Campanhas contra o assédio surgem com força no Carnaval 2018

Anneliese Pires
Anneliese Pires
Publicado em 09/02/2018 às 16:58
Campanhas contra o assédio surgem com força no Carnaval 2018 (Foto: Reprodução/Rede Meu Recife)
Campanhas contra o assédio surgem com força no Carnaval 2018 (Foto: Reprodução/Rede Meu Recife)

Por Bianca Sousa

Com quatro dias de festa, o Carnaval é tempo de folia e muita diversão pelas ruas das cidades. Mas nem só de blocos ''vive'' a festa de Momo. Para o festejo ser completo, campanhas contra o assédio estão na ativa em vários locais da cidade. Seja no Recife, em Olinda ou qualquer outro polo carnavalesco, a conscientização é geral e se espalha para que a festa não acabe mais cedo pra ninguém.

Não só pelo feminismo, não só contra o machismo, mas a favor da liberdade de todos os gêneros; é assim que campanhas surgem contra atos ou palavras que oprimem e assustam quem quer curtir o Carnaval sem ser censurado.

A campanha #aconteceunocarnaval é uma dessas que lutam contra o assédio. Para dar voz à ação, foi preciso a junção de redes como Mete a Colher, Meu Recife, Women Friendly e várias outras. De acordo com os organizadores, o objetivo é não silenciar os casos de assédio sexual. Isabel Albuquerque, da Rede Meu Recife, conta que através da hashtag já foram recebidos mais de 100 relatos de assédio, mesmo antes do Carnaval começar oficialmente. Os blocos que antecedem as comemorações carnavalescas já começam a render registros de passadas de mão pelo corpo sem consentimento, "cantadas" maldosas e autoritárias, sem qualquer escrúpulo.

Isabel conta que no ano passado não havia registros de abuso sexual durante o Carnaval em nenhum órgão público, então, surgiu a ideia de criar uma plataforma online para coletar esses dados, contados pelas próprias vítimas. Além das ações na internet, a campanha também funciona offline; mensagens em cartazes são espalhadas pela cidade com a frase "Meu corpo não é folia de ninguém" para conscientizar quem as lê.

Sororidade

Fitinhas rosas também serão entregues no Recife e em Olinda com os dizeres "Sofreu assédio? Não fique calada! Conta pra gente pelo zap (81) 99140-5869 com a tag #AconteceuNoCarnaval". As fitas servem para identificar as mulheres dispostas a ajudar a outra que esteja passando por uma situação de abuso ou violência. Não só como identificação, as fitinhas também carregam um número de Whatsapp para qualquer uma entrar em contato e pedir ajuda ou instruções, caso tenha sofrido algum tipo de abuso.

De um tempo pra cá, as forças feministas ganharam mais voz e vez. Principalmente nas redes sociais, o termo "sororidade" se lê e se ouve bastante. Para deixar de ser apenas uma palavra lida em um post das redes, a sororidade precisa se tornar uma ação. "As fitinhas vão ajudar a ampliar o termo feminista 'sororidade', que significa empatia e apoio mútuo entre mulheres. Além de combater o assédio, a campanha pretende também estimular as mulheres a serem mais amigáveis umas com as outras", afirma Isabel, uma das organizadoras da campanha.

“O assédio começa depois do 'não'”

Outro movimento está estampado não só nas camisas dos foliões, mas também no corpo. A campanha “Não é não” veio do Rio de Janeiro e já chegou no solo nordestino, ganhando força entre os blocos; para conscientizar o público, além de cartazes nas paredes, a mensagem é reforçada com tatuagens distribuídas entre as mulheres que participam da folia. “A campanha é focada nas mulheres, para que entre a gente haja uma ajuda. Mas, sobretudo, é um aviso para os homens”, destaca Bella Valle, uma das diretoras do Bloco Essa Fada, organizado só por mulheres. “O assédio começa depois do 'não'. Teve uma paquera e a mulher disse 'não', vai curtir teu Carnaval”, conclui a militante.

O coletivo “Deixa ela em paz”, que atua não só no Carnaval, mas em todas as épocas do ano, levanta a bandeira da sororidade em todos os aspectos. A ação deste ano estampa as paredes da cidade com a frase “Quando uma mulher cuida uma da outra nenhuma está sozinha”.

Foto: Reprodução/Redes Sociais

A mensagem reforça a rede de apoio às mulheres durante o Carnaval e mesmo depois da folia. Em entrevista com o coletivo, as organizadoras contam que este é um impulsionamento ao empoderamento da mulher. “A gente não empodera, por que toda mulher já é empoderada, a gente só lembra que todas juntas podem mais”, relata a diretoria.

Foto: Reprodução/Redes Sociais

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