Semana Farroupilha celebra tradições gaúchas; conheça

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 15/09/2017 às 8:00
Acampamento Farroupilha - Fotos: Romero Rafael
Acampamento Farroupilha - Fotos: Romero Rafael

Porto Alegre - Todo setembro, no Rio Grande do Sul inteiro, é celebrada a Revolução Farroupilha. Na capital, Porto Alegre, famílias transferem-se de mala e cuia para o Parque Harmonia, no centro da cidade, onde é montado o Acampamento da Semana Farroupilha. A festividade, mantida pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), é a mais popular do estado, superando o Carnaval. Dura, oficialmente, sete dias, de 14 a 20; embora há quem fique por lá bem mais tempo, numa programação extra-oficial, que neste ano começou no feriado da Independência.

À primeira vista, para visitantes não familiarizados com o 'gauchez', o Acampamento Farroupilha do Parque Harmonia parece uma grande vila cenográfica. E é, até certo ponto, afinal, os piquetes são reproduções dos barracos que abrigavam os farrapos da Revolução, que estourou em 1835 e se estendeu até 1845. Por outro lado, a imersão que os gaúchos ali fazem, na própria história e cultura, não é encenação, e sim vivência. É mais do que simbólico, é algo que se vive, em pleno 2017.

De fato, as pessoas que para lá se transferem nesta época do ano (é comum, inclusive, tiraram férias do trabalho nessa época) vivem segundo a tradição sul-rio-grandense. Dá-lhe música gaúcha! É só o que toca a Rádio Liberdade, revezando a programação musical local com notícias, nas 24 horas do dia. À noite, shows com atrações do Rio Grande do Sul, como a Família Lima e uma porção generosa de nomes desconhecidos no resto do Brasil. Dado interessante: tem artista de lá que chega a vender cerca de 150 mil CDs no próprio estado.

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Andando pelas ruelas de piquetes, meninas vestidas como prendas (no gif acima), mulheres com saias amplas, homens com looks caprichados por lenço no pescoço mais bombacha, a calça larga que é abotoada no tornozelo, além de ponchos para todos os gêneros. E muita costela desmanchando-se ao fogo de chão por horas... Quanta carne!

O gaúcho na foto abaixo mostrou orgulhoso a este repórter, pelo celular, fotos de uma churrascada devorada horas antes. A gaúcha, ao lado dele na montagem, ofereceu chimarrão. Nota: eles são simpaticíssimos e acolhedores.

Os rústicos piquetes são feitos de madeira, ou então de taipa. Por fora, além do nome acima da porta, com algum símbolo, há sempre as bandeiras do Brasil e do Rio Grande do Sul flamulando. Dentro deles, utensílios que atravessaram o tempo, como conjuntos de xícaras de ágata, bules, facas... Alguns sediam bailes.

Neste ano, são cerca de 350 piquetes, além da reprodução da casa de Giuseppe Garibaldi, um dos líderes da Revolução Farroupilha. No casebre é resgatado outro detalhe da história: o jornal O Povo, periódico oficial da República Riograndense, que tinha a casa de Garibaldi como redação. Numa ação da Schin, patrocinadora da Semana Farroupilha, O Povo voltou a ser editado, ganhando 14 números, distribuídos diariamente no Acampamento e em bancas de Porto Alegre.

Na edição de 12 de setembro, quando estivemos lá, lia-se uma matéria sobre "os farrapos de hoje", com Oberon Dalbar, do piquete Maragatos, fundado em 2001, que desenvolve um trabalho sobre chimarrão. Já na seção Lendas Gaúchas, a Salamanca do Jarau, também conhecida por Teiniaguá, personagem de Juliana Paes na minissérie da Globo A Casa das Sete Mulheres (2003). Quem assistiu e for ao Acampamento vai se sentir um pouco na cidade cenográfica da minissérie. Embora, como falado acima, ali é tudo verdade e situado no hoje.

*Repórter viajou a convite da Heineken Brasil, que patrocina a Semana Farroupilha com a marca Schin

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