A despedida de Francisco Brennand por Mirella Martins

Mirella Martins
Mirella Martins
Publicado em 19/12/2019 às 19:00
Foto: André Nery/JC Imagem
Foto: André Nery/JC Imagem

“A morte é a sensação violenta da vida; é o contrário da vida”, disse, ao Social1, Francisco Brennand, há dois anos, em virtude das comemorações dos seus 90. Era considerado gênio. Mestre. Um dos últimos remanescentes da fase modernista que contou com Lula Cardoso Ayres, Cícero Dias e Reynaldo Fonseca no nosso Estado. “Quero destacar a esplêndida capacidade do jovem Francisco, um artista em formação”, escreveu Abelardo da Hora, em 1944. Brennand nos deixou, na manhã estranha e chuvosa de ontem, depois de dez dias internado, no Hospital Português, devido a uma pneumonia.

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Dono de uma barba peculiar, calça bege, suspensórios e a fiel bengala, era único. Visionário. Diferenciado. Não criou apenas uma obra, mas um padrão de orgulho em PE. Foi um artista de e para todos. Era altruísta e fez questão de dividir o seu dom. Basta andar pelas ruas do Recife e se deparar com sua tão característica assinatura em paineis, esculturas, mural e quadros.


Sem falar na Oficina da Várzea; local-trabalho, refúgio, lar… Tudo idealizado com carinho, esmero e dedicação. O espaço agigantou-se, assim como seu talento, e acabou se tornando ponto turístico obrigatório da cidade. Recentemente, Francisco concluiu o desejo de o local se tornar Instituto, permitindo que seu legado fosse perpetuado. Era como sentisse o fim; espécie de prenúncio anunciado; realização de desejo, conclusão de ciclos. Talvez; coisas de artista, de gente sensível, especial… Que assim seja!

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