Ao invés de pincéis, ataduras. No lugar dos rabiscos em telas, socos e chutes nos aparadores acolchoados. Foi assim, através das artes marciais, que um grupo de seis mulheres que moram no mesmo prédio encontrou seu meio de expressão. Chamadas carinhosamente de "As Coleguinhas Fight Club", elas realizam treino com o personal fighter Fernando Machado há mais de seis meses. O método dele é novo e consiste em uma visão mais ampla e humana dos alunos.
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"Não adianta tentar desenvolver sua carreira e relações familiares se você não tem energia e saúde. Alimentação e exercícios físicos são fundamentais, apesar de muitos não enxergarem isso como prioridade. Quando a alimentação está organizada e você realiza exercícios não só para seu corpo, como também para sua mente, os resultados aparecem em outras áreas da sua vida", explica Fernando Machado.
Ele afirma que muitos o procuram com a finalidade de emagrecimento, mas permanecem no fieis ao treinamento pelo tratamento intimista com os alunos. O processo começa com um trabalho de investigação. Pergunta-se como estão os relacionamentos das pessoas e, a partir daí, descobre-se o peso que as pressões sociais têm nas suas vidas. Em seguida, há uma introdução técnica e inicia-se um trabalho com aparadores. Utilizando técnicas de chutes e soco, o conteúdo emocional é expurgado na forma de suor. No fim de treino, o corpo está cansado e a mente relaxada.
A base para a filosofia de Machado vem do oriente, que entra no sentido de controlar corpo e mente. "Sou adepto do Shaolin do Norte, um estilo de Kung Fu tradicional que tem por base o trabalho mental. Então trabalhamos com essa questão de mindsetting para desenvolver as capacidades delas, que tem por finalidade essa descompressão".
Já nas questões de do corpo, outras escolas tradicionais misturam-se para que os alunos tenham um leque mais amplo de movimentos. Fernando explica que utiliza elementos do Kung Fu tradicional, boxe chinês, boxe tailandês e do boxe inglês. As sequencias são adaptadas para que se trabalhe melhor o conteúdo emocional.
Cecília Lemos, integrante das "Coleguinhas", fala sobre o treinamento: "Sempre tive vontade de praticar artes marciais. Nas academias academias tem algo parecido. Mas aqui, nós entramos e aprendemos juntas. Conseguimos extravasar tudo na aula, descarregar as energias negativas e colocar os fantasmas pra fora. É uma verdadeira terapia mental e corporal. Fiquei muito mais calma na minha vida: na minha casa, com meus amigos e no ambiente de trabalho".
Outra integrante do grupo, Tarcia Freire Cutarelli, aponta que a vontade de permanecer fiel ao treino vem das diferenças entre as aulas: "O treinamento é diferente justamente porque é diferente sempre! Nunca temos uma aula igual a outra. Apesar de alguns movimentos se repetirem, sempre experimentamos novas sequências e variações. Não enjoa e sempre nos motiva a querer aperfeiçoar a técnica".
Tarcia, além de trabalhar como bancária, é mãe de duas garotas. E, assim como as amigas, tem nas artes marciais um momento de relaxamento: "Acredito que posso falar por mim e pelas colegas, que somos todas muito ativas e cheias de responsabilidades (trabalho, estudos, família). Isso dá trabalho e stress!". A aula nos alivia das tensões. Expressamos nossos sentimentos reprimidos. Ansiedade, tensão, stress... sai tudo nas 'lapadas'. Além disso, há o benefício da perda de peso e condicionamento físico".
