Outubro Rosa: amor e companheirismo na luta contra o câncer de mama

Anneliese Pires
Anneliese Pires
Publicado em 29/10/2017 às 11:00
Foto: Dayvison Nunes / JC Imagem
Foto: Dayvison Nunes / JC Imagem

Conhecido como o mês de prevenção e conscientização da luta contra o câncer de mama, o Outubro Rosa é marcado por encorajar as mulheres em seus exames periódicos e ajudar a quem está passando por tratamento.

Para continuar o especial com histórias de mulheres que enfrentam ou já enfrentaram a doença, o Social1 conta a história da monitora Márcia Maria Monteiro da Costa Nunardo, que há um ano foi diagnosticada com câncer de mama e encontrou no marido, Wedson Monteiro Nunardo, e na família, o amor e o companheirismo durante o processo do tratamento da doença.

Foto: Dayvison Nunes / JC Imagem

A descoberta

Casada há mais de dois anos com Wedson, Márcia se prepara para iniciar, na próxima semana, a radioterapia - nova fase do tratamento contra o câncer de mama. Aos 37 anos, a monitora se mostra forte e com muita vontade de vencer. A força e a vontade, segundo Márcia, são provenientes do amor que recebeu dos amigos, da família e do marido que estão por perto desde quando ela percebeu que havia algo errado no seio, em julho do ano passado.

“Eu vinha sentindo dores no ombro... Tomava anti-inflamatório, ia à emergência e tomava uma injeção. Mas eram só paliativos. A dor voltava! Não conseguia colocar o braço para trás porque doía. Meu marido me ajudava a fechar o sutiã porque eu já não conseguia. Até que fui tomar banho e senti uma parte da mama direita um pouco inchada, quando fui mexer, senti uma bolinha muito pequena”, contou.

Foto: Dayvison Nunes / JC Imagem

Na semana seguinte, Márcia foi à ginecologista. Durante o exame do toque, a médica percebeu outro caroço e solicitou a ultrassom, feita em agosto. Desta vez, o exame acusou um nódulo sólido. Em setembro, foi feita a punção. Em outubro, Márcia foi diagnosticada com câncer de mama.

“Quando o médico viu o resultado, falou que “tudo indica que você vai precisar fazer a retirada total da mama” e explicou sobre o tratamento. Saí arrasada do consultório. Só pensava na minha mãe. Como dizer para ela?”, disse.

Foto: Dayvison Nunes / JC Imagem

Reação

Atordoada, Márcia foi ao trabalho e deixou para conversar com o marido quando chegasse em casa. Forte, Wedson segurou a barra e permaneceu ao lado de Márcia. “Passou uma trajetória de todos os meus planejamentos. Lembrei da minha formatura, do meu casamento, olhei as fotos... Eu tinha 1 ano e cinco meses de casada. Tantos planos! Olhei minha casa, que consegui com tanto esforço, os detalhes... Aí, desabei”.

Família e amigos

Márcia contou como a família reagiu: "Quando contei o diagnóstico a ela, ela disse que já sabia - o irmão de Márcia havia contado - e que ia dar tudo certo, que a gente faria o tratamento. A reação do meu eu pai foi chorar bastante". Ela resolveu esperar para falar com os amigos:

"Quis me preparar para falar com meus amigos... Não atendia ninguém! Quando mandavam mensagem, eu não respondia. Só falei com eles quando me senti preparada. Quando liguei, eu só ouvia choro do outro lado", relembrou.

Foto: Dayvison Nunes / JC Imagem

Depois da cirurgia

Em maio, Márcia passou por uma cirurgia para a retirada da mama, no Hospital do Câncer. A quimioterapia era feita a cada 15 dias, na série vermelha, iniciada em dezembro.

“Eu tinha mais medo da cirurgia. Durante o tratamento, não vomitei, mas senti uma alteração no meu olfato. Muito sono. Frio. Minha imunidade nunca baixou. Corpo totalmente dolorido. Parei de menstruar e sentia muito calor, depois muito frio, como na menopausa”, contou. Em janeiro, a recifense resolveu raspar o cabelo.

