Conheça termos pernambucanos para curtir o Carnaval do Recife e Olinda

Mirella Martins
Mirella Martins
Publicado em 21/02/2017 às 21:01
Foto: Bernardo Soares/Acervo JC Imagem FOTO:

Sem arrodeio, o Carnaval de Pernambuco tem muito furdunço. Entendeu? Caso não, certamente você não tem familiaridade com os termos bastante usados pelos pernambucanos. São inúmeras expressões que, faladas com o sotaque típico do Estado, tornam-se únicas. O Social1 preparou um glossário especial para aqueles que vão curtir a folia pernambucana e não quer ficar perdido quando ouvir alguma palavra inusitada. Confira:

A

ALTO DA SÉ – Ponto turístico mais visitado de Olinda, é o mais alto da cidade, com barraquinhas, lojas de artesanato e tapioqueiras.

ARRODEIO – O mesmo que ‘rodeio’. Em Pernambuco, é muito usado como sinônimo de algo prolixo, com muita delonga, ou simplesmente como volta. Exemplos: “Deixe de arrodeio, fale logo” e “Arrodeie a casa”.

AXÉ (A BEBIDA) – É consumida como energético. Na composição, entram mais de vinte ervas, além de cachaça.


B

BONECOS GIGANTES – Considerados uma atração à parte do Carnaval de Olinda, são bonecos de mais de três metros vestidos por um brincante e que costumam enfeitar – ou até dar nome – a blocos, arrastando multidões pelas ladeiras da Cidade Alta. O mais famoso é o Homem da Meia-Noite.

BOY MAGIA – Termo para homem bonito.

BOYZINHA(O) – Gíria para garota e garoto, geralmente com relação a alguém em que se está interessado.

BURUÇU – O mesmo que confusão, tumulto.


C

CABOCLINHOS – As tribos de caboclinhos desfilam no Centro do Recife e em vários bairros da periferia ao som inconfundível do estalido provocado pela seta contra o arco, com seus estandartes esvoaçantes e a beleza de suas fantasias. A manifestação é de origem indígena.

CABOCLO DE LANÇA – É um dos principais personagens do Maracatu Rural ou de Baque Solto. O colorido das suas roupas, principalmente das golas bordadas com coloridas lantejoulas, encantam os turistas. Outro destaque é o chapéu de palha, que é ornado de fitas multicoloridas de papel celofane. O chapéu traz a cor representativa do guia espiritual do caboclo: vermelho (Xangô), amarelo (Oxum) ou azul (Iansã).

CAFUÇU E RARIÚ – A definição carnavalesca segue o conceito da troça I Love Cafusú, que muda até a grafia do termo. Para ser "cafusú", os foliões geralmente incorporam personagens de frentista, gari e caminhoneiro. Mas ele também pode seguir a linha do cafetão e do cara brega. Para as mulheres, as rariús, a denominação é ainda mais complexa. A inspiração vem das periguetes, num figurino de muito decote e saias curtíssimas ou como aquela moça que usa pochete e sai de casa com o abadá do Carnaval passado acreditando arrasar.

CAIPORAS – Figuras pitorescas do Carnaval de Pesqueira, no Agreste de Pernambuco. Os foliões vestem enormes sacos de estopa e paletós coloridos.

CAIS DA ALFÂNDEGA – Área do Bairro do Recife que abriga o Shopping Paço Alfândega e o palco Rec Beat.

CARETA – Figuras típicas do carnaval de Triunfo, no Sertão de Pernambuco. Existem há mais de 90 anos e os agrupamentos são conhecidos como ‘trecas’.

CATRAIAS – Homens que se vestem de mulher no Carnaval, assim como as “virgens”. Também é o nome de um famoso bloco em Candeias, em Jaboatão dos Guararapes.

CATUABA – Planta utilizada como energético e, dizem, afrodisíaca. É vendida misturada com amendoim, xarope de glicose e guaraná.


F

FRANGO, FRESCO OU BAITOLA – Termo pejorativo para homossexual. Lembrando que homofobia é crime, viu?

FREVO – Principal ritmo do Carnaval pernambucano. Surgiu nas ruas do Recife nos fins do século 19. Orquestra com predominância de metais. Na hora que tocar o tradicional Vassourinhas, pule, mesmo que não saiba frevar – até para não ter os pés pisoteados.

FREVO DE BLOCO – A orquestra é composta de violões, banjos, cavaquinhos, clarinete, além do coral integrado por mulheres. Geralmente os blocos com esse tipo de frevo são compostos por pessoas mais velhas.

FREVO DE RUA – É o mais fácil de identificar por ser acelerado e ter ausência de letra, pois é feito unicamente para ser dançado.

FREVO-CANÇÃO – Possui uma parte introdutória e outra cantada (letra).

FURDUNÇO – O mesmo que ‘multidão’.


G

GALEGA – Mulher loira.

GALO DA MADRUGADA – Ainda hoje é considerado o maior bloco carnavalesco de rua do mundo. Desfila na manhã do Sábado de Zé Pereira pelas ruas do Centro do Recife, com uma multidão de mais de um milhão de foliões.


J

JURUBEBA – Bebida alcoólica feita com uma planta chamada jurubeba (Solanum paniculatum). Pode ser encontrada misturada com outras bebidas.


L

LOLÓ – Droga ilícita de preparo clandestino e caseiro, à base de álcool etílico ou benzina, clorofórmio e éter. Também chamado de ‘sucesso’ ou ‘L.O’. Uma espécie de prima pobre do lança-perfume.


