Emoção e "Fora Temer" na peça com Lázaro Ramos e Taís Araújo sobre Martin Luther King: "Grito junto!", disse ator

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 30/04/2017 às 13:45
Lázaro Ramos e Taís Araújo ao fim do espetáculo "O Topo da Montanha", no Teatro Guararapes - Foto: reprodução do Instagram
Lázaro Ramos e Taís Araújo ao fim do espetáculo "O Topo da Montanha", no Teatro Guararapes - Foto: reprodução do Instagram

Há muito não se via o Teatro Guararapes tão movimentado quanto esteve na noite de sábado (29) para a peça O Topo da Montanha, com Lázaro Ramos e Taís Araújo. Houve fila pra comprar ingresso, trocar, entrar no teatro... A vivacidade de um público diverso e ávido, e, sobretudo, o espetáculo recompensaram. Quisera mais gente tivesse podido ir! Em cena, dois atores negros dos mais graúdos da TV brasileira, que furaram o cerco da branquidade nos papéis principais da teledramaturgia, interpretando Martin Luther King - um dos líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos EUA - e uma camareira do hotel onde ele foi morto, personagem ficcional, que se conhecem na noite anterior ao assassinato.

Antes do espetáculo, um "Fora Temer!" foi gritado e aderido em coro pela plateia, que reunia, mais do que normalmente, turbantes e black powers. Na peça de Katori Hall, Luther King está em Memphis, Tennessee, no início de abril de 1968, envolvido na greve dos trabalhadores de limpeza urbana. Na interação com a camareira critica a atuação de jovens negros extremistas que saquearam lojas em marcha puxada por ele - logo ele, que pregava o discurso do amor e da não-violência. Mude geografia, tempo, causa e terá um esqueleto para a história atual.

No recorte da peça, Martin Luther King está abatido, cansado das lutas e pouco crente em dias melhores. Não sabe mais o que falar em seus sermões, mas também teme a morte por ainda haver muito a fazer e falar. A fragilidade do MLK cênico humaniza o presbítero tornado herói.

Ao fim do espetáculo, Lázaro e Taís pregam que cada espectador deve "passar o bastão" adiante, no sentido de que, após Luther King, outros tantos vieram e continuaram o sonho dele, que dura até hoje, por igualdade e direitos humanos respeitados. "Momento de luta... Grito junto, claro!", disse Lázaro, com voz embargada, após mais um "Fora Temer!" dito em coro pela plateia, emocionado pelo teatro lotado, plateia e balcão. "Essa peça fala sobre afeto, respeito e coragem nesse momento de ódio", continuou o ator, que, ali, era mais um a levar pra frente o sonho de Luther King.

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