Foto: Dayvison Nunes / JC Imagem
Cervejas e queijos. Por que não? Assim perguntaram-se os sócios da cervejaria Ekäut, André Turton, Bruno Paes e Diogo Chiaradia, quando, na Semana Santa de 2016, em Gravatá, se viram servindo chopes ao lado de onde se degustava queijos da também pernambucana Campo da Serra. Um gole aqui, uma beliscada ali, e viram eles que a combinação era boa. Desde então, entre experimentações, a cervejaria e a queijaria têm procurado onde a bebida e a comida dão "It's a match", aquela expressão usada pelo Tinder para notificar quando dois se combinam.
O encontro que eles têm estimulado, entre a cerveja e o queijo, tem a ver com o lugar que as cervejarias artesanais almejam ocupar à mesa: o mesmo em que habita o vinho; dentro da gastronomia, na companhia não só de queijos, mas também de carnes e o que mais agregar.
Para comemorar a volta de Blumenau (SC) com medalha de bronze do Concurso Brasileiro de Cervejas, concedido à Extra Stout, a Ekäut brindou ao reconhecimento harmonizando seus oito rótulos com os tais queijos da Campo da Serra e carnes do Relaxa o Bigode, endereço da Zona Norte do Recife, especializado nos chopes da cervejaria e em nobres cortes grelhados, angus (bovino) e duroc pork (suíno).
Short rib duroc pork, do Relaxa o Bigode - Foto: Dayvison Nunes / JC Imagem
Como harmonizar?
Se você é de seguir guia, atente para três bases teóricas de harmonização sugeridas pelo beer sommelier da Ekäut Paulo Rodrigues. A primeira, por contraste, une bebida e prato com características diferentes – por exemplo, brie com Witbier, feita de trigo, casca de laranja, semente de coentro e flor de camomila. Na boca, o queijo de sabor forte e amargo acaba equilibrado pelas notas cítricas e adocicadas da cerveja.
Brie com Witbier e geleias a gosto - Foto: Dayvison Nunes / JC Imagem
Já a Coffee Stout junto a um tiramisú (leia-se queijo mascarpone), ou seja, café e lácteo, criaram um terceiro sabor, que é outra base teórica.
Coffee Stout com tiramisú, de mascarpone e com a cerveja na calda - Foto: Dayvison Nunes / JC Imagem
Do cardápio do Relaxa o Bigode, o t-bone, corte de contra-filé mais filé mignon, combinou com a premiada Extra Stout, cerveja de maltes de diferentes torras. “Há defumado no grelhado e na torra...”, compara o beer sommelier, entregando a última base de harmonização: por semelhança. A mesma cerva ficou bem acompanhada com um fondue de cabra (mistura dos queijos cabra da serra e pecorino) maçaricado...
Extra Stout mais t-bone, pimentões vermelhos e pão de campanha - Foto: Dayvison Nunes / JC Imagem
Extra Sout com fondue de cabra ao maçarico - Foto: Dayvison Nunes / JC Imagem
Outro corte da casa, o short rib duroc pork – um porco alto e com bom marmoreio (a gordura intramuscular), logo, suculento – saiu-se bem com a APA 1817. O frutado que tem esse estilo de cerveja, devido à alta concentração de lúpulo, dilui a gordura. É química que você pode testar.
A APA 1817 harmonizou "redondo" com o short rib duroc pork - Foto: Dayvison Nunes / JC Imagem
Relaxa o Bigode
Salão do Relaxa o Bigode - Foto: Thiago Freire / Divulgação
Aberto em janeiro, na Estrada das Ubaias, no bairro de Casa Forte, o Relaxa o Bigode se define como um grill & chop e é comandado por Alexandre Ramos mais Carlos Couto e Leonardo Siébra - os dois últimos vindos da publicidade. O trio leva quase todo o cardápio à grelha – das carnes aos acompanhamentos: alho-poró, brócolis, cebola, pão de campanha, pimentão vermelho... Em cada mesa, um tablet, com menu para ser acessado e pedido, num uso eficiente da tecnologia. Dois garçons revezam-se pelo salão, terraço e varanda, garantindo a interação. A decoração, com molduras e lambe-lambes nas paredes, e mesas de madeira e ferro, é clean e acolhedora. Uma antiga balança de prato, no salão, rouba a atenção na ambientação, que convida para bons brindes.