Peça dirigida por Jô Soares traz Freud e Dalí ao Teatro RioMar

Anneliese Pires
Anneliese Pires
Publicado em 13/06/2017 às 11:20
Fotos: Erik Almeida/divulgação
Fotos: Erik Almeida/divulgação

O espetáculo "Histeria", dirigida por Jô Soares, chega ao Recife dias 8 e 9 de julho, para sessões no Teatro RioMar. “Um encontro entre Freud e Dalí, realmente, só poderia terminar em uma imensa histeria”, brinca Jô, que completa 59 anos de trajetória artística e mergulhou no relacionamento improvável entre o pai da psicanálise e o mestre do surrealismo para dar forma à comédia, do autor britânico Terry Johnson.

O espetáculo, escrito em 1933, marca o retorno de Jô Soares à direção teatral, após quase três anos.  No elenco estão Norival Rizzo, interpretando Freud; Cassio Scapin, como Salvador Dalí; Érica Montanheiro, vivendo uma misteriosa mulher, e Milton Levy, como Yarruda, um médico judeu. O ator Rubens Caribé poderá substituir Cassio em algumas sessões. Há ingressos à venda a partir de R$ 40 (serviço abaixo) – a realização local é da Art Rec Produções.

Ambientada na Londres de 1938, a comédia promove a junção entre a psique humana e o delírio imaginário, quando Sigmund Freud é visitado em seu consultório pelo pintor Salvador Dalí. “Achei que era uma fantasia da cabeça do autor, mas é tudo baseado em fatos. Poucos sabem da conexão entre essas duas personalidades”, relata Jô, que conheceu o texto na montagem dirigida por John Malkovich, em Paris, e logo correu atrás da compra dos direitos.

Na trama, Freud, já perto da morte, acabara de escapar da Europa nazista. Perturbado, é visto em situações comicamente atrapalhadas, para o encanto do mestre surrealista, que conclui: “O que Dali vê apenas em sonhos, você vive na realidade”. Numa das sequências mais absurdas, Freud encontra-se segurando uma bicicleta coberta por caramujos, com uma das mãos presa dentro de uma galocha e com a cabeça enfaixada numa espécie de turbante. Entre diálogos inteligentes, situações farsescas, ritmo frenético e até alucinações, surge uma das “encruzilhadas” do texto: retirar a essência do mito é minar o fundamento da fé? Um espetáculo que transpira psicanálise, a começar pela cenografia de Chris Aizner e Nilton Aizner, que faz referência ao consultório de Freud, passando por seus casos e algumas de suas teorias, que são questionadas pelos outros personagens. Há também um trabalho de projeção, idealizado por André Grynwask e Pri Argoud, apropriado como o delírio do psicanalista; além da trilha sonora original de Ricardo Severo.

Ficção inspirada em fatos reais, “Histeria” promove um dos maiores encontros do século passado. “O texto é muito bem escrito, há mudanças de gênero, uma hora é comédia, outra vaudeville, drama, além de retratar duas figuras icônicas. Me encantei desde o começo, quando Jô me chamou para produzir”, conta Rodrigo Velloni, que também realizou “Atreva-se”, outro sucesso dirigido por Jô Soares.

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