"O que queremos é normalizar um fato", diz Rachel Maia, CEO da Lacoste, sobre inclusão de negros no País

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 17/09/2019 às 7:45
Rachel Maia - Dayvison Nunes / JC Imagem
Rachel Maia - Dayvison Nunes / JC Imagem

Rachel Maia, CEO da Lacoste, era, talvez, mais assediada do que as peças com o crocodilo da grife, sexta-feira (13), no relançamento da loja do RioMar, agora sob o conceito Le Club, num alinhamento à marca globalmente.

É que, além de simpática e de ser uma presença iluminadora, Rachel é uma referência. Mulher negra, com origem na periferia de São Paulo, ela é exceção - mas é, sobretudo, voz importante para que não haja apenas exceções. "O que queremos é normalizar um fato. Onde há uma população de 54% e você vê, em grandes cargos executivos, menos de zero ponto xis por cento, nós temos que trabalhar para normalizar. Isso significa inclusão. Não entro nessa de que está na moda. Não tem nada de moda. Tem fatos, vamos normalizar os fatos", diz, sobre o abismo que separa brancos e negros no Brasil.

Rachel Maia - Foto: Dayvison Nunes / JC Imagem

Quanto às mulheres… "Tem menos porque muitas escolheram ou fizeram por elas a escolha de ficar em casa criando os filhos. Hoje elas podem fazer isso desde que seja uma escolha delas, e não uma imposição. E não queremos tomar o lugar de ninguém, queremos somar forças. A transformação só vem através de pensamentos novos ou inovadores. O mesmo não vai transformar."

A Lacoste no Brasil, a propósito, tem no cargo de CFO (o equivalente a direção financeira) também uma mulher, a francesa Elodie Perignon. Já no ano passado, a grife da França contratou sua primeira diretora-criativa, a estilista inglesa Louise Trotter.

Conceito

Recife foi a segunda cidade, após São Paulo, a ganhar a loja Lacoste Le Club, conceito que se alinha à grife mundialmente. "A Lacoste comprou a operação no Brasil em abril de 2018, então passa a ser uma subsidiária. Então, automaticamente, tem que fazer tudo o que globalmente se faz", explica Rachel Maia. "Hoje, no Brasil, não se pode abrir nenhuma loja [da Lacoste] que não seja nesse conceito; que tenha menos de 90 metros quadrados nem que não atenda o full silluet: homem, mulher, criança, foot wear, leather goods [peças de couro], o assortment [variedade] completo."

"O Norte e o Nordeste são muito importantes para o Brasil, e o Recife é um polo fashion, então a gente não pode ignorar isso. Temos que fazer movimentos estratégicos. Estar no Recife é estratégico; é um polo fashion, aqui reverbera", concluiu.

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