Brasil x Suíça | Conheça uma família que divide coração, identidade e torcida no primeiro confronto da seleção brasileira

Victor Augusto
Victor Augusto
Publicado em 16/06/2018 às 15:17
Família Bargetzi assiste o confronto entre Brasil e Suíça de forma peculiar (Imagem: Dayvison Nunes / JC Imagem)
Família Bargetzi assiste o confronto entre Brasil e Suíça de forma peculiar (Imagem: Dayvison Nunes / JC Imagem)

Pés em solo nacional, corações e família na divididos neste Brasil x Suíça de domingo (17): assim vive a família Bargetzi, que acompanha o primeiro jogo da seleção brasileira torcendo tanto para as camisas verde-amarelas quanto para as vermelhas.

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Descendente de suíços que vieram para o brasil em 1939 e nascido entre os hábitos do país europeu e os costumes nordestinos, Pedro Leo Bargetzi casou-se com uma brasileira e deu continuidade à família, que hoje é composta por ele, Ana Carmem (filha), Maurício Lacerda (genro) e os netos Thiago e Mariana. Todos os parentes de Pedro têm dupla nacionalidade e viajam com certa frequência para o país europeu. Maurício está no processo para obtê-la.

Brasil x Suíça: Torcida dividida, comemoração garantida

"Se o Brasil faz gol, eu comemoro. Se a Suíça faz, comemoro também!": as palavras sinceras e diretas, ditas pela pequena Mariana, mostram um pouco do clima da família Bargetzi diante do confronto de domingo.

(Imagem: Dayvison Nunes / JC Imagem) (Imagem: Dayvison Nunes / JC Imagem)

Para este Brasil x Suíça, Maurício Lacerda declara sua preferência para que as camisas vermelhas saiam vencedoras: "Quero que levem os três pontos e a gente leve a taça. Ela precisa de moral, pois sabemos que o Brasil é muito mais forte e provavelmente vai ser cabeça de chave". Ana Carmem se encontra mais dividida e prefere o empate. Já Pedro, o avô, é mais tradicionalista e coloca toda a sua torcida no time de Neymar e companhia.

Ana Carmem e Maurício Lacerda vão assistir Brasil x Suíça em viagem para a Itália. Os pequenos e o avô ficam no Brasil e pretendem conferir o confronto no consulado suíço. Apesar do estereótipo de pessoas frias, a família garante que o clima dos suíços é quente na reunião que no Seu Boteco, a partir das 14h.

"O clima é bem legal. Tem àqueles suíços antigos, com aqueles bigodes. São muito comedidos, mas de vez em quando dão aquele grito alemão, é bem animado", conta Maurício. Logo o sogro interrompe sua fala e abre o jogo: "é uma gritaria", diz ele, rindo. "Eles torcem usando chocalhos de boi, e ficam agitando na mão. É o símbolo do pessoal dos Alpes", completa Pedro Bargetzi.

O futebol como forma de se expressar livremente

A Suíça é um país isolado por uma muralha natural formada por montanhas. Esse isolamento fez com que, muitas vezes, passasse pela história como um observador distante: permaneceu neutro pelas duas grandes guerras que mudaram o mundo e seu último conflito aberto aconteceu durante a invasão de Napoleão Bonaparte. A neutralidade e a paz são reflexo da personalidade suíça. Seus habitantes são, geralmente, comedidos em um nível que não se vê no Brasil.

"O silêncio é ensurdecedor, é lei federal. Eles não aceitam barulho, falam muito baixo. À noite, a luz diminui muito para não incomodar os vizinhos", aponta a família que, mesmo com a dupla nacionalidade, estranha essas normas sociais dos suíços.

Resultado de imagem para torcida suíça Torcida da Suíça (Imagem: Reprodução)

Mais incisivo, Maurício aponta: "As pessoas são muito sós. Quando as pessoas são visitadas, meio que se sentem incomodadas. As visitas tem horas pra chegar e sair. Não tem calor humano. É muito triste, pois no inverno as pessoas nem saem de casa. As pessoas não ficam na rua, se dedicam demais ao trabalho, os lugares fecham cedo".

Mas quando o assunto é futebol, as coisas mudam. Lacerda conta que o torcedor suíço se transforma quando está diante de uma partida do seu time ou seleção: "Eles são fanáticos. Existem torcidas organizadas, os estádios são sempre cheios. Nos jogos, eles se reúnem nos bares para assistir as partidas. E são loucos pelo futebol brasileiro".

Maurício ainda revela que estranhou o gosto suíço pelo esporte, que quebrou as barreiras do silêncio e introspecção que prevalecem na cultura local:

Na nossa lua de mel, eu estava trocando uns francos suíços em uma banco. Chegando lá, fui informado que a cédula não valia mais, pois estava ultrapassada. Ao saber que eu era brasileiro, ele se animou e disse que iria argumentar que eu era de fora. Ele conseguiu e ainda brincou comigo, dizendo 'essa Copa da França foi roubada'. Quando percebi, estava conversando com um bancário suíço sobre futebol e fizemos amizade"

Maurício Lacerda conta caso que lhe causou estranhamento na Suíça

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