M

MANGUE BEAT – Movimento que surgiu no Recife e que mistura ritmos regionais, como o maracatu, frevo, ciranda e coco, com rock, hip hop, funk e música eletrônica. Apesar de ter surgido na década de 70 com o guitarrista Robertinho de Recife, o Mangue beat tem como ícone o músico Chico Science, ex-vocalista da banda Chico Science e Nação Zumbi, que faleceu em 1991 e até hoje é adorado pelos pernambucanos.

MARACATU NAÇÃO OU DE BAQUE VIRADO – Manifestação cultural baseada em elementos religiosos e profanos das antigas festas coloniais de Coroação dos Reis Negros. O desfile é uma grande cerimônia de coroação, da rainha e do rei, que são acompanhados pela corte.

MARACATU RURAL OU DE BAQUE SOLTO – Manifestação cultural formada por trabalhadores das lavouras de cana-de-açúcar da Zona da Mata que assumem os personagens Mateus, Catirina, burrinha, babau, caçador, um baianal, damas de buquê, dama do paço, calungas, caboclos de lança. Já a orquestra conta com caixa, surdo, gongué, cuíca ou porca, trombone e piston.

MARCO ZERO – É o local onde o Recife ‘nasceu’ e serve como ponto inicial das estradas de Pernambuco. Rodeado por prédios históricos e pelo Rio Capibaribe, é um dos lugares mais bonitos do Bairro do Recife. Durante o Carnaval, o Marco Zero se transforma no principal polo de animação da cidade, onde se apresentam várias agremiações e artistas renomados.

MERCADO DA RIBEIRA – Tradicional ponto de referência no Carnaval de Olinda. Fica na Cidade Alta, na Rua Bernardo Vieira de Melo, e é bastante frequentado pela turma mais jovem.

MUNDIÇA – Pessoa de “baixo nível”, barraqueira.


N

NOITE DOS TAMBORES SILENCIOSOS – É a reunião dos maracatus de tradição de Baque Virado ou Nação. Os batuques começam por volta das 20h e, à meia-noite, os tambores param para louvor.


P

PAPANGU – Tradição centenária do Carnaval do município de Bezerros, no Agreste de Pernambuco, que surgiu em 1881, nos engenhos de cana-de-açúcar. Os senhores de engenho saíam pelas ruas mascarados e mal vestidos para visitar amigos nas festas de entrudo – antigo carnaval do século 19. Eles eram recebidos pelos amigos com angu (comida típica do Nordeste). Foi aí que as crianças passaram a chamar os mascarados de ‘papa-angu’. Hoje eles são as principal atração do Carnaval de Bezerros.

PAU DO ÍNDIO – Bebida artesanal feita à base de cachaça e de alto teor alcoólico. Muito consumida nas ladeiras de Olinda, é feita com raízes, ervas aromáticas e xarope de guaraná.

PIRANGAGEM – O ato de ser ‘sovina’, ‘pão-duro’. Originou o adjetivo ‘pirangueiro’.

PIRRAIA – Termo popular para ‘criança’. Pode também ser gíria para ‘gatinha’, ‘namorada’.

PITOCA – Nome popular para pênis. Em Olinda, pode batizar alguma bebida caseira. O mesmo que ‘peia’, ‘bilola’, ‘pau’.

PRONTO – Interjeição muito usada pelo pernambucano como forma de reforçar o que foi dito. Pode ser usado em quase todas as situações. ‘Tu vais pra Olinda, certo? Pronto’.


Q

QUATRO CANTOS – Ponto turístico de Olinda conhecido por seu casario. No Carnaval, é um dos locais mais movimentados e espaço por onde passa a maioria dos blocos.


R

RECIFE ANTIGO – É um dos locais mais bonitos da capital pernambucana. Durante o Carnaval, se transforma em um gigantesco polo de folia. Além dos palcos onde se apresentam artistas locais e nacionais, o Recife Antigo recebe a alegria e diversidade dos blocos líricos, maracatus, caboclinhos etc.

RETETÉU – Mistura de diversas comidas, geralmente restos, sem forma e sabor definidos.

RUA DA MOEDA – Famosa rua do Bairro do Recife, com bares e restaurantes. Durante o Carnaval é palco de apresentações.

RUA DO BOM JESUS – Uma das mais famosas ruas do Recife Antigo; fica próxima ao Marco Zero num extremo e, no outro, ao palco armado na Praça do Arsenal. O local é frequentado por pessoas de todas as idades.


T

TABACUDO – Termo para pessoa otária, sem noção, babaca, imbecil, abobalhado, bobo, desinformado. Muitos usam a derivação ‘tabaréu’.

TAPIOCA – Comida típica feita à base de mandioca. Muito comum em Olinda.

TROÇA – São pequenas agremiações que geralmente possuem uma menor estrutura do que os blocos e geralmente são organizadas por um grupo de amigos.

TROMBADINHA – Nome usado para meninos que praticam pequenos furtos.


V

VACA ATOLADA – Prato vendido em barraquinhas típicas feito com macaxeira cozida e carne bovina, charque e verduras. Mais comum no Recife Antigo.

VASSOURINHAS – A Marcha n° 1 do Vassourinhas, de Matias da Rocha e Joana Batista, é considerada um hino do Carnaval pernambucano.

VIRGENS – Homem que se veste de mulher. São comuns nas prévias em Olinda, como a ‘Virgens do Bairro Novo’

VUCO-VUCO – O mesmo que multidão.


X

XEXEIRO – Pessoa devedora e/ou que não gosta de pagar dívidas em dinheiro.

XOXOTA – Nome popular para vagina. Serve também como nome de bebida caseira feita à base de aguardente, como ‘Xoxota da Índia’.


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