Angelina Jolie visita campo de refugiados no Iraque e pede fim dos conflitos na Síria

Victor Augusto
Victor Augusto
Publicado em 18/06/2018 às 9:55
Angelina Jolie em campo de refugiados no Iraque (Imagem: AFP)
Angelina Jolie em campo de refugiados no Iraque (Imagem: AFP)

A convite da Organização das Nações Unidas (ONU), Angelina Jolie visitou um campo de refugiados sírios no Iraque. Lá, a atriz opinou que é preciso tomar atitudes que encerrem os conflitos, ao invés de respondê-los e aumentar o sofrimento das famílias locais. O campo existe desde 2011 e abriga cerca de 40 mil sírios.

"Espero que este ano, na ocasião do dia mundial dos refugiados (20 de junho), encontremos a força para avançar para uma nova era de prevenção dos conflitos e redução da instabilidade, mais do que agir simplesmente sobre suas consequências. Quando não existe sequer a menor ajuda, as famílias dos refugiados não podem receber um tratamento médico adequado, as mulheres e meninas se encontram em posição de vulnerabilidade frente às violências sexuais, muitos meninos não podem ir à escola e nós perdemos a oportunidade de investir para que os refugiados possam adquirir novas habilidades e, assim, ajudar suas famílias"

Angelina Jolie em coletiva feita em Domiz, Curdistão iraquiano.

Crise dos Refugiados

Segundo o The Guardian, até 2016 o conflito da Síria já havia deixado mais de 400 mil mortos. As cidades destruídas entre as bombas e rajadas de tiros trocadas entre as forças leais ao governo do ditador Bashar al-Assad e os rebeldes fizeram com que os sobreviventes se deslocassem e buscassem uma vida mais segura na Europa. Para isso, vários se arriscam em embarcações precárias que acabam afundando. Caso cheguem em solo europeu, ainda devem enfrentar a difícil tarefa de conseguir abrigo.

Cidade Síria de Binnish (Imagem: AFP) Crianças fazem passeio por Binnish, cidade Síria (Imagem: AFP)

Muitos acabam se refugiando em outras áreas do Oriente Médio, como é o caso das 40 mil pessoas que vivem no campo visitado por Angelina Jolie. Estima-se que metade da população síria (cerca de 13,5 milhões de pessoas) já se encontre desabrigada após os 7 anos de conflito.

Guerra na Síria

O conflito na Síria se iniciou quando a população, inspirada na primavera árabe, começou a protestar de forma mais incisiva em busca de mais democracia e liberdade de expressão no país governado pelo ditador Bashar al-Assad, que havia sucedido o pai Hafez, em 2000. Os protestos foram reprimidos com violência e quando os manifestantes pegaram em armas, uma guerra civil estourou no país. Grupos rebeldes se formaram para expulsar forças do estado sírio de vilarejos.

Rebeldes sírios (Imagem: Abazeed / AFP) Rebeldes sírios (Imagem: Abazeed / AFP)

Em 2012, a guerra chegou em Damasco, capital da Síria e, logo depois, em Aleppo. Não demorou para que o conflito se complicasse e não se resumisse aos defensores de Assad contra os rebeldes. A guerra virou sectária entre a maioria sunita contra os xiitas alauítas. Nesse ponto nascem os grupos radicais e jihadistas, como o Estado Islâmico.

Os jihadistas surgiram como um terceiro lado, enfrentando tantos os rebeldes moderados quanto as forças do ditador Bashar al-Assad. O Estado Islâmico e suas práticas brutais chocaram o mundo. Logo estados com EUA e Rússia interviram, cada um com seus interesses.

Os norte-americanos apoiam o exército curdo, uma força revolucionária anti-jihadista que atende pelo nome de Unidades de Proteção do Povo Curdo. O grupo de milícias opera no norte da Síria e é o braço armado do Partido de União Democrática, oposição de Assad que surgiu junto com os protestos de 2011. Eles são apoiados com com ataques aéreos comandados por Washington.

Capacetes brancos tentam resgatar civis após bombardeios aéreos (Imagem: OMAR HAJ KADOUR / AFP) Capacetes brancos tentam resgatar civis após bombardeios aéreos (Imagem: OMAR HAJ KADOUR / AFP)

Apesar do apoio, os EUA, assim como a França, procuram não atacar diretamente o governo Sírio. Um dos motivos? Assad é apoiado por ninguém menos que a Rússia. Com o apoio das forças de Putin, o governo sírio conseguiu retomar a cidade de Aleppo. Entre os bombardeios, surge um ataque químico e as acusações caem sobre Assad. A era Obama tentava derrubar o ditador, enquanto o governo Trump foca em acabar com o EI. O Irã também busca defender seus interesses e já desembolsou bilhões de dólares no apoio ao governo sírio.

Em contrapartida, os rebeldes receberam o apoio da Arábia Saudita e a oposição do governo tem conseguido atrair o apoio de outros estados, como Catar e Jordânia. No meio disso, os civis se encontram desamparados, pois forças humanitárias não conseguem chegar nas zonas necessárias. Estima-se que, além dos 400 mil mortos entre os conflitos, outros 70 mil tenham falecido de sede ou fome.

Dessa forma, fugir para acampamentos como o visitado por Angelina Jolie acaba sendo a única opção para as famílias que se encontram nas zonas de guerra.

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