“Meus amigos quiseram reviver a cena da novela ‘Laços de Família’, mas colocaram a música ‘Deu Onda'”, contou sorrindo. “Um filho de uma amiga falou “Tia Márcia, tá ficando bonito. Tu tás uma gracinha”.  Uma criança me fez sorrir num momento de tristeza”, relembrou.

Durante o tratamento

Enquanto encarava a quimioterapia, Márcia se manteve na ativa: “Nunca deixei de fazer nada. Sou católica, meu marido é evangélico, e isso nunca foi um problema para a gente. Com autorização do médico, viajamos para Fortaleza. Fomos ao Beatch Park e eu aproveitei mais do que uma criança. Desci em todos os tobogãs, os mais altos! Me deu uma coragem, uma vontade de aproveitar tudo! E foi ótimo".

Sem cabelo, ela quis saber do marido se haveria problema em ficar sem a touca: “Fiquei com receio e ele me falou “Eu não tenho vergonha de você. Se você não tiver problemas em tirar a touca, pode tirar, porque comigo não tem problema. Estamos aqui para viver, curtir o momento...” e eu saí lindamente, carequinha!!"

Momentos

O amor cura

O amor e o companheirismo de Wedson foram de extrema importância para Márcia. “Quando a mastologista disse que eu faria a mastectomia - retirada total da mama - eu tomei um susto, mas meu esposo nunca deixou que aquilo me afetasse. Ele colocava o espelho pra eu me ver, porque ele pensava que eu não ia querer me ver depois da cirurgia. Mas eu encarei na boa, até brinquei porque ia economizar uma grana bacana em escova progressiva e depilação. A gente ria junto!”

Durante o tratamento, Márcia se sentiu insegura em relação à sua aparência: “Quando comecei a série branca, caíram meus cílios e minha sobrancelha. E isso também me chocou. Eu me achei muito feia. E aí ele disse “você, pra mim, continua a mesma. Você continua linda, mesmo sem sobrancelha, mesmo sem cabelo, mesmo sem filho. Você é a mesma de antes e continua linda” e aí foi uma mudança muito grande na vida de casada”.

Foto: Dayvison Nunes / JC Imagem

“A medicação é muito forte, tira a sua libido. E nós, jovens, com pouco tempo de casados... Mas ele sempre me respeitou. Aí ele me disse que esperaria meu tempo e nunca me abandonou”, contou emocionada.

“Ele ia comigo para as consultas, desde a primeira quimioterapia, ele entrava na sala, pegava em minha mão, sem chorar na minha frente. Só passando força. Quando fiz a cirurgia, ele foi liberado do trabalho pela diretora da escola e ficou comigo o tempo todo no hospital. Minha cirurgia começou às 13h30 e terminou às 17h30. Quando me trouxeram na maca, dei de cara com ele. Ali eu tive a visão do casamento: na alegria, na tristeza, na saúde e na doença”, contou.

“Se me perguntar como e onde buscar forças para recomeçar, eu digo que primeiramente Deus. A fé é a base de tudo. Ele te fortalece e te dá forças. No dia da cirurgia eu tremia tanto! E a enfermeira falou que eu precisava me acalmar. E eu dizia “meu Deus, me carrega nos teus braços, me põe no teu colo e tira esse nervosismo de mim”. E aí eu senti um balanço, como quando te colocam no braço...  Eu sou católica e pedi “minha mãe, me cobre com teu manto” e senti que me esquentou. Entrei no bloco cirúrgico tranquila", disse Márcia.

Com a palavra, Wedson

Foto: Dayvison Nunes / JC Imagem

Sempre citado por Márcia como seu porto seguro, Wedson falou sobre a descoberta do câncer de mama que acometeu a esposa: “No começo foi difícil para mim, porque estávamos no início do casamento, estávamos começando a viver nossa vida a dois, com sonhos e projetos. Mas busquei sabedoria em Deus. Ele foi me norteando para saber como agir diante dessa situação”.

“Tinha dias que não sabia o que fazer, mas como esposo, amigo e companheiro, apoiei, fiquei do lado, dei atenção... Fizemos um compromisso no altar. Eu a amo muito. Ela foi a pessoa que Deus colocou na minha vida e me deixou cuidar dela”, contou.

Foto: Jornal do Commercio

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