Leia nossa última entrevista com José Pimentel: “Não tenho medo da morte"

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 14/08/2018 às 16:12
José Pimentel em cena na Paixão de Cristo do Recife, em 2011 - Foto: Ricardo B. Labastier / Arquivo JC Imagem
José Pimentel em cena na Paixão de Cristo do Recife, em 2011 - Foto: Ricardo B. Labastier / Arquivo JC Imagem

Todo ano, quase às vésperas da Semana Santa, o Social1 costumava conversar com José Pimentel para saber da via-crúcis que ela atravessava para montar a Paixão de Cristo do Recife, sobretudo, devido ao corte de verba. Neste ano, nos falamos um pouco antes, em janeiro, durante o lançamento da sua biografia, José Pimentel - Para Além das Paixões, escrita pelo jornalista Cleodon Coelho e lançada pela Cepe, na Coleção Memória.

Apesar de o livro apresentar mais do que o óbvio - como o passado halterofilista - da vida do ator, diretor e dramaturgo que partiu nesta terça-feira (14), aos 84 anos, a gente se concentrou na despedida de Pimentel - não por decisão própria - do papel de Jesus Cristo, que ele interpretou por 40 anos, primeiro em Nova Jerusalém, depois no Recife. Por que tanto apego?, queríamos saber. Notadamente incomodado, ele nos falou sobre o adeus. Acompanhe a entrevista publicada originalmente na coluna Social1, do Jornal do Commercio, em 13 de janeiro de 2018.

Já havia pensado se sua vida daria uma biografia?

Sim... Fiz tanta coisa, que, juntando, mesmo que fosse ruim, de má qualidade, daria. As pessoas podem não gostar, a história pode ser ruim, mas ela está aí impressa.

Como o senhor tem encarado sua substituição na Paixão do Recife?

Eu não gosto, não.

É contra a sua vontade?

É.

Mas o senhor continua na direção, certo?

É. Talvez eu faça outro papel; ou talvez eu nem faça nada. Eu não sei o que é que eu vou fazer.

Qual outro papel lhe interessaria?

Eu faria Pilatos de novo [ele já havia interpretado o personagem em Nova Jerusalém].

E qual qualidade de Jesus Cristo o senhor mais admira?

A forma como ele passava o amor para as pessoas. Há dois mil anos a história é a mesma e as pessoas continuam vendo paixões de Cristo por aí afora... É a prova segura de que esse homem foi maravilhoso; de que é um exemplo de vida e de coisas boas que um ser humano pode fazer.

É por isso que a Paixão de Cristo continua interessante ao público?

É uma história que toca profundamente o ser humano; fala das nossas mazelas, dos nossos defeitos, pecados... Acho que isso atrai o público.

Como Jesus Cristo, o senhor já morreu 40 vezes em cena. Pessoalmente, como lida com a morte?

Eu não tenho medo da morte. Às vezes eu penso nela, porque ela está aí acompanhando a gente, a vida toda, mas não tenho medo nem pavor.

O senhor também já ressuscitou 40 vezes. Acredita?

Não.

E em reencarnação?

Também não.

Na sua trajetória, existiu algum Judas?

Existiu e existem. Continuam existindo, assim como os Pilatos, entendeu? Só o Cristo é que está difícil de aparecer um.

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