Kéfera Buchmann diz que novo filme a ajudou a se aceitar

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 23/01/2019 às 15:18
Kéfera Buchmann - Foto: Dayvison Nunes / JC Imagem
Kéfera Buchmann - Foto: Dayvison Nunes / JC Imagem

Kéfera Buchmann está numa maratona aérea pelo Nordeste, às vésperas da estreia do filme Eu sou mais eu, dirigido por Pedro Amorim. Esteve em Salvador na segunda (21), chegou ao Recife nesta terça (22) e segue para Fortaleza, na quarta (23). O filme entra em cartaz em todo o País na quinta (24). Na tela, Kéfera vive Camila Mendes, uma cantora pop arrogante e detestada até pelo seu estafe que, depois de encontrar uma fã meio fada madrinha, volta ao tempo, chegando a 2004, quando ainda estava no colégio e sofria bullying. Reencontra Cabeça (João Côrtes, que tem viajado com ela na maratona de pré-estreia) e tenta refazer o passado, entre erros e acertos.

Antes da sessão de pré-estreia no Shopping Tacaruna (que teve de abrir uma segunda sala, tamanho o número de fãs), Kéfera deu entrevista ao Social1. Confira:

João Côrtes e Kéfera Buchmann na pré-estreia de "Eu sou mais eu", no Shopping Tacaruna - Dayvison Nunes / JC Imagem

O filme fala sobre bullying e li que você, ao gravar, lembrou do que sofreu na escola - por causa do corpo, do cabelo - tendo, inclusive, chorado. De alguma forma, esse trabalho te ajudou a curar alguma dor ou a tratar más lembranças?

Sim! Como sou produtora associada do filme, eu 'tava' desde o início do projeto, e a mensagem que eu queria passar era muito sobre o que eu vivi na minha infância e adolescência. O filme é um grande resumo sobre mim, e ter passado por esse projeto me ajudou a voltar a me aceitar, e não mais negar coisas que antes eu negava.

É o caso do cabelo?

Eu passei a assumir meu cabelo natural depois do processo do filme, porque quando eu virava a Camila que tinha o cabelo ondulado me sentia confortável e falava 'nossa, eu me sinto bem'. Eu preferia ser essa Camila do que essa [aponta para a personagem na adolescência, com cabelo ondulados, e depois para a fase em que é uma cantora famosa, com os fios alisados]. Na verdade, todo mundo [no set] gostava mais. Então, quanto mais autêntico a gente for, e quanto mais der importância para a nossa essência e para a nossa voz interior, mais chance há de a gente ser aceito. Não porque a gente vai se encaixar num padrão e ir atrás dessa validação vinda dos outros, mas porque a gente acaba gostando de quem a gente é, e acaba emanando isso. Quem gosta da gente gosta pelo que a gente é, e não pelo que a gente finge ser.

No filme, você interpreta uma artista arrogante. Na novela "Espelho da Vida" (Globo), você vive uma atriz de postura questionável. Sobre a Kéfera artista, como você cuida?

Terapia. Leitura. Autoconhecimento. Acho que a gente tem que cuidar muito da nossa saúde mental, porque todo nosso trabalho envolve muita exposição, mídia e pessoas opinando o tempo inteiro; se a gente não se cuidar e não se proteger fica chateado, triste, com o que lê, se deixa afetar por críticas. A gente tem que, realmente, saber se blindar nessas horas.

Kéfera Buchmann - Foto: Dayvison Nunes / JC Imagem

Você fala sobre bullying no filme e, recentemente, teve de defender o feminismo no "Encontro com Fátima" (Globo). Custa caro a vocês artistas defenderem esses discursos?

Sim, mas é aí que entra a parte de que temos de, realmente, deixar a essência fluir. Principalmente quando nós mulheres bancamos as nossas próprias opiniões, quando usamos nossas vozes para sermos ouvidas, gera revolta, porque as pessoas não estão acostumadas. É normal que a galera fique nervosa e xingue com a ideia de uma mulher usar a sua voz num lugar em que ela tem espaço, na TV aberta, para falar o que ela pensa. Foi o que aconteceu. Mas é isso: cada vez mais eu 'tô' dedicada a mim mesma e a não fugir a nada só para agradar os outros, a realmente ir no que eu acredito, de acordo com os meus valores, princípios, minhas ideologias. O filme fala sobre isso - o que os outros falam não importa, o que importa é como você se sai e se sente, no final das contas.

Kéfera voltaria no tempo que nem a personagem?

Não! Ainda mais se eu soubesse que ia fazer esse filme. Eu não voltaria no tempo e passaria por tudo de novo, porque eu saberia que esse filme ajudaria muitas pessoas. O que eu 'tô' tendo de feed back, as críticas que eu 'tô' lendo, é tudo positivo. Então, acho que a gente 'tá' conseguindo tocar no coração das pessoas, de quem sofre bullying e de quem faz.

Assista ao trailer:

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