Carnaval: óculos falsos são perigosos para a visão

Anneliese Pires
Anneliese Pires
Publicado em 05/02/2020 às 8:37
Foto: Unplash
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Calor e Carnaval são as palavras do momento, logo, óculos escuros viram mandamentos por questões de sobrevivência diante das altas temperaturas e dos agitos que tomam conta dos finais de semana. E com o receio de perder ou danificar os acessórios no meio da folia , além da influência da crise econômica e das redes sociais com modismos (temporários) o tempo todo, muitos optam por óculos do tipo réplica ou mesmo aqueles baratinhos, cuja proteção contra os raios UV pode ficar a desejar e ainda colocar em risco a saúde ocular, como destaca a oftalmologista Ana Karina Téles, do Centro de Olhos, em Boa Viagem.

De acordo com levantamento do Fórum Nacional contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), cerca de 41% do total de vendas de óculos no País são de origem duvidosa. Ana Karina Téles alerta que o que pode ser tão estiloso e mais vantajoso por um lado, por outro, pode sair caro com a saúde. A compreensão é simples. “Quando colocamos os óculos de sol, automaticamente, nossa pupila se dilata, pois entende que estamos em um ambiente escuro. E como esses modelos falsos geralmente não possuem as proteções básicas contra os raios UVA e UVB, a mácula, que consiste na região mais sensível da retina, pode ser prejudicada. E essa falta de proteção pode levar à catarata precoce e várias outras complicações, incluindo queimadura da retina e das pálpebras, facilitando fotoceratite, que é a inflamação da córnea, e até o risco de câncer de pele na região. A situação será ainda pior se a pessoa já tiver alguma lesão na pálpebra”, destaca.

Em algumas situações, os sintomas são mais expressivos. "Essa fotoceratite, por exemplo, pode vir acompanhada de desconforto, dor, fotofobia e até embaçamento visual, com comprometimento da camada superficial da córnea, o epitélio, que, ao ser danificado, expõe a inervação sensorial da córnea, causando muita dor e sensação de estar com areia nos olhos", reforça a oftalmo. ”Já o pterígio representa o dano crônico da exposição aos raios solares, com o crescimento de uma membrana fibrovascular sobre a córnea, avançando em direção ao centro do olho, e que pode atingir a região sobre a pupila ocasionando ardência, lacrimejamento, fotofobia e a perda visual reversível”, pontua.

A doutora também lembra que os cuidados começam na escolha dos acessórios, verificando principalmente se a peça dispõe de selos de qualidade como a certificação NBR ISO 15111. Não o bastante, ela indica levar o produto para análise de um oftalmologista, que poderá fazer teste simples sobre a proteção contra os principais tipos de raios UV – independentemente da idade de quem for usar. Outra recomendação dela é o uso dos acessórios mesmo em dias nublados e ao final da tarde. “O tamanho é uma questão que influencia consideravelmente, afinal modelos grandes que possam cobrir a pálpebra reduzem as chances do câncer de pele na área”, finaliza.

Outros dados

Estima-se que, em 2018, o Brasil teve perdas de R$193 bilhões para o mercado ilegal, um valor 32% superior ao registrado em 2017. Desse total, 9,7 bilhões são do setor óptico, o quinto no ranking dos mais afetados pelo mercado ilegal, atrás apenas de vestuário, cigarros, medicamentos e defensivos agrícolas.

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