Escolas de Samba em tom de protesto: Jesus negro e pobre e estudantes baleados

Samantha Oliveira
Samantha Oliveira
Publicado em 21/02/2020 às 8:51
Desfile da Mangueira em 2019 (Foto: Reprodução/Internet)
Desfile da Mangueira em 2019 (Foto: Reprodução/Internet)

Para quem acompanha os desfiles das escolas de samba, sabe que Mangueira passou por um marco durante o evento. Isso porque, há 30 anos atrás, o 'Cristo Mendigo' foi proibido de ir à público na Sapucaí. Agora, a agremiação traz Jesus com um perfil mais popular e marginalizado: ele será um homem negro, pobre e 'favelado'.

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Os detalhes foram divulgados pelo colunista Leo Dias, do UOL. A ideia do enredo da Mangueira é relacionar a crucificação do símbolo religioso com a execução da população negra no país.

E os dados não mentem: esse grupo é o que mais morre no Brasil, chegando ao número de 255 mil pretos e pardos entre 2012 e 2017. Os dados são do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, e falam sobre mortes intencionais no país.

Até agora, a diretoria da Mangueira vem guardando à sete chaves para não sofrer censura novamente. O desfile, inclusive, está sendo alvo de abaixo-assinados, feito por grupos religiosos, e já acumula 144 mil assinaturas.

União da Ilha

Enquanto isso, outra escola de samba também vai pelo viés do protesto. Dessa vez, a União da Ilha homenageará as crianças vítimas da violência do Rio de Janeiro. Assim, os músicos desfilarão com uniformes da rede de ensino pública do Estado baleados.

Quem estará à frente da ala, inclusive, é a Gracyanne Barbosa. A musa fitness representará o 'pedido de paz' nas instituições de ensino. O enredo, por sua vez, critica as políticas de Segurança Político do Rio de Janeiro. No Estado, tem sido cada vez mais comuns operações policiais realizadas de forma violenta, mais voltada para as áreas mais pobres.

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