Conheça o frescor de dois novos brechós no Recife

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 13/01/2019 às 12:26
A modelo Manoela Jordão para ensaio do Brechó de Sal - Foto: Matheus Pedrosa / Divulgação
A modelo Manoela Jordão para ensaio do Brechó de Sal - Foto: Matheus Pedrosa / Divulgação

Abandone ideias mofadas sobre o que são brechós. Pelo contrário, há uma juventude interessada nas peças de segunda mão. Trata-se de uma geração que pensa sobre consumo de forma diferente; antenada ao conceito sustentável de moda cíclica e consciente, que prega tanto pela durabilidade dos produtos quanto por fazê-los circular quando não fizer mais sentido no guarda-roupa. Há, ainda, outras motivações importantes – seja por estilo ou de ordem econômica.

"Numa loja de departamento, uma camisa custa, no mínimo, R$ 150. Não é todo mundo que tem grana para investir em roupa sempre. Eu, por exemplo, não tenho dinheiro para as marcas de que eu gosto, mas o brechó me proporciona consumir", conta Marcela Maya, jornalista e cantora de 25 anos, que se tornou empresária ao abrir, em dezembro, a Demodè, um misto de brechó mais espaço colaborativo no Parnamirim, Zona Norte do Recife.

O testemunho de Marcela, segundo ela, é semelhante ao que relatam seus amigos. Diz repeito a uma galera que é interessada em moda, mas com limites de compra, financeiramente falando. No caso da Demodè, uma t-shirt era anunciada no Instagram por R$ 32. "Preço justo, peças boas e que contemplem todos os corpos" é a tríade de intenções da loja.

Os modelos Jáder Cabral de Melo e Dharma Cavalcante, com peças da Demodè para vestuários masculino, feminino e agênero, em ensaio com direção de Ana do Amor - Foto: Virgínia Ramos / Divulgação

Tanto que, nessa de ela mesma ir ao garimpo, tem procurado cobrir carências de peças para os públicos agênero, masculino e plus size. Sobre este último, representa já uma boa parte das pessoas que buscam o brechó. "Elas relatam dificuldade de conseguir roupas bonitas e que valorizem os corpos, nas lojas normais. É sempre aquela modelagem quadrada, quase como uma túnica."

A modelo Lilla Marinho, com peças da Demodè, em propostas de vestuário plus size, em ensaio com direção de Ana do Amor - Foto: A Menina da Câmera / Divulgação

Instalada numa sala do mercado de produtos saudáveis FitGrão – com roupas limpas, em ótimo estado e jamais cheirando, sequer, a naftalina – não raro Marcela ouve algo do tipo "Nem parece um brechó". Mas é. E, para ser fiel ao propósito sustentável, não há sacola de plástico. Então, leve sua ecobag!

Vintage

Também por gostar de brechó, o designer de moda Matheus Pedrosa criou o próprio, em maio de 2018. Chama-se Brechó de Sal, numa referência ao condimento que tanto conserva quanto realça sabor. No caso do seu negócio – hoje apenas virtual, via Instagram –, as peças têm, no mínimo, 20 anos. É essa característica que as tornam vintage e interessa a ele. "Se não, é uma peça já do agora."

Portanto, a experiência de moda que Matheus oferece envolve tempo, memória e afeto. O gatilho para isso pode ser desde uma ombreira – que, aliás, está de volta ("dizem que as tendências de moda retornam a cada 20 anos", lembra ele) – ou ainda uma peça de linho da Braspérola.

As modelos Manoela Jordão e Heloísa Sena com peças do Brechó de Sal - Foto: Matheus Pedrosa / Divulgação

O público do Brechó de Sal pertence à faixa-etária entre 20 e 35 anos, sendo a maioria mulher. Para este ano, há plano de ter um espaço físico. "A relação com a roupa é importante, porque a experiência é rica – a pessoa olha, pega no tecido, conversa e traz histórias", diz Matheus, que já teve uma marca de roupas. "O processo de produzir é muito difícil, principalmente para quem é pequeno. É caro, sujo e trabalhoso. O brechó é uma experiência de consumo diferente. E é complementar: tem de ter gente criando, mas tem de ter também essa opção."

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