Enquanto de um lado da muralha a realeza e seus funcionários estão se preparando para o casamento milionário entre o príncipe Harry e Meghan Markle, do outro vários sem-teto estão sendo alvo de ações que visam sua retirada das proximidades do Castelo de Windsor. De acordo com a CTV News, a presença de policiais e forças de segurança se tornou mais evidente perto das imediações e bloqueios de veículos já foram estabelecidos. O casamento real acontece nesse sábado (19).
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O veículo canadense aponta que não é difícil presenciar patrulhas policiais a pé e a cavalo na entrada do Castelo de Windsor e nas ruas próximas. Acredita-se que mais de de 100 mil pessoas cheguem na cidade para presenciar o casamento real e suas festividades fora do castelo. Para evitar que a caminhada dos turistas seja atrapalhada e "por questões de segurança", segundo alegam as autoridades, os agentes começaram a retirar das ruas bens dos sem-teto, como sacos de dormir.
Sem-teto nas ruas próximas ao castelo de Windsor (Imagem: PAUL ELLIS / AFP)
Além dos seus bens, as autoridades também estão querendo retirar os sem-teto das ruas. Eles, por sua vez, não querem sair dos seus pontos e perder a oportunidade de conseguir um trocado com os turistas que devem lotar Windsor. Ainda segundo a CTV News, o governo alocou um ônibus de dois andares para abrigá-los durante as festividades.
Os sem-teto não serão forçados a saírem das ruas. Mas de acordo com entrevista de um integrante do The Ark Project, Michael Longsmith, projeto que visa ajudar pessoas desabrigadas, os acontecimentos pré-casamento os deixarão desconfortáveis e podem acabar forçando sua saída
"Quando as multidões começarem a se formar eles podem ser pisoteados. Alguns deles podem acabar morrendo com o dinheiro que conseguirem", disse Longsmith em entrevista à CTV News. Ele teme que alguns deles gastem todo o dinheiro que conseguirem com drogas e acabem falecendo por overdose.
Moradia digna é um direito humano
Ter uma moradia digna é considerado, desde 1948, um direito fundamental pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. Como a ONU segue as diretrizes da declaração, os países que integram a Organização devem realizar ações para que esses direitos sejam realizados.
Número de sem-teto no Reino Unido subiu para 300 mil em 2017 (Imagem: Paul Ellis / AFP)
O Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte é um dos membros e deveria, assim, prover moradia para os necessitados. Apesar disso, parece só ter dado atenção e abrigo aos sem-teto pouco antes do casamento real.
O problema vai além das ações necessárias por causa da segurança dos sem-teto e da família real, pois é questionável a existência de pessoas desabrigadas em um país que assinou a Declaração Universal dos Direitos Humanos e atingiu o 5º maior PIB mundial em 2017 (de acordo com dados do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais). Nesse mesmo ano, segundo o Departamento de Comunidades e Governo Local do Reino Unido, o número de pessoas sem lar ultrapassou 300 mil.
