. (…) Tenho medo do que ele pode fazer, mesmo diante de uma acusação formal, com advogada e tudo. Mas não posso mais guardar esse mal para mim", completou.

InterFAU 2016

Dois anos depois, Felipe Prior ainda teria praticado uma tentativa de estupro, ainda de acordo com o documento. Dessa vez, contra a estudante denominada Freya pela reportagem, hoje com 24 anos.

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No depoimento, a jovem alega que Prior aproveitou do estado dela de embriaguez, também durante o InterFAU. Convencendo-a a entrar em uma barraca, Felipe tentou penetrá-la, usando de força física. Freya revela que o estupro só não aconteceu porque ela o empurrou, conseguindo fugir.

Outro estupro

Já em 2018, Felipe Prior voltou a cometer um estupro durante os jogos InterFAU. Dessa vez, em Itapetinga, contra a estudante Ísis - também pseudônimo. O relato da jovem, atualmente com 23 anos, se assemelha aos das demais.

Na época, ele a havia convidado para ir na sua barraca, onde os dois iniciaram a relação de forma consentida. Porém, Ísis percebeu que Prior começou a agir de maneira agressiva, e pediu para parar. O homem, no entanto, continuou a relação, desferindo tapas no rosto e corpo da jovem.

Mesmo chorando, Ísis relatou que Felipe disse várias vezes que ela não sairia de lá. Colocando-a de barriga para baixo, ela só conseguiu sair da barraca quando ele adormeceu. A então estudante ainda conta com duas testemunhas, que confirmam terem ouvido o choro e pedido de que Prior parasse.

Exposição

Essa não é a primeira vez que o passado do ex-BBB é exposto. Logo quando foi anunciado no Big Brother Brasil, algumas pessoas no Twitter comentaram sobre ele. "Vi um tuíte de uma garota que dizia que o Felipe tinha fama de assediador no Mackenzie", conta Freya em entrevista. "Foi quando entendi que a violência que sofri não era a única", desabafou.

Depois de ver o tweet, Freya buscou mais vítimas, e assim entrou em contato com Themis, que relatou o estupro. Assim, as duas começaram a agir em relação aos casos.

Foi em janeiro que as denúncias contra Felipe Prior repercutiram na web. No entanto, até ele aparecer no BBB, as três jovens não haviam feito a denúncia.

No último mês de março, inclusive, uma conversa com a organização da InterFAU foi publicada. Nela, a equipe respondia o questionamento de uma internauta no Twitter, sobre as acusações de assédio.

"Temos ciência do que está acontecendo e nos pronunciaremos no momento certo", afirmou o perfil do evento.

Justiça

As três mulheres contam atualmente com a mesma advogada, a criminalista Maira Pinheiro. Ela conta que as denúncias começaram desde o fim de janeiro, reunindo vítimas e testemunhas.

"Tivemos inclusive notícia de pelo menos uma outra, que acabou preferindo não depor", revelou a profissional. A advogada Juliana de Almeida Valente também representa as três vítimas. As duas entraram com um pedido de medidas cautelares, para que Prior não se comunicasse com nenhuma delas.

O pedido, inclusive, foi aceito pela Promotoria de Justiça do Estado de São Paulo, e aguarda julgamento. O caso pode se desdobrar em três inquéritos diferentes, já que aconteceram em cidades distintas.

Resposta

Enquanto isso, a assessoria do ex-BBB foi procurada e permaneceu, de início, em silêncio. Após isso, o assessor classificou as acusações como "mentira". Posteriormente, ele alegou que entraria em contato com a família para dar mais explicações. Até o fechamento da reportagem da Marie Claire, no entanto, o silêncio permaneceu.

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