Sobre José Mayer, Maitê Proença fala de envelhecimento do galã e analisa meio artístico: "É mais permissivo que outros"

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 09/04/2017 às 12:41
Maitê Proença - Foto: Divulgação
Maitê Proença - Foto: Divulgação

A atriz Maitê Proença publicou no Facebook texto em que analisa o caso José Mayer, a denúncia de abuso sexual contra o ator feita pela figurinista Susllem Tonani. Maitê, que não tem mais vínculo com a Globo, começa o texto falando que gosta do ator, de quem é amiga, mas que condena o que ele fez; fala de abuso de poder por parte dele, ao colocar que usou da sua posição, de galã de sucesso, para atacar a jovem figurinista contratada pela Globo, por obra, como assistente.

Maitê sugere que a atitude de José Mayer tenha raiz na constatação de que está envelhecendo e perdendo seu apelo junto às mulheres. "Talvez o Zé tenha se movido, não por um condicionamento de sua 'geração machista', como disse - porque outros de sua geração não agem desta forma -, mas sim por sentir que esteja perdendo o apelo do galã desejado por todas, jovens e maduras. Talvez esteja internamente enraivecido com essa traição do tempo, de que nem os galãs se safam. Foi descontar na juventude da menina e fez feio".

A atriz ainda fez ponderações sobre a construção da moral brasileira e o meio artístico para analisar assédio. "Como tudo nessa era da histeria midiática, há exageros. Temos que situar os fatos. Nós não estamos nos EUA, aquele país construído por Pilgrims e Quakers puritanos. Aqui a construção da moral foi outra. A moça passa na obra, os rapazes gritam gostosa, ela ri e rebola ainda mais. Tira de letra! Além disso, o meio artístico é mais permissivo que outros. Quem entra ali tem que ser casca grossa. Ali a moça escuta e dá o troco com graça ou com tapa, mas se vira. Tem que haver um grau de tolerância, ou a vida fica rígida e chata".

Leia o texto na íntegra:

Zé Mayer é meu amigo, eu gosto dele e é muito ruim ver os amigos sendo achincalhados. Esta história toda não cola na imagem que fiz dele ao longo de mais de 35 anos. Mas Zé confirmou e pediu desculpas. Não basta evidentemente. Não se bota a mão ali e nem se chama alguém de vaca publicamente. É inadmissível e nada justifica. Tampouco se deve usar da posição para encurralar quem tem menos poder, notoriedade, estabilidade profissional, e tudo o que envolve um ator-galã de sucesso. Mas justamente, talvez o Zé tenha se movido, não por um condicionamento de sua “geração machista”, como disse - porque outros de sua geração não agem desta forma -, mas sim por sentir que esteja perdendo o apelo do galã desejado por todas, jovens e maduras. Talvez esteja internamente enraivecido com essa traição do tempo, de que nem os galãs se safam. Foi descontar na juventude da menina e fez feio.

Agora, como tudo nessa era da histeria midiática, há exageros. Temos que situar os fatos. Nós não estamos nos EUA, aquele país construído por Pilgrims e Quakers puritanos. Aqui a construção da moral foi outra. A moça passa na obra, os rapazes gritam gostosa, ela ri e rebola ainda mais. Tira de letra!

Além disso, o meio artístico é mais permissivo que outros. Quem entra ali tem que ser casca grossa. Ali a moça escuta e dá o troco com graça ou com tapa, mas se vira. Tem que haver um grau de tolerância, ou a vida fica rígida e chata.

Acontece que às vezes, e essa parece ser uma delas infelizmente, a moça engole por medo de perder o emprego, de perder o salário ou a chance de aprender e evoluir, até que um dia não consegue mais. O agressor atravessou tanto a linha proibida, que vale a pena pra moça colocar tudo a perder.

Não deu mais pra moça aguentar Zé.

Maitê Proença

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