Caboclinho Carijó: homenageado do Carnaval e situação financeira braba

Mirella Martins
Mirella Martins
Publicado em 16/01/2017 às 12:10
Caboclinhos Carijós: homenageado do Carnaval 2017
Caboclinhos Carijós: homenageado do Carnaval 2017

O caboclinho é uma dança folclórica de tradição indígena, típica do Carnaval pernambucano. Este ano, um dos homenageados por Recife será o grupo Carijó, que completou 120 anos de existência, sendo o mais antigo do Estado e que hoje conta com cerca de 200 integrantes desfilando no Carnaval.

Fundado em 1896 pelo estivador Antônio da Costa, são dois hexacampeonatos nas competições de agremiações carnavalescas e chegou até a fazer apresentações internacionais. E, podem acreditar, o grupo já chegou a parar durante 13 anos, retomando apenas em 2011 sob a guia de Jefferson Nagô, que lidera o grupo atualmente.

“Eu recebi uma mensagem do próprio caboclo carijós pedindo que eu retornasse com o grupo para mostrar a beleza, a originalidade e a ancestralidade da nossa cultura indígena. Para mim foi um orgulho e um desafio muito grande, eu um jovem de apenas 26 anos assumindo uma tribo de 120 anos”, relembra Jefferson.

O caboclo Carijó, que dá nome ao grupo, é um ser milenar, originário das matas do Rio Grande do Sul e tem como principais características ser um guerreiro caçador de muita força, além de possuidor de muita ciência e de uma espiritualidade muito forte. “É por isso que ele é nosso patrono”, afirma Nagô.

A homenagem no Carnaval 2017 de Recife, que também contempla o cantor local Almir Rouche, deve ser visto como uma forma de colocar a cultura do caboclinho em evidência. “Fomos pegos de surpresa, mas foi um orgulho muito grande, uma satisfação imensa. Acredito que essa homenagem vai dar mais visibilidade, mais força pros participantes. É muito gratificante participar de um grupo e ele ser reconhecido sendo homenageado”, comenta Nagô.

A honraria vem em boa hora já que o conjunto se sustenta com dificuldade financeiras. “A tribo já vem há um certo tempo sem conseguir se manter totalmente com a ajuda de custo que a prefeitura dá durante o período carnavalesco. Não é fácil colocar 200 pessoas na rua com nossos figurinos que são bastante caros. Mas a gente que faz por amor vai se apertando, fazendo arrecadação na comunidade, tudo para colocar a agremiação na rua. A gente vai em busca de dar o melhor para nossa cultura”, expõe Jefferson.

O mérito do grupo vem logo após a expressão cultural dos caboclinhos ter ganhado o título de Patrimônio Imaterial do Brasil. “Esse título é um mérito pela nossa história e pela nossa cultura, é algo que já merecíamos há muitos anos e vai abrir as portas pra outras coisas com certeza. Para nós que fazemos a cultura indígena e popular, esse título irá nos fortalecer a ir em busca de nossos objetivos, trabalhando em cima dele para que a gente possa resgatar projetos que ajudem a nossa comunidade. É importante para conseguirmos espaço em locais que precisamos e não temos ainda”, afirma.

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