Burnout: Izabella Camargo fala sobre quando foi diagnosticada com a síndrome, problema de saúde que levou a Globo a demiti-la

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 05/07/2019 às 17:26
Izabella Camargo - Foto: @izabellacamargoreal
Izabella Camargo - Foto: @izabellacamargoreal

A jornalista Izabella Camargo, que até ano passado apresentava a previsão do tempo em telejornais da Globo, teve um apagão ao vivo, em agosto de 2018, quando não lembrou a capital do Paraná, Curitiba. Mas não foi por uma mera falha de memória - "A minha sensação era de profundo vazio. A minha vontade era de sair correndo, vomitar e pedir socorro. Você se sente absolutamente sozinho", disse ao UOL, num relato sobre como diagnosticou a síndrome de burnout, fenômeno ocupacional que, segundo a Associação Internacional de Gerenciamento do Estresse, afeta 30% dos trabalhadores brasileiros.

Depois do apagão, Izabella contou que foi afastada para cuidar da saúde, por 15 dias e depois mais 12 meses, pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), até que acabou demitida pela Rede Globo por não estar apta ao trabalho. Nesta quinta (4), porém, a Justiça determinou a reintegração da jornalista na emissora; uma vez que o trabalhador, ao retornar do INSS tem estabilidade de um ano.

Sintomas

Desde 2014 que Izabella Camargo observava sintomas que indicavam alteração na saúde, como manchas na pele, inchaço nas pernas, aumento de varizes e dores abdominais, mas jamais pensou que se tratasse de um problema só, e sim de vários isolados.

À época e nos anos seguintes, a rotina de trabalho ficou ainda mais puxada, quando passou a integrar o telejornal "Hora Um", que a fazia acordar entre meia-noite e 2h, além dos plantões de até 12 horas no fim de semana, duas vezes por mês, mais umas tarefas que assumiu e foram exigindo mais tempo na redação e trabalho sob pressão.

Já sabia o que era a síndrome de burnout, mas nunca desconfiou, até ser diagnosticada por uma psiquiatra. "Não imaginava, mas eu estava esgotada. Era tudo muito estressante." Revela que, no ápice do estresse, teve crises de choro antes de entrar no ar e, pior, pensamentos negativos; inclusive, suicidas.

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Burnout

Diferente do estresse, que é amenizado quando a pessoa sai do ambiente estressor, a síndrome de burnout contamina a vida pessoal - elimina o lazer da vida da pessoa e a deixa pessimista e até agressiva. O fenômeno ocupacional é caracterizado por três sintomas principais: exaustão e diminuição de energia, distanciamento de atribuição do trabalho e queda na eficácia profissional.

Em maio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) caracterizou a síndrome como um estresse crônico no trabalho. Em 2022, esse entendimento entrará em vigor na Classificação Internacional de Doenças (CID). De acordo com a Ass. Internacional de Gerenciamento do Estresse, policiais, professores, médicos, jornalistas e atendentes de telemarketing formam uma espécie de grupo de risco.

No caso de Izabella Camargo, além das pressões e do volume de trabalho, a alteração do ciclo circadiano (responsável por orientar o organismo quando dormir e acordar), devido ao trabalho de madrugada, foi relevante na compreensão do diagnóstico.

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Tratamento

Uma vez que observe estar sofrendo da síndrome de burnout, a pessoa deve conversar com o gestor e com a equipe de recursos humanos da empresa, para que se afaste do trabalho por um tempo. Em seguida, procurar um psiquiatra, para obter ajuda médica especializada e entender que a relação de trabalho é um dos aspectos da vida, e não o único. Além disso, investir em atividade física e alguma técnica de meditação.

No caso de Izabella Camargo, a jornalista - que continua em tratamento e se cuida para que os sintomas não ressurjam em outros trabalhos - conta que procurou a chefia e o RH da Globo, à época do diagnóstico, mas ninguém se dispôs a ouvir suas dores silenciosas nem mudá-la de horário, até que foi demitida. "O pior dia da minha vida foi voltar e ouvir da minha chefe que eu não servia mais."

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